capítulo quatorze

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Júnior nem me deu o direito de resposta, se afastou de mim pisando fundo de raiva e eu só quis chorar até não aguentar mais. Saí pelos fundos da casa e entrei no meu carro, dei partida e depois de alguns minutos parei em uma rua pouco movimentada estava dificil enxergar o trânsito com o choro junto.

Digitei uma mensagem para a Tia ná e pedi que os meninos ficassem com ela hoje. Consegui me acalmar e voltei a dirigir indo para casa. Foi apenas eu sair do carro para meu telefone apitar anunciando uma ligação do escritório, deixei cair para a caixa postal e me enfiei dentro de casa.

Eu estava parecendo a mesma Lorena de muitos anos atrás, de pijama, com um filme  de romance na tv e um pote de sorvete entre as pernas. Eu nem estava prestando atenção no "a culpa é das estrelas", tinha fotos minhas com o Júnior por toda a estante e isso estava me matando porque eu sempre me lembro em qual momento cada uma delas aconteceu.

Meu Deus, o que é que estou fazendo?

Júlia.

Depois da revelação do sexo do bebê, que é um meninho. Eu me dei conta que meus pais já não estavam por ali, preferi acreditar que talvez estivessem juntos e fariam as pazes, mas no fundo sei que não é bem assim.

— Julinha, vamos?

— Vamos?

— Sua mãe pediu que eu levasse vocês lá pra casa, amanhã é domingo então não tem que se preocupar com a escola. — ela dizia calmamente e eu assenti.

— Eles brigaram não é?

— Filha, isso é um assunto deles, não podemos nos meter no que os dois já não querem consertar.

— Tudo seria mais fácil se minha mãe cedesse ao que meu pai pede a ela, vovó.

— Júlia, não é assim que as coisas vão funcionar. Sua mãe viveu inteiramente para vocês por anos, agora que ela esta se sustentando com as próprias pernas e eu a entendo por optar em não ter outro filho agora mas não a defendo em abrir mão por alguns momentos em família, colocando o trabalho acima de tudo.

— Eu fico muito triste sabe vó?! Eu só queria que eles ficassem de bem logo e meu pai voltasse para casa. — Dei de ombros e minha vó me abraçou de lado, me oferecendo seu carinho.

— Vai ficar tudo bem, jujuba! Você vai ver.

Eu apenas assenti tentando com tudo acreditar nisso, mas do jeito que as coisas vem acontecendo, é cada vez mais difícil.

Chamei pelo Matheus e nos despedimos do pessoal, Davi foi para a casa da Tia Carol e a vovó nos levou para sua casa. Tomei um banho assim que cheguei e me troquei. Fiz o porquinho do Matheus fazer o mesmo e depois de ajudar ele a se arrumar, me joguei no meu quarto, dei play na minhas playlist que tinha no ippad e deixei bem baixinho.

×××××× message ×××××

Valen cara de maça
Ami?
Vamos na festinha do Lohran?

Não tô bem pra sair não, Valen

Valen cara de maça
Seus pais?
ou o Fe?

Meus pais..
Tá ficando foda aturar todo esse furacão deles, não tô aguentando mais ver os dois sofrendo e eu ficar de mãos atadas porque não sei como ajudar.

Valen cara de maça
Ai amiga! Eu sinto muito, de verdade.
Eu amo seus pais, eles são maravilhosos juntos.

Obrigada.

Valen cara de maça
Porque não tenta passar um tempinho com eles?
Faz algo com seu pai, sei lá, assistir um filme, falar besteiras.
Leva sua mãe para sair.
Não sei amiga, sabe que eu sou horrivel com conselhos 😬

Vou falar com eles, obrigada!
Boa festinha! 🥰
Te amo mana.

Valen cara de maça
Tb te amo, puta.
Vai ficar tudo bem

×××××× message ××××××

Iria seguir o conselho delae faria algo com eles e depois iria pensar em algo para os dois fazerem juntos, nisso eu pediria ajuda ao Davi. Com certeza ele vai me ajudar.

Selecionei o contato do meu pai e vi que seu visto era de alguns minutos atrás, ok, vamos lá.

××××××× message ××××××

Paizinho?

Porto seguro ♥️
Oi, amor.
Aconteceu alguma coisa?
Tá precisando de algo?

Sim, quer dizer. Não aconteceu nada.
Mas preciso de você. 🥺

Porto seguro ♥️
Oh meu amor!
Te amo viu?

Pede um uber pra mim, pai?
Estou na casa da vovó, mas quero ficar contigo um pouquinho, pode né?

Porto seguro ♥️
Claro que pode filha.
Eu vou gostar de estar pertinho de você, sinto falta disso também.
Você precisa se arrumar antes?

Não, já estou pronta.

Avisei a vó Ná que iria passar a noite com meu pai e ela ficou toda felizinha, esperei pelo uber já do lado de fora da mansão e em bem pouco tempo eu cheguei ao antigo prédio onde morei com minha mãe, agradeci ao motorista e o mesmo informou que a corrida já estava paga.

Desci e acenei para o seu Alfredo, o porteiro daqui, ele liberou o portão e eu entrei, peguei o elevador e depois de sair do mesmo, toquei a campanhia do apê já que eu não tenho a chave daqui.

— Oi amor!

Eu senti meu peito ficar pequeno de tanto que apertou e pulei no colo dele, recebendo um abraço gostoso em seguida e sentindo sua mão acariciar meus cachinhos. Acabei deixando que algumas lágrimas escapassem e meu pai percebeu.

— Não chora, amor. O pai tá aqui contigo, isso não vai mudar, eu sempre vou estar por perto.

— Então volta pra casa, pai. Eu não aguento mais isso. Por favor.

— Filha...

Me soltei do abraço dele e caminhei até o sofá, ele fechou a porta e sentou do meu lado, me puxando para perto de novo. Deitei meu rosto em seu peitoral e deixei me levar por seu cafuné desajeitado.

— As coisas não são assim, Júlia. Eu juro que o que eu mais desejava era voltar para nossa casa e ficar com vocês.

— Como assim desejava?

— Eu vou dar o divórcio para sua mãe.

No meu olhar. 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora