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Acabo dormindo a manhã toda e acordo perto do horário de almoço. Faço o almoço para papai e ele logo retorna ao serviço. Suspiro. Está se aproximando o aniversário de falecimento dos pais de Tony e falarei com papai para nós irmos levar flores em seu túmulo. Vou todos os anos. Só deixei de ir em um deles, porque papai disse que era melhor não.

Me sento na porta assim que papai sai de casa. Observo a rua vazia já que ninguém passa. Suspiro." Ver gente é difícil nessa parte da cidade. " Fico durante um tempo olhando para a rua e depois subo para estudar. Vou passar na faculdade da próxima vez.

Depois de estudar durante um tempo acabo adormecendo.

***

Acordo com o celular tocando.

- Alô... - digo sonolenta.

- Por que não desceu ainda?! Vai se atrasar para o serviço. - "Ó meu Deus!" Me levanto e me olho no espelho. Minha cara está amassada e inchada. Corro para o banheiro e apenas troco de roupa. Pego a touca, desço apressada sem nem escovar os dentes ou arrumar o coque. Abro a porta da frente e saio trancando as pressas, assim que cruzo o portão Erick ri. - O que fizeram com você?! - ele pergunta e gargalha.

- Não tenho tempo para conversar! - caminho apressada e ele me segue.

- Penteou o cabelo? - ignoro. Continuo andando como se não houvesse amanhã. Chego na lanchonete minutos atrasada e vejo meu chefe na porta do braços cruzados.

- Está atrasada.

- Desculpe! Eu perdi a hora! - me justifico. Erick coloca a mão no meu ombro.

- Venho te buscar meia noite e vamos para sua casa para você se arrumar maravilhosamente! - ele diz e sai acenando para Oscar. Entro prendendo o cabelo e colocando a touca.

As horas parecem voar e Oscar acaba se aproximando de mim.

- Pode ir. Fico o restante do turno. Vão sair não é? Então vá.

- Mas ainda é dez e meia! - ele insiste.

- Vai se divertir Ayla. Sei que é responsável. Prometo não descontar do seu salário. - sorrio.

- Obrigada Oscar. - digo e tiro a touca soltando o cabelo. Saio da lanchonete sorrindo. "Vou mandar mensagem para Erick." Caminho e dígito a mensagem. Aperto enviar e continuo caminhando, assim que estou quase no fim da quadra sinto o mesmo calafrio. Olho ao redor e não vejo nada estranho. Alguns adolescentes passam por mim conversando e suspiro, volto a caminhar e assim que atravesso a rua e continuo pela calçada, ouço barulhos de pneus. Olho para trás e me surpreendo. Um carro descontrolado vem em alta velocidade para meu lado. Pulo para fora da calçada e ofego. Os carros começam a parar e buzinar. Levanto do chão assustada e percebo que acabei machucando um pouco as mãos. Paro perto da porta do lado do banco do motorista e bato no vidro.

- Ei! Está tudo bem? - pessoas se aproximam. Tento abrir a porta do carro e depois de algumas tentativas consigo. A cena é chocante e recuo passos para trás batendo contra o muro de uma casa. Uma mulher está morta e seu rosto parece ter sido todo mordido. Meus olhos marejam e um homem se aproxima me afastando do carro.

- Não olhe. - ele pede.

- Ela está morta... - sussurro.

- Calma... Alguém chama a polícia! - ele diz. Uma senhora se aproxima.

- Não olhe querida... - o homem se afasta e fecha a porta do carro. Várias pessoas se reúnem ao redor. Não demora muito e a viatura estaciona. Não é meu pai que chega e acabo me sentindo desamparada. Eles abrem a porta do carro e começam a averiguar a situação. A senhora me tira de perto. - Vá para casa. Tome um copo de água com açúcar e tente esquecer a cena triste que viu. - assinto. Ela lança um olhar fraternal. Me afasto do local e quando estou quase em casa, vejo Erick correr em minha direção.

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora