capítulo quinze.

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— Você não pode fazer isso pai, por favor. — senti minha garganta queimar e eu olhei, seus olhos se desviaram dos meus e ele ficou encarando a parede por um tempo antes de me responder.

— Vai ser melhor assim, eu tô cansado de toda essa confusão Julinha. Me desculpa, mas vai ser o melhor a se fazer. — suspirei tristonha e ele secou o rosto dele com bastante pressa. — Quer comer sorvete? — seu riso saiu frouxo, vazio.

E isso doeu demais. Concordei e ele me puxou para a cozinha. Me sentei no mármore da bancada e logo meu pai também sentou ali, com duas colheres e um pote de sorvete de flocos.

— Recebi uma proposta para encerrar a minha carreira no flamengo e eu... eu vou ir.

— Você sempre sonhou com isso não é? — sorri de canto e ele assentiu dando um sorriso largo.

— Vai ser foda o maracanã cheio e eu jogando, oh, fico até arrepiado. — ele esticou os braço e eu ri.

— Eu fico feliz por você, papai. Quando você vai?

— Ainda estou acertando, mas acho que até o fim do ano já esteja tudo certo e eu devo jogar a próxima temporada inteira do brasileirão e será meu último ano como jogador. — ele dizia diversas coisas sobre o clube e eu realmente estava feliz por ele, ele sempre deixou destacado que tinha esse desejo e eu vou apoiar ele sempre.

Depois do sorvete, eu subi para o quarto que eu tenho aqui, tomei um banho e desci já de pijama.

— Pai, esse ano eu já me formo... e...

— Não!

— Mas pai!

— Não! Eu não vou deixar você sair da casa de sua mãe para ir atrás de mim no Rio, não é justo.

— Pai, por favor! E além do mas, ela ainda teria o Matheus e o Davi por perto.

— Vamos conversar isso depois, sua mãe ainda não sabe que eu vou para o Brasil e eu pretendo contar por mim mesmo. Ouviu né?

— Sim, pai, ouvi. — revirei os olhos e bufei, ele me encheu e acabamos assistindo as branquelas, que apesar de tudo nunca perde a graça.

Lorena

Cheguei bem cedo ao escritório e encontrei  com quem menos queria.

— Ah, então você que é a Rodriguez? Eu já deveria imaginar já que o Júnior me contou que você havia se formado.

— Como que é?

— Será que podemos conversar? Eu já avisei ao Léo que eu estava indo, então... Mas ainda posso ficar um tempinho antes do Phil ir para o cursinho de inglês.

— Não tô com tempo para as suas asneiras, Bruna. Tenho mais o que fazer. — ajeitei minhas pastas no colo e caminhei até minha sala, porém a Bruna se enfiou na minha frente antes que eu chegasse até o meu destino. — Me dê licença, não tô aqui para tuas graças não.

— Dez minutos só! Não precisa me responder por nada, apenas escute o que eu tenho para te falar. — bufei, puta de raiva mas assenti. Seria melhor me livrar de vez desse encosto.

Destranquei minha porta e dei passagem para que ela entrasse, fechei a porta e fui para a minha mesa e coloquei minhas pastas cliquei no nootbook colocando o mesmo para iniciar. Me sentei e apontei com a cabeça para a cadeira de minha frente.

— Seja breve, eu tenho uma audiência hoje á tarde e tenho muita coisa para resolver antes disso. — pisquei os olhos e a Bruna assentiu, entrelaçava suas próprias mãos e parecia buscar palavras enquanto olhava ao redor de si, até para o olhar no porta retrato em que estamos Júlia, Davi, Matheus, Júnior e eu.

— Ahn, eu sei que nada, nada mesmo do que eu te diga agora irá mudar o que eu te fiz naquela epóca.

— Não mesmo, já que você me tirou a Laura!

— Me desculpe...ahn, me perdoe Lorena. Eu sei é muito complicado, eu sou mãe e hm... eu estou com uma doença terminal, eu sei pode não parecer é que tem dias que eu consigo controlar.

— Não vou dizer que sinto muito, pois estarei sendo falsa. Mas...bem, espero que aproveite o tempo que lhe resta. — minha voz falhou e ela assentiu seguidas vezes.

— Eu só... eu já encontrei com o Neymar algumas vezes e já conversamos, mas eu sei que antes... antes de, bom, antes que eu morra, eu preciso lhe dizer o quanto eu me arrependo de ter feito tudo aquilo. É realmente triste ver o quanto eu fui ruim com você, com vocês na verdade. Eu sinto muito Lorena, muito mesmo.

Escorei meu corpo na cadeira e senti meu peito apertar desesperadamente, sem o mínimo controle eu comecei a chorar compulsivamemte.

— Eu carrego a dor de perder a minha filha por todos esses anos, eu perdi a minha filha por culpa sua! Eu sinto essa dor me consumir todos os anos em que chega o dia que a perdi. Eu te odiei com todas as minhas forças, Bruna. Todas as minhas forças. Quis te caçar por todo o mundo e te bater da pior forma possivel, mesmo eu nunca sendo agressiva a extremo tamanho. — eu soluçava, gritava em meio disso, meu peito fervia. — Sozinha eu passei por tudo isso, sozinha eu lhe desculpei, sozinha eu lhe perdoei. Mas sabe o que acontece? Eu não esqueci e não vou esquecer, você tirou uma vida de mim e agora a sua é a que está por um triz. — apontei para a mesma e ela se encolheu na cadeira.

Me levantei da minha e cacei por um copo de água ou teria um troço ali mesmo na frente da mulher que desgraçou a minha vida. Que me fez e faz sofrer sempre que lembro de tudo o que aconteceu.

Respirei fundo por muitas vezes, muitas, até minha mente clarear e eu estar novamente bem.

— Bruna... eu só espero, te peço na verdade. Que você tenha mesmo mudado e seja a melhor pessoa do mundo para o seu filho...ahn, é, aproveite o máximo que puder. Cuide e ame ele por tudo e por causa de tudo. Estarei bem, apenas com isso. Ok?

— Pode ter certeza, Lorena. Ahn, e não precisa se preocupar com seu casamento ou o Júnior... eu não vou me meter nisso e nem ao menos pertubar vocês com algo.

— Eu deveria te agradecer? Acho que não, não é? — arqueei as sobrancelhas e ela ficou me olhando, se levantou e apenas acenou antes de sair da minha sala.

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No meu olhar. 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora