12 - Afonso

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A sensação que eu tenho é de que eu beijei um anjo. Observei o carro dela se perder em meu campo de visão ao dobrar na esquina.

Passei em casa, tomei um banho e fui buscar Aline. Somos muito objetivos com o que queremos um do outro, ela liga e eu vou e é só isso, sem cobranças ou exclusividade; confio muito nela, ela tem todo e qualquer espaço para questionar qualquer escolha errada que eu fizer e assim estamos há uns cinco anos e meio. Formaríamos um bom casal, mas ambos sabemos que não daria certo, pensamos muito diferente e desejamos coisas diferentes, sabemos até onde encaixamos.

– Como está a empresa? – Perguntou enquanto abotoava a camisa social.

Aquele cabelo castanho ondulado caindo pelos ombros, aquele sutiã vermelho deixando os seios dela ainda mais atraentes... e aqueles olhos claros de cor indefinida.

Abracei-a por trás e mordi sua orelha.

– Está bem. – Beijei o rosto dela e não deixei que abotoasse a camisa. – E você é linda demais.

– Tanto quantos os meus seios que você não para de olhar, safado, ou tanto quanto a tal da Paula que você vive a elogiar? – Ela se virou para me olhar e eu a segurei pela cintura.

– Paula é linda, você é linda, todo mundo é lindo e eu adoro você. – Sorri perto dos lábios dela que retribuiu com um beijinho breve.

– E seu pai... – Interrompi. Acabou o encanto momentâneo.

– Para, Aline, não começa com isso de novo. – Afastei-me e fui para o banheiro.

– Você está errado e sabe disso. – Ela encostou-se à porta.

– Eu sei e estou consertado o que fiz. – Falei seco enquanto ligava o chuveiro.

– Não tem conserto, mas... – fez uma pausa. – Preciso ir.

Fechou a porta.

Assunto desnecessário e inoportuno. Passado.

Fica entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora