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Abro a boca em choque. Ele permanece sentando e crava as unhas no colchão. Engulo seco. Ele parece muito ameaçador.

- To-Tony! Comer? - pergunto incrédula. Recuo e ele sorri.

- Sabe que não vou te machucar não é? - Olha, eu até achava que não, mas depois da última frase, não tenho tanta certeza. Ele olha para a cama e em seguida para mim. - Vem cá. Do meu lado. - nego e me escoro na porta fechada.

- Vamos conversar de longe. Por que você está agindo assim? - ele fecha os olhos e com solta um rosnando abafado. Pisco vezes seguidas, ele abre os olhos e passa a língua sobre os lábios.

- Você está ovulando. - sinto meu rosto pegar fogo.

- Como você sabe? - ele encara minha boca.

- Seu cheiro te entrega. Aliás, tem o cheiro muito bom... Não dei a sorte de estar em casa das outras vezes depois que voltei para cá, jamais esqueceria esse cheiro se já tivesse sentido antes. - Engulo seco.

- OK... - sorrio nervosamente. - Agora que eu sei, vou te deixar sozinho. - ele fica sério e rosna. - Ou não... - rio sentindo minhas pernas fracas. - Posso te fazer companhia não é? Nem está ruim aqui... - digo e ele se levanta. Abro a porta, mas antes que eu saia sinto um vento em minha nuca, a porta é fechada com tanta força que me pergunto como permanece inteira, sinto sua mão em minha nuca e seu rosto paira ao meu lado.

- Eu não deveria te alertar, mas irei... Você deveria ficar longe até amanhã. - Ele diz. Me diga algo que não sei? Agora eu literalmente entendi a parte do comer. Não que eu não esteja cogitando isso, já que já faz uns dias que estou reagindo a presença dele, mas se estou ovulando, tenho que voar desse quarto, para bem longe.

- Olha... Tony, então, me deixa sair e qualquer dia a gente conversa mais sobre eu e você, hoje, não dá. Ovular e transar na mesma frase é igual a bebês sabia? - digo alarmada. Ele rosna e me calo, sinto um arrepio percorrer meu corpo e ele me gira, deixando nossos rostos a centímetros um do outro.

- Mas você precisa ser saciada... - coro.

- E-eu? Saciada? - ele assente e sorri.

- Seu corpo sente mais prazer nessa época, você não se sente mais quente? Quer que eu te mostre? - nego.

- Não. - digo rapidamente e sinto-me traída. Acho que a voz dele e essas palavras já estão me causando um certo preparamento.

- Seu pai ainda não chegou, será só eu e você... - ele diz e sua mão corre para minha cintura. Ofego. Sou pressionada contra seu corpo, e dou um grito baixo de surpresa, ele está bem... Minhas mãos suam. Apoio elas abertas em seu peito e tento afastar.

- Tony! Isso é loucura. Me solta. - ele rosna e olho para seu rosto, parece bravo novamente. - Me solta. Vamos, solte. - ele volta a rosnar e mostra as presas. Reviro os olhos. - Solta! - vocifero e ele aperta o maxilar e se afasta. - Guarde sua testosterona Lobinho! Hoje não! - digo e ele guanido idêntico a quando está em forma de lobo. Coro. Deveria ser estranho, mas isso me deixa com certa pena. Aponto o dedo para ele. - Sem essa! Pare com esses sons! Lembra? Não quero um animal! - ele fica sério e fecha as mãos em punho.

- Não? - nego veemente. - Então por que já está molhada? - abro a boca e quero que um buraco se abra debaixo dos meus pés. Posso ser engolida. Não vou me importar. Quero que a terra me engula agora! Acabo de passar pela maior vergonha de toda a minha vida. Olho para ele com minha cara queimando.

- Como que você diz isso para alguém assim? Você não tem papas na língua? Quem te disse que eu estou... Não estou... Eu... - ele sorri.

- Termina a frase. - Abro a porta e ele volta a rosnar. Saio do quarto e corro para o meu. Tranco a porta e me escoro, ofegando. Arregalo meus olhos. Vejo garras na janela, e em seguida, Tony pula dentro do meu quarto. Olho para ele e me viro para a porta, destranco ela e saio. Corro escadas a baixo. - Eu vou pegar você Ayla... - Ele cantarola e termino de descer as escadas, olho para o topo e lá está ele. Ele salta para baixo e pousa com leveza. Fico espantada com a classe.

- Pare Tony... - peço e sinto outro frio na barriga. Ele puxa a camiseta que está usando e fica apenas de calça. Seus sorriso persiste e ele me encara como um predador. - Você realmente está me deixando desconfortável. - digo e rodeio a mesa. Ele gira por ela e começamos a andar em círculos.

- Quer comer antes? Eu deixo. - "Não! Não quero comer e não quero ser... Isso é baixaria! Não vou nem usar o termo que ele usa."

- Não, estou cheia. - ele assente e pula sobre a mesa. Grito. "Ó meu Deus!" corro em direção as escadas novamente. Prefiro não arriscar sair para a rua e ele ser visto dessa forma, seria um fiasco. Subo correndo e alcanço meu quarto, entro e tranco a porta. Sei que ele sabe arrombar uma e isso me deixa nervosa.

Ele está brincando comigo não é? Droga... Agora estou sendo caçada como um bichinho. Ele bate na porta de forma lenta e meu coração acelera.

- Pare! - gralho. - Eu vou chamar a polícia em! - rio com a piada. Acabo gargalhando com a piada, meu pai é a polícia. Sei que não tem graça, mas acaba que, ter um pai policial, faz com que a frase soe engraçada.

- Sabe que irei entrar não é? Seu cheiro está em toda a parte. - cerro os dentes.

- Você está na forma incompleta, prometo... - acabo segurando o riso e cruzo os dedos. -... prometo... - Prometo nada, estou mentindo e por isso estou de dedos cruzados. -... que se você ficar normal, mais humano, eu deixo você dormir no meu quarto essa noite e fazer o que quiser. - sinto uma sensação de aperto no peito e minha cabeça começa a doer. A dor aumenta gradualmente e se torna insuportável, me abaixo no chão e levo as mãos a ela.

- Prometo que serei sua se você brincar comigo e com a fera. - digo rindo. Tony rosna em minha direção e estendo a mão. - Vai ser divertido. Basta deixar ele vir e tentar pegar a gente. Pega-pega. - digo e ele fica sério e balança as correntes que prendem seus braços. - Não? Então tá. - caminho em direção a fera e me sento de frente para ele. Seguro o focinho e empurro os lábios do grande bicho. Ele rosna e gargalho.

- Ele vai te matar. - o Doutor afirma e me afasto olhando para Tony. Ele parece desesperado.

- Seu rosto de sofrimento é engraçado Tony, está sofrendo? Tem medo que ele me machuque? - sorrio e olho para a fera. Acaricio seu pelo. - Você também gosta de mim não é? Também vou te prometer algo, serei sua também, se continuar a machucar o Tony. - rio com frieza.

Soluço. Minhas mãos tremem.

- Ayla? - olho para frente e Tony está parado a certa distância me olhando com olhos preocupados, meu rosto deve estar em puro terror e pavor. Abro os braços e encaro ele.

- Eu era um monstro...

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora