O conto do Lobo Mau

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Soluço. Erick se abaixa perto de mim.

- OK... Preciso sair daqui. - ele diz e pega meu celular que toca sem parar. - Alô? Oi Helena... Passe aqui e me pegue, tem caçadores ao redor e preciso sair daqui... Ok... Estou descendo. - ele desliga e me entrega o aparelho. - Vocês duas vem também. - ele me obriga a levantar do chão, onde sem perceber, me abaixei. Saímos do quarto e descemos as escadas. Ouço tiros altos e barulho de pneu. Erick rosna e toma a forma incompleta. Ele solta nossas mãos. - Droga! - ele grita e pega o próprio celular no bolso. Disca algum número e caminho para a janela. O carro de Mike não está e vejo dois dos cinco, eles caminham em direção a casa.

- O que faremos?! - Amélie grita. Olho para ela e me sinto perdida. Nem eu sei. Dá última vez, pulei a janela, mas Tony estava aqui. Erick cerra os dentes.

- Atende droga! - ele vocifera e parece aliviado no segundo seguinte. - Tony?! Alerte os policiais e mande equipes de busca perto daqui, tem cinco caçadores dentro da cidade e estão aqui em casa... - Erick passa as mãos no cabelo. - Terei que sair e deixar as duas, eles vão matar nós três se eu estiver com elas, mas se não me acharem, provavelmente deixarão elas vivas... - ele começa a subir as escadas e olho para fora, os dois começam a abrir o portão. Olho para as escadas e vejo Amélie subindo logo atrás de Erick. Ele guarda o celular. - Vou sair e ir embora, vocês duas se escondam. - Assinto.

- Amélie! - chamo e ela volta a descer com o olhar assombrado. Respiro fundo e meu celular volta a tocar. - Me ajuda a puxar o sofá para a porta. - peço. Ela assente, minhas lágrimas já foram embora, foram substituídas pela adrenalina.

Posicionamos o sofá na frente e Amélie grita, quando um estrondo forte soa e a porta estremece. Saímos de perto da porta. Seguro a mão dela e corremos escadas acima. Entro no meu quarto e tiro a chave da porta.

- O que está fazendo?! - ela pergunta. Saio do quarto e tranco por fora. Caminho pelo corredor e ela me segue.

- Eles vão achar que estamos no quarto com a porta trancada. - sussurro. Entro no quarto de Tony e olho em volta. Caminho para o guarda roupa vazio, já que ele só trouxe uma mochila de roupas. Abro as portas. - Entra. - digo e ela se enfia. Assim que vou fechar a porta, ela me encara com horror.

- E você?! - no momento só quero que ela esteja segura.

- Vou ficar bem. - digo e fecho a porta. Uso a chave do guarda roupa para trancá-lo. Olho em volta e ofego. Não vejo nenhum outro lugar para me esconder. Caminho lentamente para a porta aberta do quarto e olho para o corredor, volto para dentro instantaneamente e me escoro na parede. Meu coração parece querer sair pela boca. Eles acabam de subir as escadas. Olho ao redor e não assimilo nada. Caminho lentamente para o banheiro e entro, tranco a porta e rezo para que eles não entrem aqui. É muito óbvio.

Escuto baques e sei que estão tentando entrar no quarto. Meus olhos marejam. Meu celular não para de vibrar e resgato ele no bolso. Me sento no chão do banheiro e me encolho.

- Alô? - sussurro.

- Me diz que eles ainda não entraram. - a voz de Tony soa. Cerro os dentes e controlo minha respiração.

- Já... - sussurro. Tony diz algo inteligível e depois de um tempo em silêncio volta a falar.

- Está escondida? Estou indo aí. Os policias também e a força especial. - ele diz e não sei se fico aliviada.

- Estou... - ouço um estalo e sei que acabam de entrar no quarto. - Não ficarei por muito tempo. Acho que serei pega em breve... - tento pensar positivo. - Eles não vão me matar não é? - pergunto.

- Calma Baby... Eles não matam nada além de híbridos, mas eles já estão atrás de você e tenho medo que tentem te levar, mas fique calma, não demoro. - ele diz. - Não desligue ok? Fica na linha.

- OK... - ouço passos e um assobio a distância. Minhas mãos suam e seco algumas lágrimas que descem. Estou assustada e realmente estou pensando no que eles são capazes.

Os passos começam a se aproximar.

- Ela deve estar por aqui. Dessa vez vamos levar ela. - ouço um deles dizer.

- Droga! - ouço Tony do outro lado. - Ayla, me escute, não responda, mas se eles te encontrarem, revide e tente correr. Eles não vão te matar, acho que sei porque eles te querem. - ele diz e inspiro o ar com cuidado para não sair alto.

- Tem uma porta aqui. - um deles diz e meu coração parece acelerar duas vezes mais, quando a porta estremece e um estrondo soa. Me afasto dela engatinhando e me coloco do outro lado do banheiro. Olho para a porta apavorada. Outro chute.

- Carly! - outra voz soa. - Temos que ir, Benjamim disse que os policiais estão chegando. - ele para de falar e ouço os passos se afastando. Olho para a porta apavorada e o silêncio permanece. De alguma forma, o silêncio se torna aterrorizante.

- Ayla... Você ainda está aí?

- Sim... - sussurro.

- Estamos chegando ok. - ouço o barulho inconfundível de um helicóptero e meu coração parece se acalmar um pouco. Me levanto e caminho relutante para a porta. Giro a chave e abro a porta. Saio do banheiro e vejo que estou sozinha. Coloco a chave do guarda roupa no lugar e abro a porta dele. Amélie está sentada no chão do guarda-roupa abraçando o próprio corpo. Ela me olha e parece se aliviar, no segundo seguinte está fora do guarda-roupa e me abraçando.

- Eu achei que eles iam te pegar... Você deveria ter se escondido comigo. - ela diz com a voz trêmula e retribuo o abraço. Ela se afasta e escuto passos apressados pelo corredor. Olho para a porta do quarto, e em segundos, Tony surge. Ele me olha com alívio estampado no olhar e caminha em minha direção, acabo não segurando e começo a chorar. Ele me abraça e acaricia minhas costas.

- Está tudo bem Baby... Estou aqui.