25 - Paula

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Passei alguns dias afastada da empresa, dias sem falar com Afonso ou com a Cris, recebi algumas visitas de Benjamin e ligações de alguns amigos... me fez um bem sair de dentro dessa trama.

Hoje é um belo dia para recomeços. Levantei disposta, um pouco impaciente, mas o trabalho me espera e me acalma. Ao chegar a empresa fui diretamente para minha sala.

Cris me esperava sentada em minha mesa.

– Mesa de vidro, corta, desce daí. – Falei colocando a minha bolsa na cadeira.

– Bom dia para você também. – Disse seca.

– Bom dia, Cris. – Fiquei encarando toda aquela cena desnecessária diante da minha pouca paciência.

– Como você me deixa todos esses dias sem notícias? – Levantou e me fuzilou com os olhos.

– Eu precisava, obrigada por entender isso. – Disse irônica.

– Claro que precisava. – Falou sarcástica.

– Temos muito trabalho, papéis de antes do evento, lembra? – Desviei o assunto.

– Vai ser assim? Não vamos conversar? – Olhou-me desacreditada.

– Não vai ser no seu tempo, vai ser no meu – apontei o dedo para ela e depois para mim. – E não será aqui, entendido?

Cheguei o mais perto que pude da sua respiração e fiquei afrontando toda aquela marra, odiando todo o mau humor que ela havia espalhado na sala.

Ela saiu batendo a porta. Cris não perde essa mania de querer controlar o tempo e tudo que existe entre os espaços, eu não lembrava o quanto isso me irritava.

Afonso ligou para o meu ramal, desejou bom dia e perguntou se tinha algo pendente e fim de ligação. Em seguida seu pai ligou perguntando se eu estava melhor, ele não sabia o que aconteceu, pelo menos não tudo, perguntou sobre a análise dos documentos que havíamos iniciado antes da festa. Conversamos um pouco coisas aleatórias e logo me afundei em todos os históricos que ele havia me mandado. Fui ao arquivo e carreguei todas as pastas que precisei.

Passei a manhã inteira sentada no chão rodeada de papéis, não almocei, não fiz pausa e graças ao meu bom Deus, ninguém me incomodou.

Os rastros, os erros, a forma descarada que essa movimentação aconteceu era coisa de um profissional totalmente despreparado e tolo, mas eu iria chegar a um nome. Separei todos os documentos que seriam necessários em meu relatório.

Alguém batia na porta.

– Pode entrar. – Falei.

– Senhora, vamos fechar a empresa. – Era Bete, espantada quando viu todos aqueles papéis pelo chão da sala.

– Perdão, Bete, não me dei conta da hora. Dê-me apenas cinco minutos para eu desligar minha máquina.

Salvei o início do meu relatório na nuvem e desliguei tudo, deixei todos os papéis do jeito que estava, precisava dessa ordem para continuar a análise.

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