Cris invadiu a minha sala com uma expressão raivosa, bateu a porta com tanta força que eu não sei como ela ficou no lugar.
– Me explica esses números. – Jogou um bolo de papéis em meu rosto.
– Ficou Louca, Cris? – Peguei os papéis e coloquei em cima da minha mesa.
– Me explica o inferno desses números, me dá um motivo muito bom para eu não desconfiar de você. – Ela sentou e cruzou as pernas.
Eu não estava entendo nada.
– O que é isso? – Olhei os papéis.
– Eu gostaria que me explicasse, condiz com o tempo que você era o responsável. – Ela estava com muita raiva.
Olhei os papéis com mais cuidado.
– Onde você encontrou isso? – Perguntei nervoso.
– Em cima da mesa da Paula, por ordens do titio. – Disse irônica.
Ela levantou e andou pela sala com a mão na boca.
– O que o meu pai quer?
– Eu não sei, mas ele pediu para Paula avaliar a situação da empresa nos últimos três anos. E eu quero saber exatamente o que você fez já que isso te deixou tão nervoso. – Fez uma pausa. – É o período exato que você assumiu parcialmente a empresa. – Ligou os fatos.
– Não tem o que explicar. – Recusei.
– Eu vou sentar para analisar essa movimentação junto com a Paula e ela não é burra, nem um pouco, e nós vamos trilhar o caminho até esse número, você vai encurtar o nosso trabalho? Vai explicar o que aconteceu? Você deve ter um motivo plausível, espero eu. – Ela segurou no colarinho da minha camisa e me empurrou na cadeira.
– Eu não tenho nada para te explicar, todos os números vão bater assim que vocês trilharem esse caminho, não entendo por que está me culpando por algo que não tem provas, que está supondo. – Me coloquei no papel de vítima.
– Certo, se você está dizendo, vou sair despreocupada. – Eu odeio quando ela finge que acredita em algo.
Fiquei calado enquanto ela saia da sala.
Não tem meu nome em nada. Nada contra mim.
Liguei para o meu pai, que alegou motivos contábeis, regimento de lei, pura burocracia, o que eu entendia muito bem e sabia que não se tratava disso.
-*-
– Bom dia, Paulinha. – Bati na porta que estava entre aberta.
– Bom dia, Afonso. – Arqueou as sobrancelhas.
Isso é sexy.
– Que papéis são esses? – Perguntei.
– Pura burocracia. – Exatamente o que pensei.
– Aposto que tem dedo do meu pai. – Tentei arrancar alguma informação mais precisa.
– Sim, eu o faria cedo ou tarde. – Ela estava focada no que estava digitando. – Aproveitando que está aqui, vem ver...
Que cheiro bom!
Fiquei atrás da cadeira dela enquanto ela me mostrava o modelo de aplicação que tinha mandando para o meu e-mail.
– Sugiro esse tipo de aplicação e se você me permitir, envio ainda hoje, quero o dinheiro da empresa rendendo de algum modo, não podemos deixar o dinheiro parado. – Explicou.
– Perfeito, Paula. Por mim pode aplicar dessa forma, basta a Cris assinar em baixo também.
– Que bom, Afonso. – Ela me entregou um sorriso de satisfação.
Sorri de volta e a observei por alguns segundos.
– Podemos falar sobre o outro dia? – Perguntei.
– É melhor a gente não conversar sobre. – Ela voltou a digitar no arquivo.
– Por quê? Eu gostei muito e acho que a gente poderia sair qualquer dia. – Sugeri.
– É melhor não, não foi certo. – Continuou focada.
– Que isso, Paula? Não estou te pedindo em casamento. – Virei à cadeira dela para que me olhasse.
Ela encostou a cabeça no apoio acolchoado.
– Você não é o tipo de homem o qual eu me envolveria, Afonso. – Disse seca. – Eu também gostei, mas é só isso. – Ela rodou na cadeira para sua posição frente o computador.
– Que mulher difícil, eu estou apegado à parte que você também gostou. – Sussurrei em seu ouvido.
– Me deixa trabalhar. – Ela disse sorrindo.
– Deixo. – Beijei o rosto dela e sai.
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Fica entre nós
RomanceSinopse Entre amores, idas e vindas, presente, passado e futuro. Uma traição, uma paixão e um ex amor. Um homem. Uma mulher. Outra mulher. Afonso é um jovem extrovertido, nada preocupado com a vida e totalmente indomável, dizem que todo bom mulhere...