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Me sinto acanhada.

- E o que muda? - pergunto e ele se senta na cama. Recuo e acabo levantando da cama quando ele me encara e se aproxima mansamente. Engulo seco. Minhas mãos suam, recuo até a parede e ele não para de se aproximar. - Tony... - ele só para quando seu corpo está próximo demais, tento sair do canto da parede, mas ele apoia as mãos dos lados e me encara.

- É a minha vez de brincar. - pisco vezes seguidas e não quero pensar no que isso significa, mas sei que brinquei com ele quando criança e isso quase o matou, meus olhos marejam.

- Você vai tentar me matar? - ele nega.

- Não... - ele sussurra próximo ao meu ouvido e ofego. Olho para seu ombro. - Mas vou comer você. - empurro ele e ele começa a rir.

- Não tem graça. - digo com a voz trêmula. Ele cruza os braços.

- Philipe já te disse que usamos isso metafóricamente não é? - assinto.

- Já... Mas você tem presas enormes às vezes e... Você rosna e uiva... E às vezes se torna um lobo. - digo e ele assente.

- Relaxa, como lobo, não vou te tocar, você não é uma híbrida e como lobo não tenho interesse em me aproximar de uma humana com essas intenções. - coro.

- Não acredito que estamos falando sobre isso. - ele respira fundo e se vira caminhando para perto da mochila, no canto do quarto.

- Camille disse que eu deveria me esforçar, então decidi começar. - pisco vezes seguidas.

- Se esforçar? - ele olha para trás e sorri com diversão.

- Prefere que eu seja gentil ou te pegue com força?

- Tony! - repreendo e sinto meu rosto em chamas. Ele ri.

- É brincadeira. - ele diz e mexe na bolsa. Tira uma regata e veste ela. - Vou abrir a porta do seu quarto. - ele diz por fim e sai do quarto. Acompanho ele e ele fecha os olhos. Olho para as suas mãos. Garras. Ele abre os olhos e eles estão de outra cor. Ele apoia a unha na fechadura e momentos depois escuto um "click", Tony gira a maçaneta e a porta se abre. Olho para ele aturdida e lembro da casa de Pamela.

- Foi assim que invadiu o quarto onde eu e Patrick estávamos? - ele revira os olhos. Erick me contou e não acreditei, mas agora estou crente que aconteceu. Sorrio. - É brincadeira. - imito e entro no quarto antes que ele se pronuncie. Olho para a bagunça e fico irritada com a cena que vejo. Apenas Erick e Amélie estão aqui. Cruzo os braços. - Ei! - grito. Eles acordam resmungando. Erick tampa os ouvidos.

- Não grita, louca! - ele exclama. Olho para os dois indignada.

- Vocês tem que parar de criar situações onde eu e Tony ficamos desconfortáveis! - digo com autoridade. - Cadê os outros? - eles me olham com certa culpa e apoio as mãos na cintura. - Vocês não tem que tentar colocar eu e ele juntos! Parem! Cuidem da vida de vocês. - digo e sinto uma mão em meu ombro. Olho para trás e Tony balança a cabeça levemente como se pedisse para que eu pare. - Mas é verdade Tony. - digo e ele olha para Erick e Amélie.

- Não façam mais isso. É realmente desagradável, então deixe que eu e Ayla cheguemos a algum entendimento sobre nossa convivência. - olho para eles e Erick suspira.

- Vocês são lentos. - olho para Erick com raiva, mas não preciso sequer falar, pois Tony começa a gritar do meu lado e olho para ele com surpresa.

- Lentos?! Hoje que voltamos a nos falar direito! Tem noção de que temos outros problemas para pensar e não sobre o que rola aqui?! Estamos na temporada de caça! Agradeça que nenhum caçador sabe de nossa existência ainda, ou estaríamos em apuros e não nos preocupando com algo tão mesquinho, eu trabalho dia e noite em um laboratório onde recebo pessoas aos pedaços! E Ayla está sendo caçada. Parem de dizer o que é ou não prioridade! Isso é um saco! - ele gralha e sai do quarto. Olho para Amélie e Erick e cruzo os braços. Dou um sorrisinho de bem feito.

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora