43 - Paula

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Senti um abraço quentinho me agarrar por trás.

– Oi, mamãe do filho do Afonso. – Era Bella.

– Você veio! – Virei e a abracei.

– Saulo, enfim, meu querido. – Nos abraçamos.

– Pois é, Paulinha, faz tempo, o trabalho tem me consumido. Como está o bebê? – Cumprimentou-me.

– Está bem, obrigada. Está cuidando direito da minha melhor, não está? – Brinquei.

– Mas é claro! – Sorrimos e fomos até o bar.

Passamos algum tempo sentados em uma das mesas do fundo, onde a parede era em vidro, era a cena mais linda que poderíamos apreciar naquela noite. Jogamos conversa fora e sorrimos até Saulo levantar e dizer que acordava cedo; Bella o acompanhou.

Peguei meu celular e havia uma mensagem de Afonso perguntando onde eu estava.

Avistei Aline e Cris vindo – juntas – em direção à mesa que eu estava.

Fiquei entre sair correndo daquela bomba radioativa em duplicidade ou se ficava e me fazia de louca.

Não deu tempo pensar muito, fiquei para ser a louca.

Elas sentaram uma ao lado da outra no sofá a minha frente.

– Boa noite, meninas. – Sorri.

– Boa noite, Paula, como está? – Perguntou Aline.

Cris permaneceu calada.

– Estou muito bem, obrigada, e você? – Sorri.

Um momento enlouquecedor de silencio.

– Vocês me odeiam tanto assim? – Perguntei enquanto respondia a mensagem de Afonso, pedindo socorro.

Coloquei o celular sobre a mesa e me apoiei sobre os meus cotovelos na mesa.

– Não, mas eu queria... queria muito. – Disse a Cris com a voz embargada.

– Ela bebeu demais e eu... não odeio você, é um sentimento muito forte, preferi guardar para Afonso...

– Por mim? – Afonso chegou por trás de Aline.

Arrodeou a mesa e sentou ao meu lado.

– Não deveria me odiar tanto, já que negou todas as minhas tentativas de reparar parte dos danos que te causei. – Ele encostou-se ao sofá e colocou o braço por cima do encosto.

Ela ficou calada e ele continuou.

– Se você não esteve disposta, não deveria continuar me cobrando essa conta. – Concluiu rudemente.

– A culpa é sempre sua. – Soltou Cris.

– Eu também achava isso, até entender que nem sempre a culpa pode ser minha e eu precisei me perdoar por isso também, então a frustração de vocês duas não depende de nós dois. – Levantou-se irritado. – Vamos, Paula, você não merece isso, nem eu.

Elas ficaram lá, estagnadas, e eu levantei muito surpresa com a posição dele.

– O que foi isso? – Perguntei enquanto o seguia apressado.

Ele entrou no escritório e eu o segui fechando a porta atrás de mim.

– Isso é cansativo, Paula, desgastante, o que elas querem de nós? Que façamos um altar e peçamos perdão todos os dias? – Falou sentando no sofá do canto da sala.

Comecei a sorrir.

– Está rindo de quê? – Perguntou nervoso.

– Do quanto elas mexem com você... – Sentei ao lado dele.

– E não mexe com você? – Perguntou intrigado.

– Muito, mas o que podemos fazer? A vida não para, não vai estancar até nos repararmos...

– Não vai ser para sempre. – Argumentou passando a mão no rosto.

Segurei sua mão.

– Não vai. – Sussurrei deitando em seu ombro. – A festa está incrível. Ainda tem tanta gente lá fora.

– Estou feliz por isso. – Deitou a cabeça dele sobre a minha.

Afonso me deixou em casa as três da matina.

Antes de eu descer do carro...

– Obrigada, Paula. – Ele agradeceu segurando meu rosto.

– Não precisa agradecer. – Sorri segurando sua mão.

– Eu sinto muito não ser um bom homem para você... – Disse.

– Então eu sinto muito por não ser uma boa mulher para você.

Sai do carro e ele acenou enquanto eu entrava em casa.

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