33 - Paula

24 0 0
                                    

O tempo estava fechado a ponto de me fazer duvidar que já fosse dia. Levantei, ainda indisposta, me arrumei, tomei um suco de laranja, liguei o som do carro e tudo o que tocava era música deprimente; desliguei. Cheguei à empresa, estacionei o carro e fui até minha sala, liguei o notebook, organizei minhas coisas e fui até a sala da Cris, não bati na porta, só entrei e empurrei a porta com as duas mãos.

– Nós vamos conversar quer você queira ou não. – Decretei.

– Resguardada sob qual direito? – Ela falou sem me olhar, rubricando alguns papéis.

Fui até a mesa dela e puxei os papéis que ela estava assinando, e sentei sobre a mesa, frente a ela.

– Sob todo e qualquer quando se tratar dos meus sentimentos. – Ela colocou a caneta em cima da mesa.

– Pois bem. – Cruzou os braços.

– Se eu tivesse aceitado ir para o Canadá com você, o que iria acontecer agora? Ia me jogar fora? – Questionei e ela enrugou a testa.

Permaneceu calada.

– Eu te conheço, Cris, eu conheço sua raiva, eu sei quem é você quando está com esse sentimento ruim te dominando... – Fui interrompida.

– Ele não iria saber, nós daríamos conta disso! Sozinhas. – Cuspiu.

– Claro, seria bem simples. Então tudo bem, eu tiro essa criança e nós vamos embora. – Falei a testando.

– Você iria conseguir dormir à noite? Porque eu não iria. – Levantou e começou a andar na sala.

– Então o que me propõe? Porque eu estou disposta a qualquer coisa para ficar com você. Não podemos fazer mais nada para mudar o que aconteceu... – Me interrompeu novamente.

– Logo com ele, Paula, por que não ficou com qualquer outro, por que ele? – Colocou a mão na cabeça.

– Eu sei, Cris, eu sei, me diga o que eu preciso fazer, eu faço... – Implorei e fui até ela.

– Você conseguiria? E se fosse eu? – Perguntou adentrando meus olhos.

– Eu não sei o que eu faria. – Segurei as mãos delas.

– Não tem o que fazer, Paula, eu não consigo. – Tirou as mãos de entre as minhas.

– Então... "o que eu faço com o amor que eu sinto por você?" – Usei a pergunta que ela me fez quando terminamos.

"Joga pela janela.". Não foi o que você me disse? – Ela foi até a mesa dela e sentou olhando para as mãos.

Eu fiquei enfurecida. Compreender o sentimento dela, entender que não é algo fácil de engolir, tudo bem, mas isso, isso não.

– Certo, o farei.

Segui em direção à porta quando ela perguntou...

– Ele sabe? O Afonso já sabe?

E para asar, Afonso tinha acabado de abrir a porta.

– O que eu sei ou deveria saber? – Questionou.

– Perfeito. – Ela levantou e aplaudiu. – Aproveita e providencia o casamento. – Pegou a bolsa, colocou os papéis e o celular dentro e saiu batendo a porta.

– O que foi isso? – Ele perguntou e eu segui em direção a minha sala e ele foi atrás.

Fica entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora