52 - Afonso

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Naquela mesma madrugada Cris me ligou dizendo que a bolsa estourou e que estavam a caminho do hospital. Liguei para Aline, ela estava dando plantão, vesti uma camisa e sai correndo feito um louco, quase esqueci minha carteira.

Eu não sei descrever a sensação surreal desse momento, minha cabeça estava frenética, eu não sei como consegui dirigir até o hospital, assim que cheguei corri, vesti uma bata, higienizei meus braços e entrei na sala. Cris estava lá segurando sua mão, chorando feito uma criança. Segurei na outra mão, beijei sua testa e foi uma loucura, não encontro outra palavra para descrever, não parecia real, todo mundo falando ao mesmo tempo e Paula gritando e o médico dizendo que estava dilatando, que estava quase lá, que ela deveria fazer mais força, foram tantas palavras que eu perdi noção do tempo que passamos ali.

Quando eu ouvi o doutor dizer: "É isso mesmo, Paula, vamos lá, já estou vendo a cabecinha dele." Meu coração foi a mil, quando meu filho saiu, quando cortaram o cordão umbilical e eu pude ouvir o choro dele encontrei o verdadeiro sentido da minha vida, eu nunca estive tão feliz, Cris e eu nos abraçamos enquanto Paula pegava nosso filho no colo e chorava numa alegria tamanha agradecendo a Deus, eu abracei os dois juntos chorando, Cris segurava a mãozinha do bebê e dizia palavras que eu não me lembro.

É difícil dizer para o que viemos, mas depois de toda essa trajetória, acredito que as coisas são muito bem preparadas e que todo laço carrega um nó e atrás do nó há de existir um ponto, portanto, nada que venhamos a fazer ou viver perde seu verdadeiro propósito, até mesmo quando fazemos escolhas contrárias ao que nos foi destinado e nada, nunca, chega ao fim, porque sempre haverá uma continuação, por gerações. 

Fica entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora