5 - Paula

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Afonso é um profissional como poucos, apesar da pouca idade seu conhecimento é de um dom nato. O ambiente é muito confortável, vou me acostumar rápido.

Na hora do almoço ele bateu em minha sala e seguimos para um restaurante aqui perto. Pedimos nossos pratos e conversamos sobre a vida, projetos, sonhos e metas.

Ele tem um pensamento muito concreto sobre as coisas ao redor, mas não pode ser tão perfeito assim, pode? O que ele esconde?

Com a minha visão periférica avistei a Cris de longe.

Não podia ser, impossível.

– Meu amor, quanto tempo! – Abraçou Afonso e eu me espantei.

– Essa é a Paula, Cris! – Nos apresentou.

– Essa é a Paula? Não brinca! – Ela gargalhou e me abraçou.

– De onde você saiu? – Sussurrei em seu ouvido enquanto retribuía o abraço.

– Dos seus pensamentos. – Ela não perdeu o senso de humor.

Separamo-nos e Afonso ficou a nos observar. Logo nos acomodamos novamente e ela pediu o prato dela.

Eu acredito nunca ter engolido a comida com tanto esforço. Meu estômago parecia está digerindo pedras.

– Eu conto ou você conta? – Ela me olhou intrigada e eu sorri. – Eu conto! Não acredito que você não se lembra da minha Paula, Afonso!

– Não acredito! – Ele ficou vermelho em dois tempos. – Então você...

Cris interrompeu a fala dele.

– Ela é curiosa demais e eu, inocente, me apaixonei perdidamente por ela, mas ela cortou meu pobre coração... – Agora eu interrompi.

– Acho que foi você quem foi embora. – Alfinetei.

– Que mundo pequeno, meninas. – Completou Afonso. – Vocês vão colidir ou vão sobreviver a duas semanas juntas?

Todos gargalharam.

– Em duas semanas eu vou fazer ela se apaixonar por mim de novo. – Afirmei convencida.

– Nem precisa se esforçar. – Ela me olhou profundamente, daquele jeito invasor.

Ficamos todos à vontade, ou quase. Afonso ficou meio aéreo, mas abstraiu logo a informação. A conversa foi boa, formaremos uma boa equipe, pelo menos é o que eu espero.

-*-

É hora de falar dessa parte da minha vida.

A Cris foi um tempo curioso, como ela mesma afirmou, passamos um ano aproveitando tudo o que tinha para aproveitar juntas, antes do vestibular; apesar de nova, ela sempre foi extremamente decidida, já trabalhava, já sabia o que queria, tinha uma vida estruturada e muito bem planejada, e eu, bom, só estava ali curtindo o momento, e ela gostou de verdade, mas não era o que eu queria, não naquela fase, estava começando a descobrir o mundo, dando início a faculdade, aos meus projetos e não queria firmar nada, ela ficou muito sentida, decidiu ir embora, segundo ela, estudar fora e eu não podia segurar ela pelo braço e fazer com que ela aceitasse minhas incertezas, desde então nos falamos algumas vezes até ela romper os laços comigo de vez.

Mas vejo que ela amadureceu ainda mais e me surpreende tamanha coincidência da vida. Ela voltou mais mulher, mas era a mesma linda de sempre.

                                                                                               -*-

Depois do almoço voltamos para o escritório, ela se habituou rapidamente. Sugeriu como poderia ser feita as novas seleções, passamos para Afonso e tudo fluiu muito bem na primeira semana.

Tive que ligar correndo para Bella e contar a novidade, assim que foi possível, foi um choque.

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