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Ele empurra Patrick.

- Ela está bêbada. - a voz grave é inconfundível. Tony. Me sento na cama, e faço uma careta espremendo os olhos para ver se enxergo direito. Patrick encara Tony com certo receio. - Sou o irmão dela e estou levando ela daqui. - ele diz e segura meu braço. Pisco confusa. Ele me faz levantar e tento fazer ele me soltar.

- Ei... O que está fazendo? - pergunto. Quase me desequilibro. Ele olha de relance para mim.

- Vou te levar em casa. Seu pai deve estar preocupado. - nego.

- Eu só volto com Erick e Amélie. Me solta. - digo. Patrick intervém.

- Você ouviu ela? Agora poderia sair do quarto? Como diabos abriu a porta? - ele me solta e encara Patrick. Me assusto quando Tony aponta o dedo no rosto de Patrick e encara ele, olho no olho, a centímetros um do outro.

- Quer que eu conte para o pai dela que você trouxe ela bêbada quase caindo para um quarto e transou com ela?- ele joga. - Logo você Patrick? - ele diz com desdém. "Devo estar sonhando! Será que já dormi!?" Tony volta a segurar meu braço e me puxa para fora do quarto. Tento me soltar e ele me puxa com firmeza para seu lado, me segurando pela cintura. - Você vai para casa. - ele diz sério. Meus olhos marejam. "Quem ele pensa que é para querer agir como meu irmão agora? Ele mal fala comigo!"

- Me solta Tony. - peço com educação e sou ignorada. Descemos as escadas e meu corpo está sendo praticamente arrastado para fora. Assim que piso na varanda, na parte da frente da casa, me sinto muito irritada e triste. - Me solta! - grito. Ele para e soluço. Ele se afasta e encaro ele. - O que está fazendo? Você não é meu pai e nem fala comigo direito para estar agindo como meu irmão nessa altura do campeonato! - digo. Olho para cima e pisco vezes seguidas para impedir as lágrimas de continuarem caindo. Começo a secar com todo o cuidado para ter certeza que a maquiagem está intacta. Me recupero e cerro os dentes. Bato com as mãos em seu abdômen e tento empurrar ele, mas ele mal sai do lugar. - Você não tem direito de agir como meu irmão se passa a maioria do tempo me ignorando e me tratando como uma estranha! - digo. Cruzo os braços. - Você atrapalhou minha noite seu babaca! - digo. Caminho de volta para a festa e ele segura meu braço. Olho para seu rosto, ele está sério e engole seco.

- Você está bêbada... Estou te protegendo. Então vamos para casa. - balanço a cabeça.

- Vamos para casa? - pergunto com incredulidade. - Você nem mora mais com a gente. - digo com frieza.

- Vamos para casa. - ele volta a repetir com o mesmo olhar de ternura que carregava quando éramos menores. Soluço. "Ótimo! Tenho uma família disfuncional!" Acabo cedendo. Puxo meu braço e caminho para o gramado. Ele coloca a mão na minha cintura e me ajuda a caminhar. Assim que chegamos perto de sua camioneta, ele destrava e me ajuda a sentar no banco, passando o cinto. Me sinto uma criança indefesa.

Ele fecha a porta e entra do outro lado com o telefone no ouvido.

- Erick? - ele diz. - Estou levando Ayla para casa... Conversamos depois. - ele diz com frieza e desliga. Ele liga o carro e acelera. Olho pelo vidro e vejo as ruas passando. Depois de um tempo ele estaciona e antes de sair, disca o número de alguém. Tento abrir o cinto e é uma luta. - Alô? Trouxe Ayla da festa. O senhor chega que horas? - consigo abrir o cinto e encaro Tony. - Tudo isso?

- Obrigada. - digo e abro a porta do carro. Bato ela e assim que destranco o portão sinto um arrepio na nuca. Olho em volta e meu coração acelera. Olho para o céu. Daqui três dias é noite de lua cheia completa. Sinto um calafrio. Entro e assim que vou fechar o portão, Tony segura as grades e entra pegando a chave da minha mão.

- Quem disse que podia sair do carro? - ele pergunta e começa a trancar o portão. Faço uma carranca.

- Desde quando você manda em mim? - pergunto. Me viro e caminho para a porta. Quase caio enquanto subo, os dois degraus, para a pequena varanda. Tony me equilibra e abre a porta.

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora