Capítulo 6 - Vergonha à Parmegiana ❀

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“... Cresci numa cidade pequena
E quando a chuva caía
Eu assistia pela minha janela
Sonhando com o que poderia ser
E se eu teria um final feliz
Eu rezava ...”

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   Tomar um bom banho é algo reconfortante, quando estou frustrada, apenas encho a minha banheira com sais de banho, acendo umas velas e penso. Sou renovada pela espuma suave que toca minha pele, mamãe sempre me dava banho quando eu ficava chateada. Acho que brincar com meus patinhos de borracha mudavam meu humor. Hoje não tenho mais patinhos.

Desço as escadas segurando no corrimão da mesma forma delicada e suave que sempre faço. Gosto de passear pela minha casa, sentir a textura dos móveis e da tapeçaria.

Escuto vozes masculinas animadas, vou até a mesa e os homens se levantam para me cumprimentar. Mamãe permanece sentada, esses comportamentos causam uma inquietação em mim. Parece que estamos num século passado.

— Boa noite, rapazes. Papai, mamãe. — Direciono o meu aceno de cabeça educado e cortês. Contabilizo as pessoas depois que todos se sentam. — Ninguém mais irá compor a nossa mesa?

— Desculpe, Stelly. O Dan não pôde ficar para o jantar, algum problema familiar. Mas ele prometeu voltar, disse que gosta de ganhar do Bryan. — Keller sorri e meu pai nos observa, somos o novo brinquedinho dele.

— Isso não é verdade, eu deixei ele ganhar só para satisfazer os desejos masculino dele. Juro que foi apenas por isso, não gosto de ganhar dos convidados, não tão facilmente. — Bryan dá de ombros e sorri, é engraçado como Keller faz ele se sentir bem. Gostaria de ter alguém assim na minha vida.

— Aquele rapaz é seu amigo, Keller? Então ele é muito bem vindo em nossa casa. Seremos uma grande família um dia. — Minha curiosidade acaba se dissipando, enquanto brinco com a massa italiana no meu prato. Achei que um novo garoto iria mudar alguma coisa nesse jantar tedioso. Nada inusitado acontece nessa casa.

Keller apenas sorri de forma educada para o meu pai e continuamos com um silêncio perturbador, apenas o barulho metálico dos talheres. Permanecemos assim por muito tempo, até que Bryan conversa algo com papai e Keller, mamãe parece ter me notado pela primeira vez.

— Querida, amanhã a Erica não dará aula. O filho dela irá ser o substituto por alguns dias. — Minha mãe inicia um assunto qualquer, sei que ela odeia o silêncio tanto quanto eu.

— Um garoto na aula de dança? Somente um garoto numa sala cheia de mulheres? Elas não se sentem desconfortáveis? — Falo baixinho, fazendo a mamãe sorrir em resposta.

— Ah, ele é um doce! Dançar está no sangue da família de Erica, querida. Só o vi duas vezes, as garotas vão ficam loucas quando ele vai no lugar dela. — Assenti sem tanto interesse no assunto, um garoto me ensinando a dançar. Isso poderia piorar?!

— Não sei se vou me sentir confortável dançando para um garoto, mamãe. — Confesso enquanto todos estão olhando na direção, não havia percebido que eles tinham parado de conversar.

— Ah, Stelly. Não se preocupe, tenho certeza de que Keller irá adorar seus passos de dança. Não é para isso que está fazendo as aulas? — Papai semicerra os olhos, está fazendo aquilo novamente. Provocando-me de propósito, só para satisfazer seu ego.

— Gerald, tenha modos. — Mamãe o censura com um sorriso forçado, sei que o comentário também deixou ela desconfortável.

— Papai, será que gentilmente você não poderia parar de falar da sua filha como se ela fosse um pedaço de carne? — Cerro os punhos, por baixo da mesa, meu coração está acelerado. Estou controlando a minha raiva, sentindo ela se expandir em cada molécula.

Bryan aperta o meu punho fechado, seus olhos incrivelmente azuis estão quase me implorando para ficar calada. Sei o quanto o temperamento do papai nos assusta, mas não vou deixar que ele fale assim comigo outra vez.

— Só estou brincando, querida. Essa não é a sua função? Ser a alegria e beleza da nossa casa? — Ele mantém o sorriso, está me desafiando, eu sei disso. — Você é a nossa bonequinha, filha.

— Eu não sou o seu brinquedinho, muito menos do Keller. — Direciono meu olhar para ele por alguns instantes, antes de olhar novamente para Gerald Hoffman. — Homens adultos não brincam com bonecas, papai. Isso é tarefa de crianças. — Levanto da mesa e jogo o guardanapo.

— Stelly! — mamãe chama a minha atenção, então, corro até o meu quarto e simplesmente tranco a porta. Essa foi de longe a coisa mais ousada que já fiz na vida. E sei que terá consequências.

Ponho meus fones de ouvido e apenas deito a cabeça no travesseiro, não quero pensar em nada. Estou cansada de ser apenas algo moldável para o meu pai. Estou quase completando 17 anos e ele insiste em tratar-me assim. Já chega! Não vou mais passar por isso. Ouvindo Kelly Clarkson, deixo-me ser levada pela letra forte de Breakaway. Minha música favorita.

“... Eu vou abrir minhas asas e eu vou aprender a voar
Eu farei o que for necessário, até eu tocar o céu
Faça um desejo, aproveite a chance
Faça uma mudança e se liberte ...”

   Um dia irei me libertar, sei que irei, todos os dias, o que me faz levantar da cama são os meus sonhos. Minha vontade de ser alguém melhor, não para impressionar alguém, somente na tentativa de manter viva a garotinha que sempre acreditou que sonhos poderiam se tornar realidade. Nem sempre consigo ser essa garotinha, mas agora, estou chorando feito uma. Isso não vai durar para sempre, eu sei que não. É temporário, toda a nossa dor é.

Neste momento, apenas molho meu travesseiro com lágrimas, de esperança, de tristeza. Talvez seja meu período menstrual, ou, a garotinha que habita em mim tentando não ser perder para sempre.

E como consequência da minha "má educação", como meu pai fez questão de pontuar, ficarei sem sair de casa por uma semana. 

Sem revisão :x

Stelly | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora