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Pisco vezes seguidas e vejo tudo turvo. Sinto vento em meu rosto e noto que estamos dentro do carro. Me lembro do acontecido. Ouço barulhos de hélices e sirenes. Sinto um baque e algo derrapa. Sou alavancada para frente e o cinto me segura. Tento limpar minha visão e sinto uma mão segurar meus ombros.

- Acorda! - A voz de Erick invade meus ouvidos.

- Mas que merda! Desvia do carro Anthony! - a voz de Philipe soa. - Os outros estão lá na frente, se continuar assim aquela fera vai nos alcançar! Ultrapassa essa merda! - tento me localizar.

- Estou tentando Porra! Se eu tentar passar agora, vamos capotar! - ouço alguém praguejar.

- Acorda Ayla! - a voz de Erick soa mais uma vez.

- Você tem alguma arma aqui? - Philipe pergunta.

- Os tranquilizantes ficaram com Helena e a pistola também, mas tenho uma arma no guarda-volume. Atira, mas pelo amor de Deus, não acerta nenhum inocente, tem um helicóptero acima de nós. E são gente da pesada. - sinto uma mão perto da minha coxa e vejo o guarda-volume ser aberto. Vejo de relance uma submetralhadora. "Tony carrega uma submetralhadora?!" sou alavancada contra o banco e escuto um baque alto. Olho para a janela. Um carro acaba de capotar do nosso lado. Escuto um uivo alto e meu coração acelera, é instantâneo. A adrenalina sobe e minha consciência retorna. Olho para trás e Erick parece aliviado.

- Você está bem? - ele grita. Assinto. Ele sorri. Olho para Tony. Ele gira o volante de uma vez e pisa no acelerador. Me seguro e vamos para frente, o motor ronca alto e olho para trás pela janela. A fera está saltando carros e parece muito mais assustadora já que está quase pulando na camioneta. Olho para cima e vejo um helicóptero com atiradores posicionados, vez ou outra eles atiram mas não acertam nada. Olho para a fera e percebo que é muito rápido, ele desvia de tudo. Parece prever tudo. Não basta ser grande, é rápido e habilidoso. Olho para dentro em direção a Philipe, ele está armando a submetralhadora e estou me sentindo em velozes e furiosos.

- Para onde estamos indo?! - Pergunto.

- Saindo da cidade! Os caras lá em cima não estão atirando com frequência para não acertar ninguém inocente. - Tony responde. Olho para frente a tempo de pegar a moto de Josh na minha vista. Ele desvia de um carro e acelera sumindo novamente, vez ou outra vejo o carro de Mike ou uma das três motos.

Acabo rindo com a situação e Tony apoia uma mão na minha coxa. Olho para meu corpo e meu sorriso morre, estou quase nua.

- Você está bem? Estava desmaiada. - assinto. Meu coração aperta. O pavor que senti na lembrança agora foi substituída pela adrenalina.

- Estou. - Digo e ele tira a mão da minha perna e passa a marcha. Escuto outro uivo e olho para trás. Arregalo os olhos, a camioneta estremece e me apavoro, ele sobe na carroceria e me encara. Coloco a cabeça para dentro. Erick e Philipe trocam de lugar e Erick se abaixa entre os bancos. Philipe aponta para o vidro traseiro e começa a disparar. Tampo os ouvidos e o barulho quase me ensurdesse. O carro balança novamente e olho para trás, Philipe para de disparar e vejo que a fera está a dois carros de distância novamente. "Esperto!" sorrio e coloco a mão para fora, mostrando dedo. - Chupa essa seu filho de uma mãe! - grito e ouço risadas dentro da camioneta. Me endireito e olho para Tony. Ele está balançando a cabeça e rindo de forma realmente sexy. Ele é todo lindo, como que pode não é?

Olho para Erick e ele volta a se arrumar no banco, tirando um pouco do vidro do assento.

- Quem diria que isso sairia da sua boca em Amiga! - ele diz e sorrio.

- Isso é melhor que ir ao shopping. - digo e ele ri. Me arrumo e acabamos saindo na via mais estreita. Pegamos estrada e Tony tira o celular do bolso e me entrega.

- Atende. - assinto e atendo.

