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Ele parece alarmado e se afasta abruptamente, saindo do quarto. Olho ao redor e me sinto frustrada.

- Foi algo que eu disse? - Camille ri.

- Não... Não foi. - ela diz e caminha em minha direção. - Você só pegou ele desprevenido. Que tal descansar? Pode ir dormir lá mesmo, não tem problema, ele não vai te atacar. - pisco vezes seguidas.

- Não acho que seja uma boa ideia. - digo.

- Vai logo. - Amélie diz e surge do lado, me direcionando para fora do quarto. Me equilibro na parede do corredor.

- Gente... Eu acho que... - Eles fecham a porta e fico parada olhando a audácia deles. Caminho para a porta do quarto de Tony e bato gentilmente. "Preciso fazer xixi! " Ele demora abrir e acabo abrindo a porta sozinha. Entro apressada e encontro ele a centímetros da porta, quase dou uma portada em seu rosto, entro e caminho para o banheiro, me escorando nas coisas. - Preciso fazer xixi! - escancaro a porta e desço a calça, Tony fecha a porta em segundos e finalmente, alívio.

Depois de terminar e lavar as mãos, saio do banheiro e sinto que flutuo. Droga... Às vezes passo dos limites com as coisas e sei que amanhã vai me bater o arrependimento. Acabo rindo da situação. Não é de rir, mas sinto vontade. Tony levanta e me ajuda a caminhar para a cama.

- Não deveria ter bebido tanto. - ele resmunga e me deito fechando os olhos.

- Sem broncas. - digo e olho para ele na penumbra. Seus olhos brilham e sorrio. - Quando você está com a transformação incompleta, você é mais humano ou lobo? - pergunto e ele me ignora, se deita ao meu lado e me cobre.

- Dorme, amanhã você trabalha e eu também. - ele diz. Encaro seu rosto, ele fecha os olhos e minha curiosidade aumenta, levo a mão para sua boca e afasto os lábios, as presas realmente são grandes, ele abre os olhos e rosna. Afasto minha mão e sorrio.

- Você já beijou alguém desse jeito? - ele suspira.

- Dorme Ayla, para de fazer tanta pergunta. - ele diz e suspiro. Faço uma careta. Tony volta a fechar os olhos.

- Mas eu não estou com sono. - resmungo.

- Está sim. Agora dorme... - ele diz sonolento e abro a boca para falar, ele sorri e abre os olhos tampando minha boca. - Eu juro que vou passar uma fita na sua boca se não dormir. - faço uma carinha de cachorro que caiu da mudança e ele tira a mão. Olho para seu rosto com expressões divertidas e foco nas presas aparentes enquanto ele sorri. É a primeira vez que vejo ele tão de perto e não vejo ele como família. Toco seu rosto e encaro seus olhos brilhantes.

- É errado eu querer saber como é te beijar? - ele suspira.

- Você está bêbada e amanhã vai se arrepender do que está dizendo, apenas durma. Lembra? Não sou humano. Não tenho a mesma resistência que um, então não me provoque. - assinto e ele fica sério. - Bom... Agora dorme. - ele diz e sua voz se aprofunda. - Se quiser, de verdade, saber como é dormir com um híbrido, te ensino, mas esteja consciente de tudo e não assim, embriagada. - ele diz e segura minha nuca, puxa minha cabeça, e deposita um beijo em minha testa. - Boa noite Ayla.

***

Acordo sentindo um peso em cima da minha barriga. Assim que tenho consciência de que estou acordada, sinto uma dor de cabeça infernal. "O quanto eu bebi?!" bufo. Amélie literalmente deve ter engordado, porque nunca vi um braço pesado como o dela. Giro na cama e abro os olhos, me arrependo de girar. Engulo seco. Meu coração dispara, meu rosto fica a centímetros do rosto de Anthony. Ele dorme tranquilamente e me pergunto como vim parar aqui.

Começo a repassar a noite anterior e meu rosto queima. Céus! Encaro Tony morrendo de vergonha e agradeço por ele ainda não ter acordado. Me desvencilho de seu braço e me sento na cama. A imagem de semanas atrás, dele na minha cama, e nu, retornam. Levo as duas mãos ao rosto e me amaldiçoo. Abro os olhos e encaro ele. Céus...

Me pego imaginando como seria se por acaso ele realmente me mostrasse como que um híbrido pega uma mulher e quero me chutar. Me sinto péssima. Estou fantasiando sobre Tony?! Sinto meu corpo estranho e quente e droga... Espero que seja o álcool que ainda não saiu do meu sistema que esteja falando mais alto. Foco os olhos em suas costas, ele como sempre, está de bruços. Cada músculo marcado embaixo da pele parece ter passado por um bom treinamento, mas sei que ele não faz academia. Me assusto e paro de prestar atenção em seu corpo quando ouço um gemido gutural, quase um rosnado, seu corpo tensiona e olho para seu rosto.

Acordou.

- Sai da cama. - ele diz com rispidez e saio assim que sou ordenada. Meu coração está parecendo um festival de música, me sinto super desconfortável e envergonhada quando percebo que ele se senta e puxa um travesseiro para o colo. Ele aponta a porta do quarto. - Vai embora. - assinto e me sinto realmente pior. Profunda rejeição e frustração me tomam. Caminho para a porta sem discutir, prefiro não saber o que foi que mordeu ele.

Saio do quarto e olho para a porta do quarto, agora fechada.

Fecho os olhos e me amaldiçoo. As coisas estão ficando cada vez mais estranhas. Saio do corredor e caminho para meu quarto, tento abrir a porta, mas é impossível, está trancada. Cerro os dentes e fecho as mãos em punho. Olho para a porta do quarto de Tony e me sinto mais irritada ainda, sei que eles fizeram isso de propósito. Caminho irada para o quarto de Tony e abro a porta. Ele não está e entro novamente fechando a porta. Me sento na cama e cruzo os braços. Depois de um tempo, ele sai do banheiro e mantenho minha cabeça baixa, prefiro evitar pegar uma visão indesejada, mas ele se abaixa na minha frente e noto que está vestido. Encaro ele.

- Que horas são? E... - respiro fundo. - Você sabia que eles iam armar isso? Participou disso? - solto e ele nega, continua sério, quero apenas arrancar esse olhar severo do rosto dele.

- Não. Não sabia, cheguei e vocês já estavam bebendo e eu tinha duas alternativas, vir para o quarto e não dormir, imaginando o que estavam fazendo, ou, ir e participar. - assinto. Ele se levanta e caminha para perto do criado mudo, pega o relógio e coloca no braço, conferindo o horário. - Relaxa... Ainda é dez e vinte e três. - ele complementa. Suspiro.

- Desculpe. Pelo que disse ontem... - ele me olha de relance e se joga na cama, deitando e me encarando, apoia as mãos atrás da cabeça, usando como travesseiro e sou obrigada a não olhar em sua direção.

- Você está agindo diferente... É a primeira vez que está deixando seu cheiro mudar de normal, para intenso, sabe o que significa? - nego e ele sorri como nunca vi antes. É um Tony que desconheço, já que é a primeira vez que ele sorri dessa forma, abusada. - Tenho carta branca, finalmente, para deixar de agir como seu irmão.

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Tinha esquecido o capítulo de ontem skksksksksks

O conto do Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora