42 - Afonso

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Ao chegarmos ao For Five Minute tudo estava como o planejado, Paula me acompanhou em cada detalhe com tamanha satisfação e um orgulho fervoroso naqueles olhos; ela conheceu meu sócio e compartilhamos de muitas ideias juntos. Eu estava fora de órbita, nada parecia tão real, nunca imaginei chegar a lugares e sonhos tão bem guardados na gaveta da escrivaninha do meu quarto. 

Para a nossa terrível surpresa, meu pai apareceu.

– Boa noite, querida, como está o meu neto? – Cumprimentou a Paula com um abraço.

– Estamos muito bem e o senhor? – Perguntou ela.

– Certamente estou. – Sorriu e se portou a mim.

– Boa noite, pai. – Estendi a mão e ele apertou.

– Então esse é o seu projeto? – Falou varrendo o local com os olhos.

– Sim. – Falei seco.

– Muito bonito, vim apenas desejar-lhe sorte. – Fiquei surpreso e esperando a tapa na sequência. 

Nada para ele é bom, se não vier dele mesmo.

– Eu agradeço.

– Espero que dê certo, porque na empresa você não pisa mais. – Falou árduo.

– Dará, pode dar por certo. Se não se importa, tenho alguns detalhes a conferir antes da inauguração. – Falei dando-lhe as costas.

Paula se despediu dele e veio atrás de mim.

– Espero que não tenha ficado triste com isso. – Disse entrelaçando seu braço ao meu.

– Não, querida, não mais. – Beijei brevemente seu rosto.

-*-

Estava tudo pronto, senti um frio na barriga ao subir no palco, as pernas tremeram quando peguei o microfone, mas a casa estava linda, cheia de gente, a Paula estava em minha frente junto com meu sócio, me deu certa seguridade.

Enquanto as palavras não saiam da minha boca, fiquei observando o ambiente, avistei Aline e Cris sentadas no bar temático olhando fixamente para mim, Bella e o namorado abraçados, meu pai em pé esperando minha ruína e mais alguns rostos conhecidos.

Sorri por fora, estremeci por dentro.

– Que prazer está aqui essa noite!

Iniciei.

– Como um bom samaritano, receio, que eu deva começar com os agradecimentos.

Alguns sorrisos entre o público.

Prossegui.

– Pretendo ser breve, mas vou ser longo.

Troquei o microfone de mão, enrolei o fio na outra e continuei...

– Faz muitos anos que eu tenho essa casa em mente, mantive por muito tempo dentro de uma gaveta, quando mostrei para Rodrigo, meu sócio.

Sorri para ele e apontei, o holofote foi em cima dele.

– Ele é muito envergonhado, não vai subir aqui, mas eu sei que ele já sabe o tamanho da minha gratidão; quando ele pegou o projeto, levantou e eu pensei: "Ele deve ter achado uma grande bosta.", mas ele bateu no papel e disse: "Meu querido, que ideia maravilhosa. Vai sair do papel.", então ele apertou minha mão e tudo fluiu depois dali. Você sabe que iremos conquistar o além. – Falei olhando para ele.

Todos aplaudiram.

– Vou dizer uma coisa que vocês, certamente, já escutaram várias e várias vezes: Não deixe o sonho preso na gaveta, tem alguém lá fora querendo realizar, acredito que Deus mande a pessoa certa, no momento certo, abrir os olhos para você.

Sorri. Andei para a extremidade do palco.

– A inauguração foi hoje para comemorarmos os quatro meses do meu filho, já não vejo a hora de ele nascer... – Falei emocionado. – Paula, você me deu o presente mais precioso que alguém poderia me dar na vida. – Estendi o braço e peguei a mão dela, que sorriu agradecendo.

Por fim.

– Agradeço a cada um de vocês que fez parte disso aqui, quem limpou, quem pintou, quem sonhou junto, quem trocou as tomas, a todos, inclusive vocês que vieram fazer parte disso! – Chuva de aplausos. – Aproveitem, vocês tem cinco minutos para se apaixonar. E pai, meu império vai fazer mais sucesso do que o seu! – Falei e ele ficou me encarando.

A banda começou a tocar e eu desci do palco.

Os repórteres me cercaram e comecei a responder as perguntas enquanto as pessoas começavam a se espalhas.

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