Moro em Jeju desde os meus seis anos de idade e já rodei essa ilha de fora a fora, então achei que conhecia esse lugar como a palma da minha mão. Eu achava, pelo menos, apenas para um cara que passou boa parte da vida na América e outra parte em outra cidade chegar aqui e mostrar que, de fato, eu ainda tinha um pouco mais pra conhecer.
Quando Hansol saiu do castigo, em plena quarta-feira depois da escola, me mandou uma mensagem perguntando se podíamos sair e que era pra mim ir com roupas confortáveis e uma camisa velha, se possível.
Estranhei, obviamente.
ㅡ Escuta aqui, se for pra esconder um corpo, você precisa dizer pra eu me preparar mentalmente ㅡ respondi e ouvi ele rindo do outro lado da linha.
ㅡ Não tem corpo nenhum, besta, mas ainda é uma surpresa e eu garanto que vai gostar, Seungkwannie.
Mesmo desconfiado, me troquei, avisei à minha mãe que iria sair e fiquei esperando uns 10 minutos no mesmo ponto de ônibus de sempre, aguardando também pra saber qual seria a loucura da vez.
Com uma das roupas engraçadas e coloridas que ele sempre veste e, por algum milagre, sem um boné, touca ou chapéu, Hansol apareceu com uma garrafa d'água em mãos e a mesma expressão arteira no rosto de todas as vezes em que iria aprontar.
ㅡ Devo ficar com medo? ㅡ perguntei assim que nos separamos de um abraço e ele riu. Estava realmente animado e acho que já disse que isso me preocupa às vezes. ㅡAchou outro casamento pra gente entrar de penetra?
ㅡ Encontrei um lugar ainda melhor, vamos? ㅡ ainda fazendo suspense e sem revidar com mais sarcasmo - o que me assustou mais ainda -, estendeu a mão e a segurei, mesmo desconfiado. Nem sei porque ainda hesito, sempre estou dentro em qualquer coisa que ele me chama mesmo.
Uma boa caminhada e um ônibus que acabou nos levando para um canto da cidade que achei nunca ter visto na minha vida foi o bastante para chegarmos num lugar que eu ainda não fazia ideia do que era para ser. Basicamente, um campo cheio de feno e alguns brinquedos, obstáculos e até mesmo uma espécie de labirinto de muros. Tinha uma espécie de entrada logo quando descemos do transporte e quase não acreditei quando vi umas garotas saindo com o cabelo e o rosto todos sujos de tinta.
ㅡ Hansol, voc-
ㅡ Duas de uma hora, por favor ㅡ pediu ao moço que estava dando os instrumentos, roupas e tudo, que saiu por um instante dali para pegar o troco.
Ainda descrente, eu encarava-o e tentava dizer alguma coisa, ou perguntar muitas outras, mas eu só conseguia olhá-lo em minha frente sorrindo e admirando todo o espaço que teríamos para nos matar. Até que finalmente olhou para mim e apenas deu a palavra final.
ㅡTemos uma hora. Quem sair mais sujo paga o almoço, fechou?
Depois de vestir as roupas apropriadas, recebemos os óculos de proteção e as armas. Demos um selinho breve antes de colocar nosso namoro em check por uma competição de paintball. Entramos no campo um de cada vez, tendo 30 segundos para correr e se esconder. Eu fui primeiro.
Corri como em muito tempo não corria. Meus pulmões pediam trégua e minha boca secou e me lembrei de quando joguei basquete na escola, ou de quando brinquei na neve e tive que fugir, me sentia na mesma situação. Quase me joguei de cabeça por entre uma pilha de feno e um muro todo manchado.
Eu tinha certeza que ele iria me procurar ali, e já estava pronto para atacar primeiro.
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All the things I would never do
ФанфикSeungkwan nunca foi uma pessoa muito adepta a surpresas ou a fazer coisas novas. Aos dezesseis anos, sua maior aventura tinha sido ir para a escola sem dormir e ficar 24 horas acordado. Definitivamente amava sua zona de conforto, então Boo tinha cer...