19 - Paula

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– Ela está com muita raiva dele. – Puxei assunto com Aline enquanto Afonso dançava com Cris ou discutiam.

– Ele é louco por ela, mas a Cris tem um gênio forte. – Aline explicou.

– Você o conhece muito, não é? – Tentei extrair.

– Desde criança, praticamente crescemos juntos, meu carinho por ele é grande. – Falou em um tom admirável.

– Vocês combinam. – Cuspi.

– Ele está apaixonado por você, Paula, a vida dele é falar de você. – Olhou-me quase atravessando minha alma, como se eu tivesse obrigação de retribuir.

– Mas eu gosto muito dela. – Direcionei o olhar para Cris. – E toda e qualquer decisão que eu decidir tomar, mesmo que seja em pensamento, a machucar, eu não vou tomar. – Fui sincera.

– Admirável, por isso que ele te adora. – Sorriu. – Até eu me apaixonaria. – Brincou.

– Que isso, Aline. - Sorrimos.

A dança acabou e eles voltaram em nossa direção. Afonso convidou Aline para dançar e eu acompanhei Cris até o bar temático.

– Isso tudo é incrível. Falta você aceitar meu pedido de casamento. – Ela tomou um gole generoso da bebida.

– Que pedido de casamento horrível, Cris. Faz um direito que eu penso se aceito. – Ela me olhou assustada.

– Sério? Olha que eu faço chover rosas. – Levantou a taça.

– Bobinha. – Bati minha taça na dela.

– Vamos sair daqui... você e eu.

– Para onde?

– Minha casa? A sua? Um motel?

– Cris! – Revirei os olhos.

– Desculpa. Vamos beber.

Dançamos e bebemos muito. Muito. Muito mesmo. Bêbados até dizer basta. No final da festa estávamos Afonso, Cris e eu dançando uma playlist aleatória após a banda ir embora.

– Paula, essa é a hora que você beija a minha boca. – Afonso falou.

– Essa é a hora que eu quebro seus dentes se encostar nela. – Cris falou turva.

– Maycon? – Afonso falou espantado.

– Maycon? – Cris virou.

– A festa acabou! Chegou tarde, mocinho. – Brinquei.

– Maycon! – Cris olhou mais uma vez, como se não acreditasse.

– Hora de ir para casa. – Ele falou com um tom de seriedade que não combina com ela.

– O que você está fazendo aqui? – Ela perguntou e eu fiquei sem entender nada.

Ela andou em direção a ele questionando sua vinda e eu cheguei perto de Afonso.

– Quem é? – Perguntei.

– Namorado, não sei se ainda é ou sei lá. – Falou meio enrolado.

– Namorado? – Eu senti meus pedacinhos se debruçarem sobre o chão.

– Sim. – Confirmou.

Não acredito que ela esteve esse tempo todo comprometida e tentando ficar comigo. Sem pensar, com a cabeça rodando e... virei e beijei Afonso.

– Me leva embora para qualquer lugar. – Falei.

– Paula, você não sair daqui com ele. – Cris gritou.

– Cuide do seu namorado. – Sorri e sai com Afonso.

Fomos para casa dele, eu não lembro dos detalhes, estava bêbada demais para raciocinar. Acordei no outro dia com uma dor de cabeça de enlouquecer e pior, me sentindo a pessoa mais infantil e sem noção do universo. 

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