Libertando-se das amarras

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Você está feliz neste mundo moderno?

Ou você precisa de mais?

Existe algo mais que você está procurando?"

Ela caminhava despreocupada pela avenida larga e movimentada do centro da Capital do Oeste, em uma das mãos algumas sacolas, e caminhava com certa graça no alto dos seus saltos. Ao lado direito, Mika, sua amiga a acompanhava no auge dos seus oito meses de gestação e do lado esquerdo Sanka, uma das suas amigas de longa data e companheira de faculdade. Ela não havia compartilhado com nenhuma delas o que havia acontecido em Okinawa, não que não achasse importante, apenas não queria alimentar mais pena de si mesma, já bastava a que ela estava se dando todos os dias em frente ao espelho desde que haviam voltado de Okinawa. Quanto a fugir do marido? estava se tornando uma tarefa árdua diante das constantes insistências descabidas dele, mas ela sabia que era apenas uma mera questão de tempo, e odiava a forma como para Goku era tão fácil empurrar todo aquele lixo pra baixo do tapete.

Mas, felizmente, seu período de luto interior estava começando a chegar ao fim. Naquela manhã em particular ela abriu o seu armário e percebeu como tinha coisas demais, o que a deixava tão pesada... de que adiantavam as preces, se, no final, os Deuses não olhavam realmente para problemas tão banais? Talvez estivessem ocupados demais com algo mais importante, como as guerras, em vez de olhar meramente para uma pessoa iludida e com um péssimo matrimonio. Ela sorriu dos seus próprios devaneios e parou frente a outra loja que tinha uma vasta gama de possibilidades de looks joviais que estavam em alta naquela temporada. Cores... talvez sua vida precisasse disso.

– A Empório Yukata, está com muitas novidades e a... – Mika começou.

– Eu tenho yukata demais, na verdade tenho coisas demais... de sobra... talvez eu devesse reduzir tudo, a começar pelos kimonos e yukatas – disse Suno, olhando para a vitrine e deu um sorriso com a própria ousadia de mudar.

Mas ao virar-se para Mika, viu uma face como se tivesse blasfemado; já Sanka parecia bem aberta a novidade.

– Bom... quem sabe tenha coisas legais nessa temporada, dá uma chance! – falou a garota de cabelos castanhos à amiga gestante, entrando logo depois de Suno na loja.

"Estou caindo

Em todos os bons momentos

Eu me vejo almejando uma mudança

E nos momentos ruins, eu tenho medo de mim mesmo"

– Então, está animada? – Suno perguntou, sem muita empolgação, à amiga que havia ficado noiva a pouco.

– Ah... claro! – disse Sanka, com um enorme sorriso, e Suno teve vontade de rir descontroladamente, no entanto se segurou, por cortesia à amiga. – Fomos feitos um para o outro – disse Sanka – o amor transforma a gente e... eu o amo tanto...

– Que bom! Torço para que sejam muito... felizes... merecem, sem dúvidas, aliás, você merece ser feliz Sanka-chan! – disse Suno e sorriu gentilmente – aproveite cada instante desse amor, antes que seque. – disse, e, então, pegando algumas peças, entrou no provador deixando a amiga chocada.

– O que aconteceu com ela? Tá tão amargurada? – perguntou num murmúrio Sanka a Mika.

– Tenho certeza que é porque ela não consegue ter um filho do Goku-Sama... ela anda tão desanimada. – Sussurrou a outra em resposta.

– Deveríamos animá-la, não quero alguém triste no dia do meu casamento. – disse Sanka, com um bico.

Tentando ser mais afável possível, Suno percebia como tudo aquilo agora parecia tão superficial, porque não importava... as lembranças que afogavam sua mente eram das dúvidas que tanto ela teve antes de se casar, antes de jurar tudo aquilo a quem não merecia jamais sua lealdade, ou sua gentileza, sua submissão... ela disse, teve dúvidas, temeu, mas todos só sabiam a acalmar com um: ele te ama, vai ficar tudo bem, ele está apenas nervoso... tudo vai mudar...

Uma carta para você (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora