— Você não pode fazer isso pai, por favor. — senti minha garganta queimar e eu olhei, seus olhos se desviaram dos meus e ele ficou encarando a parede por um tempo antes de me responder.
— Vai ser melhor assim, eu tô cansado de toda essa confusão Julinha. Me desculpa, mas vai ser o melhor a se fazer. — suspirei tristonha e ele secou o rosto dele com bastante pressa. — Quer comer sorvete? — seu riso saiu frouxo, vazio.
E isso doeu demais. Concordei e ele me puxou para a cozinha. Me sentei no mármore da bancada e logo meu pai também sentou ali, com duas colheres e um pote de sorvete de flocos.
— Recebi uma proposta para encerrar a minha carreira no flamengo e eu... eu vou ir.
— Você sempre sonhou com isso não é? — sorri de canto e ele assentiu dando um sorriso largo.
— Vai ser foda o maracanã cheio e eu jogando, oh, fico até arrepiado. — ele esticou os braço e eu ri.
— Eu fico feliz por você, papai. Quando você vai?
— Ainda estou acertando, mas acho que até o fim do ano já esteja tudo certo e eu devo jogar a próxima temporada inteira do brasileirão e será meu último ano como jogador. — ele dizia diversas coisas sobre o clube e eu realmente estava feliz por ele, ele sempre deixou destacado que tinha esse desejo e eu vou apoiar ele sempre.
Depois do sorvete, eu subi para o quarto que eu tenho aqui, tomei um banho e desci já de pijama.
— Pai, esse ano eu já me formo... e...
— Não!
— Mas pai!
— Não! Eu não vou deixar você sair da casa de sua mãe para ir atrás de mim no Rio, não é justo.
— Pai, por favor! E além do mas, ela ainda teria o Matheus e o Davi por perto.
— Vamos conversar isso depois, sua mãe ainda não sabe que eu vou para o Brasil e eu pretendo contar por mim mesmo. Ouviu né?
— Sim, pai, ouvi. — revirei os olhos e bufei, ele me encheu e acabamos assistindo as branquelas, que apesar de tudo nunca perde a graça.
Lorena
Cheguei bem cedo ao escritório e encontrei com quem menos queria.
— Ah, então você que é a Rodriguez? Eu já deveria imaginar já que o Júnior me contou que você havia se formado.
— Como que é?
— Será que podemos conversar? Eu já avisei ao Léo que eu estava indo, então... Mas ainda posso ficar um tempinho antes do Phil ir para o cursinho de inglês.
— Não tô com tempo para as suas asneiras, Bruna. Tenho mais o que fazer. — ajeitei minhas pastas no colo e caminhei até minha sala, porém a Bruna se enfiou na minha frente antes que eu chegasse até o meu destino. — Me dê licença, não tô aqui para tuas graças não.
— Dez minutos só! Não precisa me responder por nada, apenas escute o que eu tenho para te falar. — bufei, puta de raiva mas assenti. Seria melhor me livrar de vez desse encosto.
Destranquei minha porta e dei passagem para que ela entrasse, fechei a porta e fui para a minha mesa e coloquei minhas pastas cliquei no nootbook colocando o mesmo para iniciar. Me sentei e apontei com a cabeça para a cadeira de minha frente.
— Seja breve, eu tenho uma audiência hoje á tarde e tenho muita coisa para resolver antes disso. — pisquei os olhos e a Bruna assentiu, entrelaçava suas próprias mãos e parecia buscar palavras enquanto olhava ao redor de si, até para o olhar no porta retrato em que estamos Júlia, Davi, Matheus, Júnior e eu.
— Ahn, eu sei que nada, nada mesmo do que eu te diga agora irá mudar o que eu te fiz naquela epóca.
— Não mesmo, já que você me tirou a Laura!
— Me desculpe...ahn, me perdoe Lorena. Eu sei é muito complicado, eu sou mãe e hm... eu estou com uma doença terminal, eu sei pode não parecer é que tem dias que eu consigo controlar.
— Não vou dizer que sinto muito, pois estarei sendo falsa. Mas...bem, espero que aproveite o tempo que lhe resta. — minha voz falhou e ela assentiu seguidas vezes.
— Eu só... eu já encontrei com o Neymar algumas vezes e já conversamos, mas eu sei que antes... antes de, bom, antes que eu morra, eu preciso lhe dizer o quanto eu me arrependo de ter feito tudo aquilo. É realmente triste ver o quanto eu fui ruim com você, com vocês na verdade. Eu sinto muito Lorena, muito mesmo.
Escorei meu corpo na cadeira e senti meu peito apertar desesperadamente, sem o mínimo controle eu comecei a chorar compulsivamemte.
— Eu carrego a dor de perder a minha filha por todos esses anos, eu perdi a minha filha por culpa sua! Eu sinto essa dor me consumir todos os anos em que chega o dia que a perdi. Eu te odiei com todas as minhas forças, Bruna. Todas as minhas forças. Quis te caçar por todo o mundo e te bater da pior forma possivel, mesmo eu nunca sendo agressiva a extremo tamanho. — eu soluçava, gritava em meio disso, meu peito fervia. — Sozinha eu passei por tudo isso, sozinha eu lhe desculpei, sozinha eu lhe perdoei. Mas sabe o que acontece? Eu não esqueci e não vou esquecer, você tirou uma vida de mim e agora a sua é a que está por um triz. — apontei para a mesma e ela se encolheu na cadeira.
Me levantei da minha e cacei por um copo de água ou teria um troço ali mesmo na frente da mulher que desgraçou a minha vida. Que me fez e faz sofrer sempre que lembro de tudo o que aconteceu.
Respirei fundo por muitas vezes, muitas, até minha mente clarear e eu estar novamente bem.
— Bruna... eu só espero, te peço na verdade. Que você tenha mesmo mudado e seja a melhor pessoa do mundo para o seu filho...ahn, é, aproveite o máximo que puder. Cuide e ame ele por tudo e por causa de tudo. Estarei bem, apenas com isso. Ok?
— Pode ter certeza, Lorena. Ahn, e não precisa se preocupar com seu casamento ou o Júnior... eu não vou me meter nisso e nem ao menos pertubar vocês com algo.
— Eu deveria te agradecer? Acho que não, não é? — arqueei as sobrancelhas e ela ficou me olhando, se levantou e apenas acenou antes de sair da minha sala.
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No meu olhar. 》 NJR
FanfictionNo meu olhar, você será para sempre minha eterna menina, aquela que quando estava brava eu conquistava com um picolé de morango. aquela que cresceu em um piscar de olhos e isso me intriga, me faz ter um ciúmes e sua mãe dá altas risadas dos meus su...