Sorrio e estendo o braço, bagunço seu cabelo.
- Eu ficarei bem, tá bom lobinho? - ofereço um olhar reconfortante e ele assente.
- Ligue ok? - ele diz e me encara com apreensão.
- Está bem, qualquer coisa estranha, eu ligo. - digo e saio do carro. Fecho a porta e entro na lanchonete, antes dele sair com a camioneta, não quero chegar atrasada. Oscar me vê e sorri.
- Boa tarde Ayla! - sorrio de volta.
- Boa tarde. - digo e sigo para o banheiro, arrumo a touca e me olho no espelho.
"Vai ficar tudo bem, não vai?"
Sorrio para a imagem e saio do banheiro. Tomo meu lugar no caixa e faço meu trabalho como em qualquer outro dia normal. A TV permanece desligada, Oscar disse que não vai ligar enquanto a temporada de caça não acabar, então, estamos apenas no som ambiente de sempre.
Meu turno passa tranquilamente já que na parte da tarde não costuma vir muita gente, geralmente só começa a lotar depois das nove da noite. É quase um After Party. Assim que meu turno está quase no fim, meu celular vibra. Mensagem.
' Tony :3'
Não poderei ir agora... Acabei recebendo mais corpos, sinto muito, pode esperar aí? Pedi a Helena que te buscasse e deixasse em casa, já que Erick não está tem um automóvel e foi atacado recentemente.Termino de ler a mensagem e nem sei o que responder, olho para o lado de fora através do vidro. Ainda está caindo a noite e não creio que será um problema ir para casa, só são duas quadras.
' Acho que não tem problema eu ir agora, não anoiteceu ainda. Te vejo em casa.'
Oscar entra pela porta com a mulher e a filha e sorrio.
- Olha! - digo animada. - Vão querer pedir algo? - Oscar ri.
- Vá para casa, Tônia e eu vamos cuidar do restante. - sorrio.
- OK. - digo e tiro a touca. Meu celular vibra e resgato ele no bolso uma vez mais.
' Tony :3'
Espere aí Ayla... Não discuta. Por favor.'Suspiro. Me sento em uma das cadeiras da lanchonete e aguardo. Eu até iria, mas do jeito que tenho sorte, iria acontecer algo e aí eu ia ouvir ele jogar na minha cara pelo restante da minha vida.
Aguardo e começo a jogar um joguinho no celular, sou tirada do meu conforto por um assobio. Meu coração dispara e automaticamente sinto minhas mãos suando. Levanto o rosto e olho em direção ao balcão.
- O que vai pedir Senhor? - Oscar sorri e diz profissionalmente. Engulo seco e levanto da cadeira com cautela, o homem bate com os dedos sobre o balcão de forma ritmada, olho para a porta e sinto o pavor aumentar. Meus olhos marejam. Tem outros... Mais três.
Me sento lentamente e olho para o celular. "Preciso disfarçar." Deixo o celular sobre a mesa e começo a soltar meu cabelo, para cobrir a cicatriz do pescoço e a mecha branca na nuca.
- Quatro lanches e uma Coca de um litro. - ele pede. Solto os cabelos e deixo caírem em cascata. Recolho o celular e volto a me concentrar no joguinho, prestando atenção no que dizem. Sinto minhas mãos trêmulas. Os outros entram e um deles assobia a música de sempre.
Pela estrada afora...
Pisco vezes seguidas tentando me manter calma. Meu celular começa a tocar e saio do transe. Atendo.
- Ayla? Sou eu, Helena, quero que saia disfarçadamente e ande para o lado contrário de sua casa, vai ver o carro de Mike. - ela diz. Meu coração está a mil. - Eu acabo de passar aí em frente e bem, tem três caçadores e prefiro que eles não me vejam entrando e você por perto. - assinto. Me levanto e caminho em direção a porta.
- OK. Vou des... - minha voz some assim que meu celular é tirado da minha mão. Travo e mantenho meu olhar para o lado de fora da lanchonete. Cerro os dentes. "Respire Ayla..." Me viro e sorrio. - Você poderia me devolver meu celular? - olho para o homem. Esse é cego de um olho e tem uma cicatriz que deforma um lado do rosto. Estremeço. Ele leva o celular até o ouvido e olho de relance para Oscar. Ele parece em alerta, vejo Tônia no canto da porta da cozinha, ela volta a se enfiar lá para dentro e sei que vão chamar a polícia, Oscar finge não prestar atenção no que está acontecendo, foco meu olhar no homem e os outros dois que vieram com ele, param ao seu lado, tento me manter calma, mas a droga do cara que está sentado, não para de assobiar a musiquinha infantil. Ele olha em volta, pelo vidro, parece procurar alguém ao redor da lanchonete.
- Alô... - ele cantarola e volta a olhar para mim, sorrindo. Ele dá de ombros e me entrega o celular. - Desligou. - ele diz e pego o celular. Meus olhos devem estar demostrando minha raiva.
- Nunca pegue o que não é seu dessa forma. - digo contendo a raiva. Me viro para sair e olho para eles antes de deixar a lanchonete. - Eu quero ver vocês apodrecerem na cadeia. - um deles sorri com frieza e caminha em minha direção. Engulo seco. Olho para o lado contrário e vejo o carro de Mike a distância, mas não irei arriscar Helena e Mike, eles são caçados por essas pessoas. A adrenalina toma conta e a única coisa que raciocino é correr em direção a minha casa. Me afasto da lanchonete e paro na esquina, olhando para trás. Eles não me seguem e nem parecem ter saído da lanchonete. Assim que olho para frente e vou cruzar a rua, um grito irrompe de minha garganta. Trombo contra outro deles e olho com pavor para o homem, recuo e acabo caindo sentada na calçada. Ele me encara. Esse é o mesmo daquele dia, que me ameaçou veladamente. Ele estende a mão sorrindo.
- Está tudo bem? - assinto e ofego. Me levanto as pressas e encaro ele.
- Estou. - solto e ele joga a cabeça para o lado.
- Você mora por aqui? - nego.
- Não, só trabalho por aqui... - digo com a voz trêmula e sinto vontade chorar. - Preciso ir. - balbucio e passo por ele. Cruzo a rua e caminho a passos largos olhando para trás, meu celular toca sem parar e ignoro. Olho para o homem e ele permanece parado. Me afasto e antes de entrar em casa, olho para todos os lados, me certificando que não estou sendo seguida. Meus olhos marejam. Ele sabe que menti. Ele sabe onde moro. Ele já me perseguiu. Ele fez aquilo para me assustar...
Entro apressada e tremendo como nunca. Meu celular não para de tocar. Entro dentro de casa e me sinto um pouco mais desesperada ao ver que papai não está. Subo as escadas com certa pressa e entro no meu quarto fechando a porta. Erick e Amélie me encaram.
- O que houve? - Erick pergunta alarmado.
- Tem cinco caçadores ao redor, perto daqui e na lanchonete. - digo com a voz trêmula.
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O conto do Lobo Mau
Mistério / SuspenseAcho tão esquisito escrever mau com "U" '-' #ROMANCE #TERROR #SUSPENSE #MISTÉRIO Quem é o lobo mal? Eu ou ele? Me pergunto... ________________________________________ *Baseado em Chapéuzinho Vermelho (Versão Irmãos Grimm)" *Baseado na série Beaut...