- Alô? - digo.

- Filha?! Vocês estão bem? Estão na TV. - sorrio.

- Jura?! - digo.

- Pelo amor de Deus Ayla! Tem um bicho enorme atrás da camioneta e parece estar bravo.

- Eu apareci?! - pergunto e ele ri.

- Agora terão menos carros na pista e ele vai demorar alcançar vocês. Assim que estiverem na próxima cidade, tomem cuidado e voltem assim que possível.

- Pai... - acabo me preocupando com ele. - Se cuida.

- Sempre querida. Não se preocupe comigo, quem está correndo perigo são vocês. - assinto e meus olhos marejam. - Manterei contato. Te amo.

- Te amo pai. - digo e a ligação é finalizada. O carro volta a balançar. As balas voltam a ser disparadas e cessam não muito depois.

- Fudeu! - Philipe grita. Olho para trás. Ele solta a arma no banco e parece apavorado.

- Não se transforma! Se as câmeras pegarem, quem se torna alvo é a gente! - Tony grita. Olho para eles apavorada.

- Ele está na carroceria. - digo e acabo gritando em seguida. O teto afunda levemente e unhas atravessam o teto da camioneta. "Quero nem imaginar atravessando meu tórax!"

- E agora? - Erick pergunta. - Nem conheci o boy que estava paquerando! - ele diz e olho para ele sentindo vontade rir. O vidro do lado de Tony é arrebentado e o carro quase sai da pista.

- Ele é inteligente demais! Vai logo no motorista, esse filho de uma mãe! - Philipe grita. - Pega a morena do outro lado Porra! - ele complementa e Tony rosna. "Ele não acabou de dizer para não se transformar porque era arriscado?!"

- Deixa a Ayla fora disso idiota! - ele diz e não sei se me sinto aliviada ou preocupada. Fecho o vidro do meu lado por precaução. Não que isso ajuda.

E não ajuda.

O vidro do meu lado é feito em pedacinhos e uma mão quase segura meu braço. Meu cinto é aberto e em segundos, estou no colo de Tony. Arregalo os olhos. Não sei se morreremos pelo carro saindo da pista ou pela fera. Ele aponta a cabeça dentro do carro e me assombro. Ele parece um monstro. Sua cara é a de um cachorro enorme e deformado. É horrível. Não se parece em nada com os híbridos. Tony me mantém pressa a seu colo e Erick estende um braço me puxando, passo para o banco de trás.

- Segura ela Erick. - Tony grita.

- Está segura. - ele grita e Philipe coloca o cinto. Erick me aperta e Tony gira o volante com tudo e derrapa. Os pneus cantam e realmente quase capotamos. Grito. Ouço um baque e vejo de relance a fera cair sobre o capo e girar para longe. Não sei ao certo para onde, mas a camioneta para e em segundos, Tony gira ela e acelera novamente. Ganhando velocidade. Olho pelo vidro da traseira e vejo a fera entrando na mata densa. Ouço uma chuva de tiros e o helicóptero emite uma luz ao redor.

Erick afrouxa os braços e puxa o telefone. Ele disca algum número.

- Oi... Voltem... Ele entrou na mata, estamos voltando, tem um helicóptero buscando ele. Ok... Até. - ele desliga e me ajusta no banco do meio. Tony dirige com mais cautela e menos afobado. Passo para o banco da frente e me sento novamente, depois de tirar o vidro. Passo o cinto e aos poucos meu coração começa a bater normalmente novamente. Olho para Tony. Ele parece aliviado.

Ele aperta o botão do som e uma música começa a soar dentro do carro. Fecho os olhos e me sinto mais aliviada. Apesar de três vidros quebrados, capô amassado, teto amassado e possivelmente, carroceria com estragos, estamos bem. Tony me olha de relance.

- Você está ferida? - nego.

- Estou bem. Fica tranquilo. - digo e ele assente e se concentra na estrada. Sorrio. - Não sei se sua camioneta está tão bem assim. - digo e ele sorri.

- Antes ela do que você Baby. - ele diz e coro. Os rapazes não dizem nada e agradeço a isso.

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Amei essas cenas ksksksksksksks
Adrenalina puraaaaa!

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora