Ciúmes e contradições.

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"É belo, e de uma calmaria infinita interior, contemplar o cair das flores e folhas arrancada pelas rajadas mais fortes do vento, a arvore é forte, ela está firme e segura presa ao chão, suas raízes se expande e garante que ela jamais saia dali, no entanto ela em sua forte existência consegue ser afetada pelo tempo, e pelo vento... despida, intimidade, mudada e muitas vezes morta... mas ainda assim, quando os ventos a tocam e a despem de sua folhagem e suas flores que a decora não enxergamos o que ela está perdendo, olhamos a beleza que é produzida a seguir... e quanto a arvore? Despida, é agora esquecida e se torna feia aos olhos, e a quantas tempestades a mais ela sobreviverá? ... não se pode saber..."

... consegue ver? Consegue ouvir?

Os sons dos tuntuns ecoavam forte, e diante dos olhos ônix que brilhavam avidamente frente da pequena janela de imagem, o seu pequeno intruso estava mais agitado do que nunca, peralta que só ele, tinha uma vidinha animada ali e ela riu sentindo a face levemente úmida, e se ele perguntasse: "está chorando mamãe? Porque está chorando?" ela certamente responderia: "são lágrimas de alegria e amor meu pequeno anjinho!"

E incapaz de dizer mais apenas consentiu, e deslumbrou-se com tudo que era dito e mostrado. Ao final ela se recompôs e saiu dali com tantas coisas na cabeça, tanto a compartilhar... estava eufórica, feliz...

Pegou o celular e começou uma mensagem para o seu Son, mas desistiu no meio dela, não poderia simplesmente falar assim pelo telefone, não é? A sua felicidade era grande demais pra simplesmente fazer algo tão frio quanto uma mensagem, e talvez seu espirito estivesse mais animado. Afinal quanta coisa boa estava acontecendo? E ela estava bem mais resoluta depois de voltar da pequena viagem pós casamento que fizeram para o sul, para as praias mais quentes. Voltar a sua rotina foi bom, se realocar na faculdade, concluir seu projeto – este que particularmente lhe rendeu o que tanto buscava – não podia dizer que até ali havia infortúnio na sua vida... não, ela estava de fato feliz por tudo que tinha.

Os olhos claros olhavam ansiosos no pequeno palito branco a sua frente, ela queria tanto aquilo, esperava e desejava... os minutos pareciam intermináveis e logo os olhos desanimaram-se ao ver que o resultado não era o desejado. Frustrada e irritada ela descartou o teste rápido de gravidez no lixo e deslizou as mãos pelos cabelos vermelhos se encarando frente ao espelho do banheiro. Tombando um pouco de lado o pescoço despido dos fios ela via as marcas na pele levemente arroxeadas, marcas estas feita pela boca do marido na noite anterior e ela deslizou os dedos por cima pensando que ele bem que poderia pegar mais leve naquilo, se bem que não podia reclamar que ele não a desejava agora, porque nos últimos dias ele parecia mais insaciável do que nunca, na verdade ela nem ao menos se lembrava de alguma vez ele ser assim tão intenso. Mas isso era uma coisa boa não era? Era sinal de que ele a amava muito, não é?

Respirando fundo ela apenas alinhou os cabelos e os prendeu em um rabo de cavalo e usando maquiagem encobriu aquelas marcas e se vestiu para sair, era dia de compras e ela gostava particularmente desse dia.

Em poucos minutos ela estava junto de Gine que aguardava mais uma pessoa se juntar a elas.

—Ela ainda vai demorar? – disse levemente irritada com o atraso

—Se quiser ir na frente eu a espero – disse Gine displicente e viu Suno franzir o cenho e bater o pé irritadamente ansiosa e talvez Gine soubesse o motivo de tal irritação – fez o teste? – perguntou

E Suno como que traga de volta a realidade a olhou ainda um tanto zangada

—Não deu nada, de novo – disse zangada e Gine sorriu

—Tenha paciência, quando você parar de se preocupar e tentar tão desesperadamente a coisa acontece sozinha, como dá primeira vez – disse serena – age como se seu casamento dependesse única e exclusivamente de um bebê, são jovens ainda...

Uma carta para você (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora