Ventos nostálgicos

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– Fico feliz Son Kun, farei de tudo para te ajudar, pode deixar! – garantiu a garota de cabelos azuis.

– Obrigada Bulma, isso é muito importante pra mim – respondeu Goku.

Os orbes turquesas recaíram sobre o livro entreaberto no colo de Son, que tinha o polegar no meio dele como se marcasse uma página.

O pequeno livro de cor roxa e letras negras e prateadas tinha uma escrita da capa cursiva muito bonita e tinha algumas silhuetas de aves que voavam. Bulma sempre o via lendo o livro, mas nunca o perguntara o que era aquele livro...sem perceber franziu o cenho, pensativa, encarando o livro por um tempo.

– Curiosa? – ele perguntou com uma voz macia e Bulma se recompôs.

– Me conhece...curiosidade é um dom natural – riu Bulma, ligeiramente corada dando um soquinho no ombro de Goku – e então? O que há por trás desse livrinho grosso?

Goku a fitou por alguns segundos.

– São contos, uma coletânea. – ele disse, com a mente vagueando.

– Contos? – Perguntou curiosa – de que tipo? Pervertido? Amor? – riu, vendo a face do amigo corar.

– Não...definitivamente não é pervertido – defendeu-se Goku, ainda corado.

– Então...me fala mais...fiquei curiosa!

Goku desviou o olhar para a passagem rápida de ambiente que acontecia no túnel do metrô, eram quase hipnóticas as luzes que passavam depressa e nele tinha o poder de levar sua mente para longe...

– Você vai achar meio brega, sei lá... – disse ele, voltando a olha-la.

– Sério, Son Kun? – riu Bulma – deixa disso, achei que já tivéssemos rompido essa barreira, prometo que não vou rir tá bom?

– Tá – ele suspirou – então...são contos que trazem a jornada da alma... tipo o reencontro de seres celestiais...o passado fundido ao presente de alguma forma em busca do futuro... ligações antigas...assuntos inacabados ...esse tipo de coisa e isso é contado através de contos de amor.

– E você acredita mesmo nessas coisas? – Bulma não ria, apenas o fitava, analítica.

– Eu... – ele hesitou, aquele era um assunto um tanto delicado para ele – sabe Bulma alguma vez já te aconteceu de quando você olha nos olhos de alguém e simplesmente sabe que não são estranhos nesse mundo...alheios...como se não precisasse de uma única palavra para se comunicar porque se conhecem e são tão íntimos e se pertencem de uma forma tão intensa e naquele olhar você é capaz de se ver refletido nele porque...porque o tempo parou por um segundo em várias horas apenas para que todo o sentimento e bem querer inexplicável surja por alguém que você nunca viu antes, mas tem plena certeza que conhece a milhares de anos de formas diferentes?

Os olhos de Bulma brilhavam no seu inconfundível turquesa intenso olhando a imensidão negra a sua frente e sente seu coração despencar e ao mesmo tempo uma sensação estranha e saudosista de que tudo aquilo que ele falou fosse realmente real e possível...

– Eu...nunca senti isso, eu acho – ela disse, dando um curto sorriso de lado e desviando o olhar – e você? Já...provou disso?

– Estranhamente já..., mas tenho algumas reticências sobre o assunto.

– Por quê? Fala! – Bulma pediu.

– Eu tive isso uma vez quando eu era um pivete – ri Goku – e a perdi...ela...foi embora e nunca mais a vi de novo, então eu tenho que acreditar...

– Acreditar? – ela repetiu.

– Sim, acreditar que se de alguma forma aquela garotinha era minha alma gêmea um dia ela vai voltar pra mim...dizem que o universo conspira né? – suspirou – mas não importa muito agora... – ele mudou o semblante – eu vou me casar, te contei?

Uma carta para você (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora