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Ouço o restante resmungar e acabo rindo.

- Ei! Vocês vieram me animar. - digo e a música cessa.

- Me escolhe Tony! Eu fiquei dias em cima de uma cama. - Erick retruca. Outra música começa e olho para Tony.

- Escolhe eu! Eu sou a pessoa triste aqui! - faço beicinho e Erick tira a camiseta e lança em minha direção.

- Para de graça praga! - rio. Olho para Tony e ele recolhe as cartas.

- Primeira rodada é eu contra todos vocês. O pior joga comigo. - "Infeliz!" sei que ele acabou de dizer isso para me atingir.

Ele embaralha as cartas e distribui. Começamos e todos começam a jogar mal de repente. Olho para eles boquiaberta.

- Vocês estão fazendo de propósito? - pergunto aturdida.

- Não interrompe, estou concentrado. - Cody diz e olho para eles. Sorrio. Tomo o restante do drink e vejo tudo com mais dificuldade.

- Ótimo! Façam pior que isso. - coloco as cartas viradas sobre o monte e revelo todas as minhas. Tony começa a rir e Camille me encara indignada.

- Não vale roubar! - dou de ombros.

- Não tinha essa regra, era o pior, eu apenas perdi. - digo e olho para Tony. - Embaralha novamente e eu serei a dupla. Quero ver se é bom mesmo. - ele sorri e todos colocam as cartas no monte.

- Isso foi golpe baixo. - Héctor resmunga.

Tony embaralha as cartas e distribui. Reviso minhas cartas e fico chocada, só peguei cartas boas. Olho para ele disfarçando minha animação e ele estende o braço.

- Vem cá. - engulo seco. Ele sempre me chama do mesmo jeito. Tento levantar, mas tudo roda, suspiro, engatinho passando pelo meio da roda e me sento ao lado dele. Ele se curva e sua boca roça minha orelha. - Chega de beber. - me afasto e engulo seco. Agora, parece que cada aproximação dele me deixa nervosa e eu procuro algo nos seus gestos. Olho para ele e sorrio sem graça.

- Positivo. - digo e faço um joinha. Ele olha para os outros.

- Façam as honras. - Amélie faz uma careta.

- A gente vai perder não é? - Erick suspira.

- Vamos.

Começamos a jogar e acabo rindo diversas vezes das expressões de Erick e Amélie. Acabamos ganhando facilmente.

- Uhull! - comemoro.

- Não quero mais jogar, é sem graça, Tony sempre vai ganhar. - Cody diz e se levanta pegando um drink e dançando dentro do quarto. Acabamos rindo da situação. Ele se aproxima e estende a mão. Seguro e sou puxada para cima. Puxo Amélie e de repente todos estão dançando, menos Tony e Héctor que estão sentados no chão. O quarto acaba virando uma baladinha e Héctor levanta apagando a luz. Tudo se converte em uma penumbra e me surpreendo quando Camille liga um pequeno globo de mesa com luzes.

Eles realmente vieram preparados.

Começo a dançar e acabo me soltando mais. Amélie me gira no quarto e dançamos juntas, caindo na risada. Começo a suar e acabo tirando o sobretudo e deixando em cima da cama. Volto a dançar com Amélie e acho que o álcool subiu a minha cabeça, pois realmente ignoro tudo ao meu redor. A música alta e apenas eu existo e claro, Amélie, que me guia e vez ou outra giramos.

A música acaba e logo outra começa.

- Isso é bem mais divertido. - Erick grita e me dou conta que ele está logo atrás de mim, dançando como nunca. Invejo seu molejo. Ele segura minha cintura e me levanta do chão. Gargalho.

- Erick! - grito e apoio minhas mãos em seus braços, para não cair, tudo roda. Ele me põe no chão e me desequilibro, minha sorte é que ele me apoia.

Passamos horas assim e acabo tomando outro drink. No fim, estamos apenas eu e Camille dançando, e eu estou ainda, porque ela não me deixa sentar por nada.

Todos estão deitados, ou na cama, ou no chão. A música muda e me esquivo de Camille. Me jogo na cama, entre Amélie e Erick.

- Chega! Estou morrendo. - digo e ofego. - Preciso de um banho.

As luzes são acesas e me recuso a levantar.

