Estou pensando se essa história de trabalhar com a Cris é uma boa ideia, é fato que somos bons juntos, mas é pessoal demais para mim. Desde que ela voltou que eu esperava era que ela sentasse e conversasse comigo sem remendos, sem partes, que me olhe nos olhos e cuspa ou grite, mas que reaja a isso, esse silêncio é ensurdecedor.
Alguém bate na porta e desvia meus pensamentos.
– Eu posso entrar? – Perguntou a dita cuja.
– Pode... – Parece que sentiu a força dos meus pensamentos, sentei rente em minha poltrona.
E antes que ela abrisse a boca para dizer qualquer coisa...
– Precisamos conversar. – Olhei-a fixamente e sorri.
– Eu ia dizer o mesmo, demorou a me fazer esse convite. – Ela apoiou os dois cotovelos sobre a minha mesa e continuou a me encarar.
– Você não reagiu desde que... – respirei – foi embora e até agora, é como se... – Ela me interrompeu.
– Passei muito tempo odiando você, mas não foi o suficiente, sinto como se todos os esforços de quatro anos não valeram de nada nesse exato momento. – Gelei e engoli seco. – E olha que eu tenho lutado com todas as minhas forças porque a minha única vontade é te agarrar e te beijar, mas não faremos isso... – A aproximação dela por cima dessa mesa era uma catástrofe, mais um centímetro e iríamos colidir.
Afonso bateu na porta e salvou a minha alma de se render.
– Acho necessário fazer uma aplicação financeira de seis meses, o rendimento vai ser maior, o que você acha? – Ela cuspiu desesperadamente essa frase apontando para uns gráficos no meu computador.
Astuta.
– Eu estava planejando isso. – Falei ainda nervosa.
– E o trabalho não para. – Afonso entrou e sentou ao lado de Cris.
– Bom, eu vou indo, depois conversamos com mais calma. – Sorriu e eu vi aqueles olhos tão aguados.
Ela levantou e saiu com um pouco de pressa.
Queria correr atrás dela.
Comecei a digitar algumas informações no meu planejamento e notei Afonso me observava mais do que o normal.
– Vai ficar me olhando? – Perguntei sem olhar para ele.
– Não deveria? – Arqueei a sobrancelha, olhei e comecei a sorrir.
– Não pode dar em cima da coleguinha de trabalho. – Continuei digitando. – Sua namorada vai odiar.
– Foi só um elogio. – Falou sério.
– Estou brincando, senhor. – Sorri.
– Ela não é a minha namorada e eu vim mesmo te convidar para almoçar. – Falou inquieto.
Vejamos um passo ardiloso.
– Estou faminta. – Aceitei.
Só fiz desligar o notebook e saímos.
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Fica entre nós
RomanceSinopse Entre amores, idas e vindas, presente, passado e futuro. Uma traição, uma paixão e um ex amor. Um homem. Uma mulher. Outra mulher. Afonso é um jovem extrovertido, nada preocupado com a vida e totalmente indomável, dizem que todo bom mulhere...