26 - Afonso

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A falta que eu sinto de Aline tem me deixado perturbado. Sai mais cedo da empresa – passei o dia como uma planta – e fui até sua casa, dias demais longe dela.

Não sei o que eu sinto por Aline, mas é um sentimento tão confortável que, talvez por isso, eu não tenha conseguido deixar florir.

Estacionei o carro do lado oposto do apartamento dela, na praia, e desci, me dirigi até a faixa para atravessar, avistei ela saindo do prédio com um homem alto, não me era estranho, eles estavam tão íntimos, ele tocando o rosto dela, sorriam tanto que meu ego interior se contorceu de tanto incômodo.

Estava com aquele short jeans que eu adoro quando ela veste.

Engoli seco.

Ele beijou o resto dela e saiu.

Atravessei.

Antes que ela entrasse segurei o braço dela. Ela me olhou assustada.

– Precisamos conversar, permita que eu suba com você. – Pedi.

– Vamos conversar aqui fora. – Ela puxou o braço.

– Pelo amor de Deus, Aline, quem sou eu? – Coloquei as mãos no peito dramaticamente.

Ela passou a mão no rosto, suspirou com irritação e assentiu.

Subimos.

– Quem era aquele cara, Aline? – Questionei enquanto ela fechava a porta.

– Virou espião agora? – Falou incomodada.

– Está saindo com ele? – Fiquei em pé frente a ela.

Ela é poucos centímetros mais baixa do que eu.

Senti a respiração dela ficar mais ofegante.

– Diz para mim, Aline. – Insisti.

– Estou e isso não lhe diz respeito... – se afastou bruscamente.

– Você o colocou dentro do seu apartamento? De onde conhece esse cara? – Perguntei indignado.

– Não importa, Afonso! Fala o que veio dizer e vai embora daqui. – Foi áspera.

– Você não é assim, é cautelosa, é sensata, madura, não essa adolescente inconsequente, Aline... – Ela me interrompeu.

– Isso é você, essa coisa tóxica e viciante que estou tirando de mim. – Falou apontando o dedo para mim.

– O que você quer? Por que você não me diz? Por que não fala que gosta de mim? – Segurei pelos braços dela.

– Ninguém precisa dizer, você é burro? – Gritou.

Eu não disse nada.

Beijei-a.

Só não esperava que ela fosse me empurrar.

– Sai daqui. Agora! – Gritou. – Esquece que eu existo, por favor. – Apontou para porta.

– Isso não acaba aqui. – Falei antes de bater a porta.

Fica entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora