"Pronto! Agora a casa do Tony virou a casa da mãe Joana!"
Me levanto e caminho até o casal. Erick passa um braço pelo meu pescoço e me puxa para o lado contrário.
- O que pensa que está fazendo Ayla!?
- Eu não tenho o direito de visitar ele, e ele vai abrigar essas pessoas estranhas?! Vou falar com meu pai sobre isso! - digo. Ele me força a sentar.
- Sabe que Tony odeia que se meta em seus assuntos. - reviro os olhos.
- Ok! - digo. Olho para Amélie. - Vamos para casa. - pagamos o milkshake e saio do lanchonete. Caminho um pequeno percurso com Amélie e abro o portão de casa. Me despeço dela. Amélie mora em frente. Entro e sinto o cheiro de almoço. Sorrio automaticamente. - Pai? - chamo.
- Chegou! - ele exclama e sigo para a cozinha. Ele está de farda e cozinhando. Sorrio fracamente.
- Ei... Eu poderia fazer o almoço. Desculpe o atraso. Como foi no trabalho? - ele sorri.
- Bem querida. Sente-se! Está quase pronto. - caminho para a mesa e ele logo me serve um prato de macarronada e se senta de frente comigo. - Passou? - me entristeço.
- Não... - digo desanimada. Ele lança um olhar reconfortante.
- Você vai conseguir. Paciência. - assinto.
- Pai... Tony vai receber pessoas na casa dele não é? Ficou sabendo? - ele assente e fica sério.
- São parentes distantes dele. Não são da sua conta. - ele diz e assinto.
- Claro... - me sinto um pouco decepcionada. - Ele não nos considera como família? - desde que eu era pequena sempre considerei Tony como meu irmão. Cresci com ele. Algumas vezes meu pai viajava com Tony e voltava algum tempo depois. As viagens eram sempre quando Tony ficava doente. Por esse motivo nunca vi Tony doente. Sempre com o mesmo olhar sério ou brincando comigo. Então um dia ele simplesmente decidiu que queria morar sozinho e com dezesseis anos pediu para meu pai emancipa-lo. As coisas mudaram e nos afastamos. Ele sequer me cumprimenta hoje em dia e me sinto mal por tudo. No fim ele sequer conseguiu nos ver como família... Minha mãe está internada no hospital psiquiátrico faz algum tempo e somos só eu e meu pai. Ela tem esquizofrenia e seu quadro é grave. Diferente de muitos amigos meus com problemas mentais, ela simplesmente não sabe diferenciar fantasia da realidade. Tony considera apenas ela como família. Ela foi internada quando eu tinha oito anos. Tony e papai eram próximos até sua internação. Ele diz que ela não estava preparada para algumas coisas. Meu pai ama ela, mas sinto que ele sofre com sua condição. Tony se afastou de nós dois depois disso e meu pai apenas permitiu dizendo que ele fez a escolha dele e é livre para voltar se quiser.
Ele nunca voltou.
Minha família agora não é tão feliz quanto antes. E eu não sou tão forte quando imaginei que fosse. Vivo todos os meus dias de forma igual, vendo a vida passar diante do meus olhos.
Trabalho todo dia das seis da tarde à meia noite, estudo todos os dias em casa e anualmente faço uma prova em que fracasso. Gargalho com meus amigos mesmo com meu coração aflito. Visito minha mãe semanalmente e sempre choro ao sair do hospital. Cumprimento uma pessoa que uma vez foi próxima e desejo sempre voltar a época em que era feliz.
- Claro que sim querida. Já te disse que ele nos ama muito e por teimosia se afastou, com medo de nos fazer mal. - sorrio fracamente.
- Ele ainda conversa com você... Às vezes acho que sou a única pessoa que ele evita da família. - papai sorri.
- Não seja assim. Ele é uma pessoa ocupada... Apenas nos falamos no trabalho. Ele continua o mesmo. - assinto.
- Entendo. - digo. - Vou tentar entrar na faculdade no próximo ano. Vou conseguir! - digo tentando parecer animada e papai sorri com ternura.
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O conto do Lobo Mau
Mystery / ThrillerAcho tão esquisito escrever mau com "U" '-' #ROMANCE #TERROR #SUSPENSE #MISTÉRIO Quem é o lobo mal? Eu ou ele? Me pergunto... ________________________________________ *Baseado em Chapéuzinho Vermelho (Versão Irmãos Grimm)" *Baseado na série Beaut...