Stelly Hoffman costuma internalizar seus pensamentos, ocultando suas emoções para satisfazer os desejos de outras pessoas. Nascida em uma família rica, tradicional e influente, a garota está decidindo qual faculdade irá escolher, mas para seu pai, o...
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Gostaria de fingir que estar perto de Dante não causava algo diferente em mim. Porém, eu não conseguia disfarçar que vê-lo todos os dias aumentava minha vontade estúpida de beijá-lo. Sim, eu odiava isso e ontem na boate talvez tenha sido um erro, mas sou incapaz de me arrepender de ter feito algo que realmente tive vontade. Porém, os resquícios da noitada ainda estão aqui: uma ressaca esmagadora de estômago fraco e olheiras profundas. Passo o máximo de maquiagem que consigo e refaço pela centésima vez o meu rabo de cavalo, queria estar no mínimo decente para rever alguém que transei loucamente.
Desço as escadas arrastando meu corpo preguiçosamente, escutando as mesmas vozes falando sobre as mesmas coisas todos os dias. Suspiro fundo e pela primeira em semanas deixo que me sirvam, porém, percebo algo diferente ao lado da minha xícara: um remédio. Maria dá uma piscadela e alega que fará bem ao meu estômago, sorri de forma discreta em agradecimento e bebo um gole generoso do meu café.
Meu pai parece irritado e não diz uma palavra, o que significa que teremos que ficar em silêncio e respeitar seu espaço, essa opressão patriarcal me favorece pela primeira vez na vida, tendo em vista que não estou suportando nem a voz do meu pensamento.
— Que tal você e eu voltarmos para o Dance Glow? Sinto falta de ter alguns segundos com você, Stelly. — mamãe suspira fundo e antes que eu pudesse responder, papai se antecipa.
— Beatrice é uma mulher de negócios, Emma. Na empresa não podemos desviar nossa atenção dos afazeres empresarias. — Ele dobra o jornal e põe na mesa.
O silêncio se estabelece e ninguém mais é capaz de dizer qualquer coisa, nada além do tilintar dos talheres e das xícaras. Quando acabamos o café da manhã eu saio na frente, evitando qualquer outro contato humano.
— Toma isso, vai se sentir melhor. — Bryan surge e me entrega um comprimido que eu conheço bem, sempre indiquei para ele quando estava mal.
— Obrigada. — sorrio e nos acomodamos lado a lado no banco traseiro. — Como você está?
— Bem. — ele responde de forma automática e rápida, o que me incomoda. — E você?
Antes de finalizarmos um diálogo digno de Oscar por melhor atuação, papai surge e o motorista dá partida, todos ficam em silêncio e mexendo em seus celulares, eu apenas finjo que estou prestando atenção na rua para dar um cochilo. Mas, não demora muito para que Bryan me desperte de forma discreta. Saímos do carro e de modo automático seguimos para nossos setores, acho que estou literalmente no modo avião. Pego uma xícara de café e com água tomo o remédio torcendo para que ele seja um grande protetor do meu estômago.
Ao adentrar na sala percebo um clima estranho e flashes da noite começam a surgir em minha mente, suspiro fundo e observo Jessica e Dante completamente focados em seus computadores, porém o vejo me observar por alguns segundos e disfarçar. Começo meus afazeres e o silêncio estranho me deixa incomodada demais para ter foco, mas tudo muda quando James surge trazendo café para todos nós.
— Bom dia somente para os mais gatos dessa empresa. — Ele nos entrega o café e manda um beijinho para Jessy, que apenas revira os olhos. — Vocês estão péssimos! Quem diria que toda a empresa seria convocada para um dia extra de trabalho em pleno sábado.
Sorrio para ele e agradeço pelo café, acho que os remédios para ressaca estão começando a funcionar, suspiro fundo e James se acomoda, começando seus afazeres e nota que algo está errado entre nós.
— Agora que já nos pegamos, está na hora de trocarmos de par, mas se a Jessy quiser exclusividade eu dou. — Ele sorri desdenhoso e Dante para de digitar, porém, minha colega de trabalho nos surpreende.
— Nos beijamos uma vez e você já está achando que causou algum efeito em mim? Nem foi grande coisa. — o sorriso de James some automaticamente de seu rosto bonito. — Foi o efeito do álcool, eu não te beijaria em plena consciência.
— Obrigado por isso, Jessy. Me lembre de te pagar umas cervejas depois. --- Dante anuncia depois que James passa mais de cinco minutos sem dizer nada.
E para a nossa surpresa, ele permanece assim a tarde inteira.
Papai convocou a empresa nesse sábado para nos dar uma folga a mais durante a semana, estamos fechando negócio numa boa parceria e todo cuidado importa agora para que não aconteça nenhum deslize. A parte boa é que sairemos mais cedo e ganharemos um bônus, porém, eu ainda não conseguia entender a raiva do meu pai hoje pela manhã, alguma coisa aconteceu e em breve pretendo descobrir.
James não fala nada durante todo o final do expediente, o que nos preocupa e consigo ver que Jessy está se sentindo mal por ter sido grosseira, mas não irá admitir nem voltar atrás. Sou incapaz de olhar para Dante e sinto uma reciprocidade no ambiente, eu nem sequer saberia o que dizer. James acaba terminando seu serviço antes de todos nós, o que também surpreende e intriga, talvez ele goste mesmo da Jessica, mas os dois são teimosos e impulsivos.
Estávamos arrumando nossas coisas e o silêncio não queria deixar a nossa sala, Jessy parece inquieta e arruma logo suas coisas, nos deixando sozinhos. Dante parece ficar incomodado mas não diz nada, apenas finaliza o que está fazendo e eu também concentro-me exclusivamente no trabalho, mas não vou negar que ele fica muito sexy de terno.
— Dante... — estava prestes a mencionar a noite anterior mas o vejo se levantar bruscamente e ir até a porta, me assusto com o inusitado comportamento dele, mas quando minha atenção recai no loiro, observo o pai dele na porta de nossa sala.
