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Respiro fundo.

- Obrigada doutor... - seguro a mão dele e saio da sala. Assim que piso na recepção, olho para Anthony e os rapazes que estão cuidando de mim. Tony está com a cabeça baixa e sentando de modo desajeitado, com as mãos nos bolsos e pernas cruzadas. Me aproximou dele e ganho sua atenção. Sorrio com o coração na mão. - Farei acompanhamento com o doutor e tentarei primeiro a terapia... Se não der certo, vou começar com os ansiolíticos e antidepressivos... - ele sorri e se levanta.

- Isso tudo não vai melhorar rápido, mas você vai aos poucos conseguir sair dessa. - olho para ele e sorrio. " Eu te amo... "

- Obrigada Anthony... - digo e ele suspira.

- Fiz acompanhamento durante dois anos depois que me mudei da sua casa na época... - ele diz e arqueio as sobrancelhas. "Eu não sabia..." Ele beija o topo da minha cabeça. - O mundo é cruel Ayla... Todos nós precisamos aceitar que, às vezes, precisamos de ajuda. - me sinto de certa forma, reconfortada. - Vamos? - Assinto e caminhamos para fora do hospital psiquiátrico. Olho para trás e paro no jardim. - Quer ver a Grace? - hoje não é o dia que vejo ela, mas quero vê-la, por algum motivo. Olho para Tony e Assinto.

- Acho que preciso ver ela... - ele assente e volto para dentro do hospital, passo pela recepção e sigo para o quarto dela, bato na porta e abro com cuidado, entro e pego ela olhando pela janela, sentada em uma cadeira alta de balanço no canto do quarto. Ela me olha e sorri.

- Ayla! Filha! - ela se levanta e me alcança, me abraça. - Que bom que veio. - ela esfrega minhas costas. - Você está bem? Não é costume aparecer assim. - Suspiro.

- Não estou tão bem ultimamente... - me afasto e sorrio. - Mas assim como você, eu estou lutando... - ela sorri.

- Eu tenho orgulho de quem se tornou. - ela diz e seus olhos marejam. - mesmo que, às vezes, eu me sinta com uma raiva descomunal de você, eu tenho orgulho... - sorrio.

- Eu sei que deve ser difícil... - ela assente.

- A vida não é fácil para ninguém querida, algumas vezes ela é capaz de estraçalhar você de formas imagináveis, mas sabe? É assim que evoluímos... Através da dor. - Assinto.

- Eu passei apenas para lhe ver. - ela assente.

- Claro! Ok... - ela volta a me abraçar. - Hoje eu me sinto bem, estou medicada... - ela se afasta e beija minha bochecha. - Fique bem querida. - sorrio.

- Fique bem mamãe. - digo e me viro, caminho para a porta e saio fechando ela. Olho para a maçaneta gélida e me sinto reconfortada.

Assumir suas fraquezas é sempre o primeiro passo para se fortalecer.

Saio do hospital e caminho para perto do portão de ferro, abro e encontro a moto de Anthony e o carro. Tony está escorado na moto e mexe no celular tranquilamente. Sinto um arrepio na nuca e olho para a esquina. Brenner. Ele olha para cima e sei o que ele quer dizer... A partir de amanhã, se inicia a lua cheia e o fim da temporada de caça. Ele some e olho para Tony, ele continua distraído e agradeço por ele não ter notado. Caminho para perto dele e pego um dos capacetes na moto. Ele trava o joguinho e guarda o celular no bolso. Recebo um sorriso alegre e um beijo na bochecha.

- Oushe! - digo e rio. Ele pega o capacete e coloca. Seu sorriso é contagiante.

- Você é muito linda! - rio.

- E você é imprevisível! - ele pisca e baixa a viseira do capacete. Coloco o capacete e giro ao redor da moto, ele sobe e liga ela, subo em seguida e ele acelera. Saímos e ele pilota em direção a nossa casa. Logo chegamos e ele estaciona. Desço e entro, confiro o relógio. Hora de fazer o almoço.

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora