Fourteen

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No dia pós festa, todos se encontravam com ressaca e - obviamente - sem coragem alguma para encarar o resto do dia e todas aquelas aulas. Escolhemos isso.

Kim não se recordava de muita coisa. Sua cabeça latejava e seu corpo doía em partes específicas, e só descobriu o motivo quando parou em frente ao espelho. Quase gritou de felicidade.

— Não foi um sonho... merda, não foi um sonho! – dizia consigo mesma, escutando Yeri lhe interrogar aos berros do outro lado da porta.

Precisava esconder essas marcas, as de seu pescoço principalmente. Podem não pensar que isso aconteceu com Tiffany, mas se colocarem na cabeça que foi com outra pessoa será ainda pior. "A garota certinha, que gosta da Tiffany Hwang, estava na festa se pegando com...", sabe se lá quem eles pensariam.

Vestiu seu uniforme após um banho relaxante, começando a passar a maquiagem tanto em suas marcas quanto em suas olheiras fundas. Não consegue se recordar do que houve após sair daquele "armazém". Espera que sua amiga lhe diga tudo com os mínimos detalhes.

Enfim deu fim a todo o processo de embelezamento e disfarce. Respirou fundo, penteando seu cabelo e em pouco tempo saindo do banheiro. Yeri a encarava com uma expressão nada boa.

— Eu irei lhe contar tudo, mas precisa me dizer o que aconteceu quando nos encontramos. – pegou os livros que estavam sob o criado-mudo, se retirando do quarto junto a mais velha. Aula de cinema agora, uhul.

7:53AM

— Antes de começarem a discutir em suas duplas, quero que digam o processo que tiveram no fim de semana. — seu olhar foi diretamente para Kim, e logo para Hwang. Como foram a primeira dupla, terão de falar primeiro. — Vamos, estou esperando.

O clima estava mais frio que qualquer outro dia do ano. Se alguém passasse por essas duas, sairia congelado. Apenas elas duas, e agora Yeri, estão cientes do que aconteceu na noite passada.

" Não conte a ninguém. Caso contrário, eu irei acabar com tudo o que tem de precioso. " – foram as últimas palavras de Tiffany antes de sair daquele lugar e seguir um caminho diferente do seu.

A troca de olhares não passou despercebida; Hwang caçava qualquer marca que havia deixado na mais nova, e para seu alívio notou que ela escondeu tudo muito bem. Yeon, por outro lado, sentia suas bochechas queimarem com o olhar da mais velha sobre seu corpo. Pensar que ela se entregou completamente ontem, e sem vergonha alguma; não era você mesma, a bebida ajudou um pouco, mas não, não ponha toda a culpa no álcool. Seu corpo pedia por aquilo.

— Bom, podem começar. — Siwon pronunciou assim que ambas pararam em frente ao quadro negro, lado a lado.

— Nós decidimos ficar com o tema "amor". — Tiffany deu início, sabendo que Yeon não conseguiria.

Suas colegas começaram a cochichar. Era um tema meio inesperado se tratando delas duas; uma relação em que um lado é amor e o outro é ódio. Taeyeon se sentia incomodada, mas criou coragem para começar a falar.

— Escolhemos esse tema, não pra expôr algo clichê. E sim pra deixar explícito toda a forma de amar. Desde o passado até os dias de hoje, muita coisa mudou... acho que todos nós sabemos disso.  Esperamos conseguir captar algo muito além de um romance moderno, ou repetitivo.

— Hum, é um bom tema. Acho melhor não falarem muito ou acabarão entregando tudo antes do evento. Obrigado meninas, podem se sentar.

Os demais na sala aplaudiram junto ao mais velho, e ambas voltaram para os seus assentos. Não foi tão difícil quanto pensou, bastou focar no trabalho e no que ama fazer. É isso...

O amor por coisas não materiais.

9:30AM

No final da aula, alguns grupos de reuniram para discutir sobre o evento e outros se retiraram. Yeri e Taeyeon estavam logo atrás de Tiffany e suas amigas, que por sinal não gostaram muito dessa suposta aproximação.

— Eu já volto, é rapidinho. — Yeon falou, apressando seus passos até que estivesse próxima o bastante de Hwang para tocá-la. — É... podemos conversar?

A morena hesitou por alguns segundos, mas acabou cedendo; não queria correr o risco de Miyeon e Jihyo descobrirem o que fez e acabar se espalhando por toda o colégio. Isso não resultaria somente no fim da postura de Hwang, mas os responsáveis acabariam descobrindo da festa e todos pagariam.

Assim que adentraram numa sala, Tiffany resmungou e fechou a porta atrás de si, virando-se para a loira e cruzando os braços. Estava séria.

— Acha que só por ter acontecido um deslize meu ontem a noite, pode falar comigo a todo momento? E como se tivéssemos alguma intimidade?

— Mas...

— Não seja boba, Taeyeon. Eu contei pra você sobre a minha mãe porquê não queria importunar minhas amigas com algo tão banal. E ontem, droga... eu pensei que fosse me esquecer depois disso. Não era isso o que queria?

Suas palavras não foram sinceras. Ela não foi sincera consigo mesma, nunca é. Taeyeon se manteve calada, escutando tudo em silêncio, mal percebeu quando as grossas lágrimas rolaram por suas bochechas já avermelhadas.

— Eu só queria... conversar sobre o nosso trabalho. Tive uma ideia, mas.. tudo bem, não irei mais atrapalhar. — sua voz estava embargada, quase inaudível, mas o suficiente para que ainda pudesse ser escutada.

Passou ao lado da garota, abrindo a porta e saindo da sala às pressas. Nem sequer olhou para trás, não teria coragem depois disso. Escutou coisas que preferia que nunca tivessem sido projetadas na mente da mais velha.

E Tiffany não se moveu.

— Talvez... não, nem pensar. Você não sente o mesmo por ela, Tiffany Hwang.

Irá negar isso inúmeras vezes.

— Yeon, me espere! — Yeri quase implorava por isso. Não conseguia correr muito, sua cabeça doía de forma absurda. — Sabe que não adianta muito fugir de mim!

A maior bufou, ficando aliviada quando finalmente sua amiga parou no final do corredor. Já sabia o que estava por vir; sabia que pelo seu estado, a conversa não foi nada boa. Se é que tiveram uma conversa, Tiffany deve ter apenas aberto a boca e falado coisas ruins para Taeyeon. Como sempre.

— O que aconteceu dessa vez, uh? — a envolveu em seus braços, acariciando os fios da mesma. É ótima em consolar, e consegue ficar cada vez melhor nisso. — Está bem, não precisa me contar se não quiser.

Falou quando notou o silêncio. A única coisa que podia escutar era a respiração acelerada da Kim e seu choro baixinho e agudo, seguido de alguns soluços e murmúrios sem sentido algum. Até que finalmente, ela decidiu se anunciar:

— Acho que... devo desistir dela.

𝐅𝐎𝐋𝐋𝐎𝐖𝐈𝐍𝐆 𝐁𝐘 𝐋𝐎𝐕𝐄.Onde histórias criam vida. Descubra agora