9 - Paula

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Marquei com a Bella às dez horas e claro que ela estava atrasada, eu nem subi no apartamento dela para ela entender o meu nível de irritação e descer logo.

– Desculpa a demora, amiga. – Disse ela entrando no carro.

– Eu deveria te deixar ai, o Benjamin já me ligou quatro vezes. – Liguei o carro e saímos.

– Eu quero o amigo dele, ele vai? – Perguntou interessada.

Bella se apaixona por todos os garotos bonitos que aparecerem na frente dela.

– O Saulo? – Perguntei abismada.

– Esse mesmo, um deus grego. – Ela suspirou.

– Vai sim, sua espertinha. – Peguei na coxa dela e balancei.

Começamos a noite em um barzinho. Esquentamos e fomos para uma casa de show próxima.

Bella já estava no maior amor com o Saulo e eu estava muito tranquila apenas conversando com o Benjamin. Ele é meu amigo colorido, ou era até eu começar a namorar, passamos algum tempo afastados, acho que ele se chateou quando eu disse que não ia mais ficar com ele.

Começamos a dançar e eu tomei umas doses de whisky. Dancei agarrada a Benjamin e até rolou uns beijos.

A noite foi acontecendo, Bella foi embora com Saulo, em sã consciência, graças a Deus, ela não é de beber. E eu fiquei com Benjamin por algum tempo até encontrar a Cris. Como deixei claro para ele que não iria rolar mais nada, ele decidiu ir embora.

– Você por aqui sem me convidar? – Ela sentou ao meu lado no bar.

– Vim com uns amigos. – Justifiquei.

– E eu não sou sua amiga? – Fez bico e eu sorri.

– E você? Faz o quê aqui sem me convidar? – Perguntei tomando mais um gole da minha água de coco.

– Bem, eu estava te observando enfiar a língua na boca de um rapaz bonito. – Brincou. – Mas eu também vim com uns amigos, mas a maioria foi embora e cá estou; sozinha no banco desse bar. – Explicou.

– É um rapaz bonito e insistente. – Falei. – A parte boa é que você pode ficar e me fazer companhia. – Pedi levantando o copo.

– Não vai me oferecer uma bebida? – Perguntou com aquele olhar irresistível.

– Só se for sem álcool, já tomei umas doses de whisky e estou dirigindo. – Pisquei.

– Então já pode me levar para sua casa. – Sugeriu.

Avistei Afonso, muito bêbado agarrado com duas garotas, provavelmente uns dez anos mais novas do que ele.

– Ele é assim? – Perguntei.

– Cachorro? A vida inteira, por isso não tem namorada. – Esclareceu.

Ele nos avistou e largou as meninas.

– Olha só quem está aqui, não seja egoísta Cris, pode dividir ela comigo.

Ele estava muito bêbado.

– Acho que está na hora de você ir embora. – Cris falou com um tom de chateação.

– Não, só se a Paula for comigo. Vamos Paula? – Ele disse gargalhando.

– Acho melhor você ir com aquelas meninas. – Pisquei e sorri.

– Mas eu quero você, você é a mais bonita, a mais inteligente e eu posso te dar meu coração, se você quiser. – As palavras saiam embrulhadas da boca dele.

Eu comecei a sorrir.

– Ignora, ele fica ainda mais ridículo bêbado, se é que é possível. – Cris falou.

– Você bebeu muito? – Perguntei para ela.

– O suficiente para ter certeza que vou deixar o carro dele aqui.

– Quer levar ele embora? – Ofereci meu carro.

– Não, pegamos um táxi. – Ela recusou.

– Para, né, Cris. Vamos logo. – Peguei minha bolsa e ela saiu arrastando ele.

Jogou ele no banco de trás do carro, nervosa, e sentou no banco da frente ao meu lado. Ele falou um monte de besteira, coisa sem pé nem cabeça, teve uma hora que a Cris se exaltou porque ele tentou me beijar enquanto eu dirigia.

– Se você encostar nela vai chegar em casa sem dentes, seu idiota. – Disse ela apontando o dedo no rosto dele.

– Calma, ele está fora de si, Cris – Tentei amenizar.

Foi um inconveniente terrível, mas ele estava bêbado, não que justifique, mas não estava sob controle de si.

O deixamos no apartamento – incrível – dele e me ofereci para deixá-la em casa.

– Não quero incomodar mais. – Ela recusou novamente.

– Para, Cris, não somos estranhas. Não preciso insistir. – Sorri e segurei a mão dela e a arrastei.

– Você fica muito mais bonita nesse casaco de couro.

Eu devo ter corado até a alma.

– Obrigada. Mas sem elogios, você sabe que... – ela me interrompeu.

– Que você fica com vergonha. Eu lembro. – Ela colocou o cabelo atrás da orelha, – isso é tão sexy –, e olhou para frente.

Ela me conduziu pelo caminho, não ficava muito longe do apartamento do Afonso.

– Muito obrigada. – Agradeceu e se aproximou do meu rosto e beijou minha bochecha.

Eu gelei inteira, qualquer aproximação dela me deixa nervosa demais para reagir. Ela me olhou nos olhos por algum tempo e sorriu.

– Até amanhã, meu amor. – Completou e quando ia sair do carro segurei seu braço.

– Ainda temos assuntos pendentes. – Falei.

– Teremos tempo. – Levantou e fechou a porta.

Eu pisei no acelerador, tudo que eu queria era minha cama quentinha e a salvo de toda e qualquer tentação. Depois de tanto tempo ela ainda tem esse efeito sobre mim, o fato é que e não quero machucar ninguém, não estou pronta para isso, muito menos ela, de novo.

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