capítulo vinte e três

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Narrador*

O jogo em si já começou quente, a nação rubro negra gritava seus cantos e hino. Era estridente o quanto o nome do astro da noite: Neymar
ehhhh ohhh.

Quantas crianças por ali tinha há pouco tempo o conhecido e mesmo assim já o idolatravam, mesmo que tudo estivesse a menos de noventa minutos para acabar todo o encanto, mas nada tiraria a grandesa e o enorme talento daquele menino homem, de suas ainda pequenas memórias.

Outros ali já se passavam de seus vinte anos, tinham memórias inesquecivéis daquele jogador. Até arriscaria dizer que seus corações pulsavam tão loucamente quanto o do atacante. Os tuntuns se misturavam aos cantos e berros de uma nação enlouquecida.

O time adversário não deixava a quentura do jogo se esfriar, mas quem seria capaz de segurar o Clube de Regatas Flamengo no auge de uma final histórica de mais um carioca?

Catherine Bascoy.

Eu passei toda amanhã com aquele formigamento horrivel, estava até ficando com um certo medo e fiquei atenta a qualquer rastro de sangue e até então estava tudo indo muito bem... A minha tv já estava ligada na transmissão do jogo, meus pelos se arrepiavam a cada vez que algum jogador adversário se aproximava do Júnior. Eu estava calma até ter noção do quannto por qualquer toque eles o jogavam no chão e sempre o Júnior levantava com um sorriso debochado nos lábios. Chegava a reclamar em alguma das vezes mas logo se saía dando risadas. Aos dezoito do primeiro tempo ele possuiu a bola e por alguns segundos eu pensei em ter apenas ele e a bola em campo. Suas pernas se remexiam com agilidade e com toque certeiro de fora da aérea acertou a rede com tudo marcando um puta golasso. Gritei tão forte que sentia minhas cordas vocais a ponto de explodirem. O sorriso enorme no rosto dele fazia outro brotar no meu rosto sem ter capacidade de calcular o tanto que eu estava euforica, gravei um aúdio pra ele e deixei enviar para que ele ouvisse depois. Me recuperei, me acalmei e sentei. O primeiro tempo ainda se fechou com mais um gol para o flamengo, Júnior fora falar bem rapidamente com os reporteres e logo adentrou no vestiário.

- Ai! - remunguei sozinha e me encolhi no sofá, diminuindo um pouco aquele incômodo. Logo estavamos no segundo tempo e eu já não tinha mais unhas para roer. Júnior estava sendo ainda mais encuralado e aquilo estava me dando nos nervos. Em uma disputa de bola com mais dois jogadores em uma cabeceada, ele foi atingido e caiu sentado com a mão no rosto e eu senti todo meu corpo gelar, gritei de susto e minhas pernas se esquentaram. Senti minha calcinha se molhar, olhei para o meu shorts e vi uma marca pequena de sangue.

- Meu Deus! - sussurrei e peguei meu telefone discando o primeiro número que me veio a cabeça. Minha mãe me atendeu e eu tentei resumir o máximo que iria conseguir para não assustar ela e pedir ajuda.

Neymar Júnior.

Eu estava em puro extâse e mesmo com aquele corte nada pequeno no meu supercilio direito, eu terminei jogo bem, com garra, com vontade e acima de tudo com o amor que eu tenho pelo meu futebol. Marquei mais um gol e ganhamos a partida, o campeonato. Meu peito chegava a pulsar a minha pele de tão forte que meu coração batia. A medalha pesou em meu pescoço e a taça também assim que a ergui, era estranho o quanto tudo aquilo se passava na maior lentidão possivel ou o meu corpo que havia me preparado para aproveitar e guardar todos aqueles minutos de euforia, alegria e despedida. Participei de uma entrevista bem rápida e depois me livrei deles para tomar um banho e me trocar.

Quando consegui finalmente chegar no camarote da minha família, foi inevitável não procurar por ela. Depois de abraçar e ouvir tantas coisas meu olhos só buscam por um cabeleira loira. Mas foi sem sucesso.

- Ela foi embora já, major! Tava passando um pouco mal depois que você se machucou aí. - Gil apontou para o meu rosto e eu assenti meio chateado, cocei minha nuca e dei de ombros.

No meu olhar. 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora