All the things I would never do

Get closer to my dad

Naquele dia, Jihoon fazia aniversário e tínhamos combinado de passar o dia todo no shopping com ele para comemorarmos, mas imprevistos ocorrem de vez em quando. 

Era para gente se encontrar lá às 13:30, mas eu sou daquele tipo de pessoa que marca o compromisso e acaba esquecendo ou perdendo o controle no horário e me atrasando. 

Era meio-dia e eu estava pleníssimo dormindo e sonhando com algo estranho, aproveitando que naquela quinta-feira era conselho de classe e eu podia dormir até a hora que eu quisesse, também contando com o fato de que minha mãe trabalhava o dia todo e eu achei que estava sozinho. Mas essa ilusão durou pouco, no caso só até a campainha soar alta pela casa toda e me acordar com um susto. 

Eu nem me lembrava que naquele dia meu pai estava de folga, mas foi ele quem atendeu, então eu fui tomar um banho rápido antes de comer. 

Sem pressa alguma, me troquei e enrolei uns bons minutos antes de descer e me deparar com a cena de Chwe Hansol encostado no balcão da minha cozinha enquanto meu pai passava café e eles estavam conversando sobre algo muito interessante, já que era visível de longe o interesse de ambos pelo assunto. Quase que me belisquei achando que podia estar dormindo ainda e sonhando, mas não estava. Meu pai se virou para colocar a garrafa de café na mesa e me viu no pé da escada. 

ㅡ Nossa, achei que não ia acordar nunca ㅡ  ele disse irônico e sentou-se à mesa, acenando com a mão para que eu e Hansol sentássemos também. Ele acatou ao pedido e se sentou ao lado do meu pai. ㅡ  Vocês precisam comer antes de ir, nem que seja só um pouco. 

ㅡ Mas estamos saindo justamente para comer, pai ㅡ digo rindo, mas já me sentando com eles e pegando um pãozinho e faca. 

Vi Hansol se esticando para pegar uma xícara que estava perto de mim, então a peguei e o entreguei, ele agradeceu e começamos a comer normalmente, como se nada estivesse fora do comum. 

Só depois depois de dar a primeira mordida no lanche que minha ficha caiu: eu estava tomando café da manhã com meu pai e com o Hansol. Dois fenômenos juntos, meu pai e eu passando mais do que dez minutos no mesmo ambiente e Chwe Hansol na minha casa, comendo conosco. 

ㅡ Eu 'tô muito atrasado? — perguntei para confirmar e Hansol riu. 

ㅡ Ainda não, por quê? ㅡ Hansol respondeu e me senti mais aliviado, mas não menos confuso. 

ㅡ Por que você veio pra cá tão cedo, então? ㅡ Não quis soar tão grosso, mas acabei parecendo estranho e me desesperei ao tentar consertar. ㅡ N-não que você esteja incomodando, mas é que eu acordei agora e não sabia que você vinha e te deixei esperando ㅡ ele riu do meu nervosismo e negou com a cabeça como quem diz “não tem problema”, ainda com a boca cheia para dizer algo. 

Não reparei muito naquele dia, mas hoje percebo melhor as atitudes do meu pai. Ele apenas via nossas interações e ouvia tudo quieto, às vezes abaixava a cabeça para não se intrometer. Até cheguei a pensar que ele poderia estar bravo e ter a mesma opinião da minha mãe sobre Hansol, mas era diferente.

 Ele sorria. 

ㅡ Jeonghan avisou que você iria se atrasar e me pediu pra vir te chamar um pouco antes, ainda bem que eu vim, né ㅡ Hansol finalmente explicou o que tinha acontecido, rindo ao concluir e me permiti concordar e rir também, envergonhado pois nem acordado eu estava quando ele chegou. 

O silêncio após isso se fez presente devido ao café caprichado posto à mesa, estava tudo tão bom que mal dava vontade de sair de lá. Mas em algum momento Hansol puxou conversa de algo aleatório e meu pai entrou no embalo, o que levou à outros muitos assuntos e, por incrível que pareça, aquele foi a primeira vez que vi meu pai como um amigo, como um cara engraçado e barulhento, e não aquele cara cansado, que não fazia questão de passar tanto tempo com a família, ou aquele que não queria sair da cama há uns anos atrás.