capítulo oito.

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— Daria para gemerem mais baixo? Tem crianças no recinto. — eu quis rir alto da voz da dona Elisete do outro lado da porta mais o Júnior, que agora estava encaixado em mim, frente a frente. Fez shiu com o dedo que tem a tattoagem da mesma palavra e eu deitei meu rosto em seu ombro.

— Foi mal, aê! — meu marido gritou e abafou o riso, ficamos quietos ouvindo os passos da nossa governata se afastar do lado de fora e o Júnior estapeou minha bunda antes de sair de dentro de mim. — Viu só, sua escandolosa?!

— Ah é sou eu, sim. — ri e me vesti bem rápidinho enquanto ele fazia o mesmo.

Sempre foi meio louco mesmo depois de tantos anos a nossa conexão sempre é a mesma, nunca se deixou se perder em meio as nossas brigas ou afastamentos bobos. E eu posso dizer que sou grata por isso, porque além do nosso sentimento tudo o que fazermos ao dar prazer um ao outro me faz sempre querer mais.

Não sou sonsa de dizer que pelo menos á um ano nos dois estamos brigando além do normal e com isso tem até dormidas em quartos separado ou até dias sem trocar uma só palavra, sei que tudo isso não é apenas sobre a minha profissão ou o quanto eu estou focada nisso... tá, talvez eu tenha sim um pouco de culpa, mas o Júnior também vem fazendo coisas que me irritam como por exemplo: insistir em ter mais um filho.

— Você está tomando a injeção?

— Claro que sim. — falei como se fosse óbvio e reprimi a vontade de revirar os olhos em mais uma vez ele estar entrando nesse assunto. — Júnior, você não vai querer voltar a brigar de novo por isso né? — bufei frustada e terminei de abotuar a minha camisa, ele deu de ombros tristonho e saiu do escritório sem dizer mais nada.

PORQUE MEU MARIDO É TÃO COMPLICADO?

Neymar Júnior.

PORQUE MINHA MULHER É TÃO COMPLICADA?

Eu não estou sendo igoísta em pedir um filho a ela, não estou. Se ela soubesse o quanto eu desejo isso e o porquê, já teria mudado de idéia.

Não que ela tenha obrigação em atender e fazer todos os meus pedidos sem questionar ou bater o pé dizendo que não quer.

É foda, irmão. É foda.

Por mais longe que já tenhamos ido, eu ainda assim sinto falta de algo que complete a nossa família e por saber que daqui algum tempo eu já esteja velho demais para correr atrás disso, me sinto frustado e totalmente inútil.

Passei pela dona Elisete e a mesma riu bem baixinho e eu só dei de ombros, depois falaria com ela. Não que seja a primeira vez que ela ouve algo, mas da mesma forma eu deveria dizer algo não é?

Entrei no closet e busquei por um conjunto de moletom, uma cueca e entrei no banheiro, tomei um banho absurdamente quente no ponto de sentir minha pele se esquentar em segundos, esfreguei meu rosto tentando organizar o pouco da zona que estava a minha mente. 

Vesti minha roupa e coloquei um tênis, no eclã do celular vi que marcava pouco mais das nove da noite, joguei o mesmo no bolso, junto com a carteira, enfiei um boné na cabeça e desci direto para a garagem.

Dei partida para um restaurante pouco movimentado e estacionei, desci, travei o carro e pedi por uma mesa bem no fundo, com pouco destaque e muito socego.

— O mesmo de sempre, Sr. Santos?

— Sim por favor, mas hoje pode trazer um duplo. — afirmei sobre o meu conhaque ao garçom medeiros que sempre me atendia. Logo ele voltou e me deixou o meu pedido, se afastando em seguida.

Minha mesa mesmo bem distante, tinha em sua lateral a parede sendo de blindex, me dando visão da rua que nem tinha tanto movimento assim, mas me destraía sempre que eu vinha aqui.

No meu olhar. 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora