capítulo cinco.

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Júlia 🍓

Já tinha se passado alguns dias e meu pai ainda me olhava meio torto, depois daquele dia na sala quase não nos falamos mais.

Vallen e Davi engataram a ficar e parece que o meu irmão tomou um pouco de vergonha na cara e sucegou o fogo do pinto.

Mesmo o Felipe sendo um escroto comigo, nos conversamos e bom... nesse exato momento estou na rua de trás da escola, dentro de uma sorveteria esperando o mesmo chegar.

— Já pediu Julinha? — neguei e ele jogou a mochila dele em cima da minha, numa cadeira.

— Esperei você chegar. — sorrir sem mostrar os dentes e ele concordou, acenando para a garçonete.

— Quero um sorvete na cestinha com duas bolas de flocos e uma de chocolate. E você jú?

— Também na casca, mas sendo todo de morango com cobertura de chantilly.

— Ok, já vou trazer. — ela anotou e se afastou de nos dois.

Minha perna balançava em ansiedade e o Felipe estava me encarando de um jeito diferente.

— Que foi?

— Não...nada. É... — ele coçou a nuca e eu ergui minhas sobrancelhas e ele bigarreou. — Quero me desculpar pelo jeito que falei naquele dia. Foi bem escroto, foi mal, Julinha.

— Foi péssimo!!

— É, foi...

— Mas tranquilo, desde que você não seja de novo um imbecil. — fiz careta e ele balançou a cabeça concordando. — Mas e ai? Meu pai te assustou né?

— Orra! Tá louco, tio Ney é mó bravo.

— É apenas ciúmes dele. — dei de ombros e a garçonete nos serviu o nosso sorvete. Agradeci a mesma e enchi a colher a colocanda na boca.

— Ele sempre é assim?

— Como? Ciumento?

— É, e, agressivo. Porque ele não teve pena em me ameaçar. — ele murmurou e encheu a boca com o sorvete dele.

— Meu pai é super de boa, até que apareça um menino afim de mim ou que demostre o mínimo possivel de interesse.

— Ah é? E se namorassamos eu teria que fazer um seguro de vida, no mínimo.

— Namorar? — de alguma forma me engasguei com o sorvete e foi patético.

Felipe dava tapas leves para tentar me ajudar e parecia ficar cada vez pior.

Deus do céu, que vergonha!

— Melhorou?

— Ahn...hm.. acho que sim.

Depois disso não voltamos ao mesmo assunto, Felipe falava sobre algumas voisas da faculdade de direito dele e eu sobre o último ano do colegial, finalmente.

Depois de tomarmos o sorvete, Felipe me deixou em casa e eu entrei indo direito para o meu quarto, precisava de um banho e me trocar já que na hora do engasgo, acabei sujando minha roupa.

— Filha?

Dei um resmungo e tirei a toalha da minha cabeça, entrando no banheiro para secar meu cabelo com o secador.

— Não vai mesmo falar comigo?

— Esta tudo numa boa, pai. — dei de ombros e sequei meu cabelo com ele ainda ali me encarando.

— Quer tomar um sorvete de morango? — olhei para o meu pai e o seu rostinho era bem daquelas crianças que fazem caras fofinhas quando querem algo.

E também é sorvete de morango, né. Nunca recuso, mesmo tendo comido há alguns horas.

— Quero! — ele beijou meu rosto e saimos do meu quarto, entrei na salinha de jogos e meu pai apareceu logo depois com um pote de sorvete e duas colheres.

Começamos a comer em puro silêncio, talvez meu pai não soubesse o que falar ou só iria ficar quietinho para não fazer tudo desandar mais uma vez.

— Estava me lembrando da sua festa de quinze anos. — ele soltou uma risada nasalar.

— Que você cantou aquela música, meu Deus pai! Eu morri de vergonha. — eu enchi outra vez minha boca e ri assim mesmo.

— Ahhh, para. Você bem que gostou, tava toda chorosa.

— Tá... tudo bem, um pouquinho, só um pouquinho.

— Como que é mesmo? 15 anos faz agora,
É de alegria que meus olhos choram
Meu pequeno anjo que agora fascina
Para mim vai ser sempre minha menina.

— Pai!!!! Filha onde você vai
Pode não sobrar um lugar pro seu pai
Mas tenha certeza que eu vou sempre estar
Perto de você onde quer que vá — gargalhei alto e ele estava em pé na poltrona, cantando enquanto fazia a colher de microfone.

Não é que eu vá te vigiar
Não é que eu queira ser seu dono
Isso é só um cuidado de pai
Filha eu te amo.

Definitivamente eu sou louca por esse homem mesmo com todos os nossos cabos de guerra.

Passamos até o anoitecer ali, maratonamos filmes bem clichês e depois minha mãe apareceu nos chamando para jantar.

No meu olhar. 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora