Uma carta para você (concluído)

Sentimentos quebrados

Estou dando tudo o que posso

Mas tudo o que você faz é estragar as coisas

Sim, estou bem aqui

Estou tentando deixar claro

Que ter metade de você simplesmente não é o suficiente"

Naked - James Arthur

A cintura foi laçada com uma cinta simples em seda preta, o laço delicado foi feito e a saia godê de mesma cor foi ajeitada, seu comprimento até os joelhos dava um ar elegante. A blusa era branca com bordados florais delicados no tom preto, joias simples e delicadas estavam atreladas ao corpo nos seus lugares de destaque. O salto stiletto preto, tinha um solado vermelho e um acabamento extremamente delicado e polido lustroso e deixava a estatura de sua usuária próxima a do seu marido. Os cabelos presos em um coque tradicional e bem penteado tendo um adorno muito discreto e delicado... Deslizou sobre os lábios o batom rosado nude reforçando e conferindo a maquiagem impecável mais uma vez. Pegou a sua bolsa preta e saiu ao encontro do marido que estava em pé e brigava mais uma vez com a gravata.

Ela deixou a bolsa sobre a poltrona, e, ficando frente a ele, segurou a gravata e começou a fazer o nó apropriado, e, apertando, ela ajeitou o colarinho da blusa, deixando de forma impecável a vestimenta. No entanto, mesmo diante daquele ato, seus olhos claros mantiveram-se concentrados no que fazia, e, evitavam a todo custo encontrar os dele. Ela então se afastou, pegando sua bolsa novamente.

– Obrigado – ele disse olhando-a com certa ansiedade, a verdade era que tudo estava completamente obscuro agora entre eles, com tudo que foi dito, com todas as verdades em jogo...

Ela tinha todo o direito de ter raiva, ele sabia, entendia, mas não era a hora, nem o lugar de tudo aquilo ruir como acontecera. Que ele estava atrelado a ela, sim, ele estava, mas nada pior que estar atrelado com tudo dando errado. Porque por mais que tudo fosse ruim ou estivesse ruim, ele tinha que concordar, ela se esforçou para que tudo ficasse bem, e agora, ele não tinha Chichi, e não tinha a melhor união com Suno. Se as coisas se concertariam sozinhas? Ele não sabia, mas não deixaria suas fichas em jogo assim, e se fosse para fazer isso, algo de bom deveria sair e ele teria que trabalhar por isso.

Pegando o celular, ele colocou no bolso e os dois saíram da suíte. A porta do elevador se abriu dando passagem para o casal e assim que entraram, Goku colocou a mão travando a porta para que o outro casal, que também saia naquele instante, pudesse entrar.

– Bom dia Otouto – disse Raditz ao irmão e Goku meneou a cabeça em um comprimento, permanecendo em silêncio.

Chichi, por sua vez, ficou ao lado de Raditz no lado contrário a Goku e à frente de Suno. O que quer que tivesse acontecido na noite anterior, ficara em suas respectivas suítes.

– Bom dia Son Goku, Son Suno. – disse Chichi sem virar-se, apenas torcendo levemente o pescoço e de forma muito formal.

– Bom dia. - responderam uníssonos Goku e Suno.

– Eu... gostaria que me acompanhasse hoje Suno, tem algumas visitas curtas que eu programei. – Chichi disse de forma quase formal.

– Ficarei honrada em acompanhá-la – disse Suno mecanicamente e Goku a olhou de soslaio não sabendo mais se aquilo era tão boa ideia assim.

Mas era tarde pra qualquer coisa, ele havia se decidido e agora não voltaria atrás em nada, em nenhuma de suas decisões e rezava a Kami que finalmente estivesse fazendo o que deveria fazer.

♦

Entre sorrisos fingidos, excessivos, elas estavam se comportando muito bem pelo que ambas haviam vivido na noite anterior. Aquela reunião era o mais puro reflexo de hipocrisia, e com o olhar negro que corria por todo o lugar, Chichi se perguntava quantas daquelas mulheres estavam verdadeiramente felizes em estar ali, ou melhor, felizes com a magnífica vida que era pregada por seus maridos. Homens fortes, homens de honra, de família, de negócios... o que havia por trás de cada sorriso fajuto? de cada cumprimento formal? Quantas melancolias havia, quantos acordos tinham sido estabelecidos? Quanta dor um coração poderia suportar?