- Todos nós vamos nos aprontar para dormir então. - Levanto e olhar para Camille. Ela sorri. - Vamos dormir aqui. - olho para ela com uma carranca.

- Jura? - ela assente. "Era só o que faltava!" - Eu trabalho amanhã, estou praticamente bêbada e gente... Preciso descansar. - digo e ela dá de ombros e olha para minha roupa.

- Essa roupa é bem chamativa em. - engulo seco e evito olhar para trás. Sei que ela disse isso justamente porque devo estar sendo o centro das atenções. Caminho para perto do guarda roupa e pego um pijama grande. Calça de flanela com regulador e uma regata branca. Sigo para o banheiro e fecho a porta. Me olho no espelho e realmente estou suada.

Tomo um banho e lavo o cabelo. Deixo ele solto e saio. Noto que eles já se organizaram. Tony não está mais no quarto e me pergunto o porquê que ninguém foi para o quarto dele. Josh passa por mim com uma mochila e invade meu banheiro. Olho em direção a minha cama.

- Não cabe todos. - digo. - Podiam dividir, e um pouco dormir no quarto de Tony. - Camille nega e sorri.

- Quer descansar? Dorme lá. - olho para ela e suspiro. Caminho para perto do espelho e cambaleio.

- Acho melhor você descer e tomar um pouco de água. Está bem tonta. - Erick diz. - Quer que eu te acompanhe? - assinto. Caminho para a porta lentamente, me mantendo em pé e assim que abro e atravesso, sinto uma vontade absurda de rir.

Caramba! Realmente estou alterada.

Desço as escadas com o auxílio de Erick e tomo o copo de água. Minha bexiga reclama. Subimos e assim que estou no topo da escada, Erick me solta, me desequilibro e quase caio escadas abaixo. Ele me segura e me assusto quando ouço a voz grave de Tony.

- Cuidado Erick! - ele rosna e olho em direção ao corredor. Me apoio na parede, do lado contrário da escada.

- Ela não caiu. Relaxa... - ele diz. Olho para Tony e ele parece irritado.

- Vocês não deveriam dar tanta bebida a ela.

- Ela está bem. - ele diz arrastado. Olho para Tony e me sinto muuuuito estranha. Franzo o cenho. Ele tem cabelos negros e os olhos são de uma cor indefinida, hora estão mais claros, hora estão mais escuro, sorrio. Sua boca é bem vermelha e talvez eu esteja realmente alterada. Faço uma careta. Eu estou cobiçando meu meio irmão? Olho para seu abdômen e poxa... Por que que ele não usa uma camiseta para dormir? Acabo corando. "Pare de pensar nele dessa forma! Não devia ter bebido Ayla!" Desvio o olhar e olho para seus pés. Bufo.

- Até seu pé é bonito! Isso é muito injusto! - balbucio e ouço a risada de Erick. Olho para ele e aperto as pálpebras focando em seu rosto.

- Você está bêbada mesmo? - faço uma carranca.

- Não. Estou perfeitamente bem, quer que eu faça o quatro? - ele ri alto e Tony revira os olhos. Me equilibro e tento fazer o quatro, mas acabo indo para o lado. Sinto uma mão em meu antebraço e acabo desistindo de tentar. Olho para o dono da mão e sorrio. - Talvez eu esteja um pouquinho... - faço um sinal com o indicador e o polegar. -... assim, bêbada. - ele me encara sério.

- Vem. - ele me puxa e me faz entrar no quarto. - Saiam da cama dela. Ela precisa dormir. - ele diz e suspiro.

- Eu já disse isso, mas ninguém me escuta. - digo com desânimo. Amélie me encara e sorri.

- Por que não dorme no quarto do seu... - Tony rosna e ela se cala. Olho para ele e noto que está na forma incompleta. Faço uma careta e bufo. Puxo meu braço e seguro seu rosto com as mãos. Ele me encara com certo receio e me aproximo mais. Eu nunca parei para analisar a cor dos olhos dele, na versão híbrida. Normalmente é uma cor escura e outras vezes uma cor puxada para o mel, mas nessa forma seus olhos tem raias pretas e são de um amarelo brilhante.

- Seu olho muda demais nessa forma. Por quê? - pergunto.

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A bixa está um pouco alterada °'°

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora