18 - Afonso

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O evento estava incrível, as pessoas pareciam bem à vontade, se divertindo; particularmente gostei muito da banda escolhida, o som era agradável aos ouvidos, era ideal, não sei qual o nome da banda, mas farei questão de procurar saber.

Assim que meu pai chegou fui cumprimentá-lo juntos com as meninas.

– Bendito és entre as mais belas moças.

Educado e sofisticado em um tom que, às vezes, incomoda.

Ele cumprimentou Aline, Cris e Paula com direito a beijo na mão. Passaram um tempo conversando com meu pai enquanto eu era deixado de lado e, claramente, eu não era tão interessante quanto ele. Fui até o bar e nem notaram minha ausência.

Acredito que estou me tornando um homem sensível e levemente frustrado.

Aproveitei o momento para subir no palco. Pedi licença a banda e limpei a garganta para fazer o discurso que ensaiei há cinco minutos enquanto bebia algo no bar.

Peguei o microfone e pedi a atenção de todos por alguns minutos. O Jornalista da Americanizados se posicionou a frente com o rapaz da câmera, o que me deixou desconfortável.

Tomei mais um gole da minha bebida e coloquei ela sobre mesa onde estavam os copos de água dos músicos e comecei.

– Eu quero agradecer, primeiramente a meu pai, por fazer tudo isso aqui se tornar real. Foi difícil idealizar, nem em meus sonhos mais surreais imaginei a possibilidade desse dia. Ele é um homem incrível e um dia quero ter a honra de chegar perto de ser quem ele é para essa empresa.

Acenei para ele e um holofote o destacou no meio das pessoas e aplausos surgiram por todo o salão. Ele sorriu, li o obrigado em seus lábios e a mão no peito junto ao seu corpo se curvando levemente em agradecimento.

Continuei...

– O motivo desse evento foi para parabenizar a nova equipe da empresa Ferrari, mas, desde já, quero agradecer a todo o corpo de funcionários, a nossa gestão depende de cada um de vocês, que faz o nosso trabalho valer.

Outra chuva de aplausos e alguns assobios atrevidos.

– Quero convidar a Cris e a Paula para subirem aqui junto comigo.

A Cris ama um holofote, sempre se destacou, a Paula corou, o que achei muito sexy.

– Em apenas seis meses e a empresa teve o rendimento de um ano e meio, e eu estou muito feliz e muito grato. Quando meu pai me deu o cargo de vocês, soei frio, eu não sabia o que fazer, foi desesperador, um garoto com tamanha responsabilidade, isso me fez crescer mais rápido.

Elas duas me olhavam atentas. E Aline estava abraçada a meu pai. Que cena bonita! Quase me perdi no discurso.

– E quando ele falou: "É o primeiro passo para você assumir a presidência. Isso é seu, cuide como se fosse seu filho." Imaginem o peso que essas palavras caíram sobre meus ombros e eu quis fazer bem feito, cometi alguns erros, algumas grandes falhas, assumo, mas isso me fez ser o homem que sou hoje.

Olhei para Cris e ela continuou a me olhar de maneira árdua.

– Eu sou um homem de sorte e quero agradecer, diante de todos, o belo time que formamos desde o primeiro momento, desde o primeiro olhar um para o outro. Sejam bem vindas!

Concluí.

Sorri e ganhei o sorriso largo da Paula, e um meio sorriso da Cris.

Aplausos.

Passei o microfone para Paula.

– É com tamanho orgulho que posso dizer que faço parte desse plano empresarial. Quando chegamos ao ápice da realização profissional tudo o que acontece na sequência é atribuição de extensão de pura satisfação, e hoje, só tenho a agradecer pela fidelidade e liberdade de atuar nesta empresa como se fosse meu lar. Trabalhar com Afonso é muito prazeroso, segundo ele os cálculos entre os meios não importa, desde que o resultado final seja o mesmo...

Se isso fosse um conto de fadas meus olhos estariam brilhando. Estou apaixonado.

Ela continuou.

– Trabalhar com a Cris é ter a certeza que nada vai ser igual, é uma profissional muito criativa, nunca tem um único plano, e sempre tem a agregar nas ideias propostas.

Cris deu aquele sorriso largo e apaixonado para ela. Segurou a mão dela e beijou.

Por fim...

– Somos um time incrível, todos nós, cada um de vocês. – Apontou para a plateia.

Não sei se os gritos foram por ela ser uma mulher linda ou pelas belas e inteligentes palavras. Ela me abraçou e agradeceu. Na sequência abraçou a Cris e beijou o rosto dela.

Cris pegou o microfone e prosseguiu.

– Eles foram tão completos e perfeito que eu nem quero ousar abrir a boca.

Todos gargalharam.

– Brincadeiras à parte. Quando Afonso me ligou, de madrugada, desesperado dizendo que ia assumir a presidência e que precisava de mim, eu gritei no telefone, porque ele é orgulhoso demais e eu pedi para ele repetir umas quatro vezes até ele perceber que eu estava brincando com ele e lembro que ele ficou irritado demais...

Ela me entregou o primeiro olhar singelo desde aquele dia.

– E falou que eu iria dividir a cadeira com a Paula, porque a empresa estava crescendo cada vez mais e seria muito trabalho para uma pessoa só e o currículo perfeito dela encaixava muito com o meu, fiquei receosa, logo pensei: "Vou sair da minha estabilidade aqui para dividir cadeira com uma mulher de currículo vaidoso?".

Ela ganhou mais gargalhadas.

– Mas depois de muito pensar, como uma boa pensante, quase Socrática: "Vou pular de paraquedas no escuro sim. Conhecimento e experiência nunca é demais." Quando cheguei aqui e vi que a Paula era essa Paula, de outros carnavais, o destino é danado! Que satisfação!

Elas se olharam com ternura.

– E o trabalho aqui é maravilhoso, hoje eu tenho tempo de comer uma pizza após o expediente, coisa que eu não fazia há... – Pensou – muito tempo. Porque aqui trabalhamos em equipe, ninguém sai sobrecarregado ou leva trabalho para casa para suprir as necessidades da empresa, para não me prolongar muito, desde então Afonso e Paula tem tornado o trabalho uma festa, o trabalho não se torna obrigatório, não tem tempo ruim, e com uma equipe dessa...

Aprontou para a plateia, que gritou e aplaudiu com vontade.

– Não precisamos de mais nada para sermos mais completos.

Concluiu.

Finalizado os discursos, perguntei se meu pai queria dizer algumas palavras, mas tudo que ele fez foi levantar a taça e vi uma lágrima atrevida escorrer do olho esquerdo dele, rápida, quase imperceptível para quem não o conhece.

A os músicos começaram a cantar novamente. Ao descer Paula me abraçou, agradeceu e em seguida foi abraçar meu pai, Cris fez aquela festa com o 'titio' e Aline me deu um beijo breve no rosto e me parabenizou. Logo nos despedimos do meu pai, que alegou cansaço e partiu.

Pedi a mão da Cris para uma dança e ela aceitou meio a contra gosto.

– Até quando você vai ficar assim comigo? – Perguntei segurando sua cintura.

– Até eu descobrir o que você fez, depois disso eu penso no que farei. – Entrelaçou os braços no meu pescoço.

– Então até lá... me olha nos olhos, é torturante quando me ignora, e eu sou louco por você, você sabe. – Falei o mais breve que pude.

– É difícil, porque eu sempre te admirei. – Justificou. – Não consigo olhar para você e ver que não é mais o meu super herói. – Alegou me olhando nos olhos.

– Me perdoe, por favor.

Terminamos a dança calados.

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