Capítulo 20 - Lados Opostos ❀

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— Não! — bato na mesa com força, ficando de pé e derrubando meu café na xícara

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— Não! — bato na mesa com força, ficando de pé e derrubando meu café na xícara. — Não vou me casar! Eu mando na porra da minha vida. — Minhas bochechas estão queimando em brasas, a raiva e adrenalina estão chacoalhando meu corpo.

— Stelly Beatrice Hoffman... — Minha mãe censura, enquanto Gerald Hoffman permanece sentado, sem nenhuma alteração com a minha explosão.

— É mesmo, Stelly? — Ele dá uma risadinha macabra, do tipo que parece ter saído de um filme de terror. A calma do meu pai sempre foi o que mais me assustou. — Você não tem independência nenhuma. — Meu pai começa a bebericar o café, dando mais atenção para o jornal da manhã. — Eu pago suas viagens, roupas caras e caprichos.

— Em breve irei fazer dezoito anos, as coisas irão mudar. — Suspiro fundo, ainda de pé, Bryan observa-me com interesse, mas não irá se intrometer. — Não serei sua garotinha para sempre, papai.

Minha última frase parece surtir algum efeito, que mesmo assim, ficou internalizado. Seus olhos intensos fitam meu rosto. Ele está procurando o blefe em meu discurso. 

— Espero que não demore, Stelly. Até lá, você ainda fará as minhas vontades, mora na minha casa e depende de mim, até mesmo para nutrir uma fantasia que só acontecerá na sua cabeça. — Meu pai se levanta, dobrando e jogando o jornal na mesa, mas ainda está calmo. — Cedo ou tarde, você verá que eu estou completamente certo. Keller será a sua melhor opção, ou você pode ir morar com seus avós, bem longe da cidade.

— Papai, acho que você está exagerando, não estamos mais no século... — Bryan inicia, mas é interrompido.

— E você? Quando pedirá a irmã de Keller em casamento? Ela tem a idade de Stelly, todos podemos ficar em família. É simples. Por que estão dificultando? Você acha que eu e sua mãe casamos por amor?

— O quê? — Bryan levanta da cadeira, incrédulo com os planos já definidos para nós. Nosso pai já havia planejado todos os passos que deveríamos seguir. — Isso nós podemos facilmente perceber... — Meu irmão fala baixinho, mas tenho certeza que ambos escutaram.

— Estou farto dessa bobagem, irei para o meu trabalho, só assim consigo encontrar tranquilidade. — Gerald Hoffman e sua arrogância saem da mesa, nos deixando quietos e pensativos.

— Por que você ainda se sujeita a isso, mamãe? — Questiono, indignada com sua passividade. No entanto, ela parece distante quando responde.

— Eu me pergunto isso todos os dias, Stelly. Todos os dias...

[...]

Dessa vez, não fomos para a aula de dança. Era estranho ficar um dia sem ir, apesar de não admitir, Dante e música já faziam parte da minha rotina.

Fiquei o dia inteiro no quarto, mamãe não me incomodou, nem mesmo por ter ficado sem almoçar. Não sei onde Bryan estava, mas havia um silêncio diferente pela casa, ao mesmo tempo, que havia bastante barulho de uma família se preparando para receber outra.

O que eu poderia fazer? Como lidar com isso agora? Antes que pudesse fazer ou pensar em qualquer coisa, alguém bate na porta e ao perceber que era a minha, deixo-a entrar. Suspiro fundo e sento-me ereta, observando que já tivemos essa conversa tantas vezes. Após uma explosão na mesa, mamãe sempre tenta juntar os cacos que meu pai espalha.

— Stelly, preciso que me escute. — Emma suspira fundo, já está arrumada. Um lindo vestido azul dão uma elegância notável para mamãe, seu colar de diamantes, causaria inveja em qualquer uma. Seu cabelo louro está preso num coque elegante. Ela é linda, na mesma proporção que é infeliz. — Eu vejo a forma que você olha para o Dante e gostaria de avisar, ele não é quem você pensa. Vocês nem sequer se conhecem...

— Jura que entrou aqui para isso? — acabo interrompendo, ficando de pé. — Você não sabe nada sobre ele, mamãe. Somos apenas amigos e nada mais. Não me venha dar conselhos sobre garotos, se isso importasse de verdade, não estaria tentando me convencer a casar com um cara por dinheiro.

— Beatrice... — Mamãe trinca os dentes e pela primeira vez, observo uma raiva descomunal nela. — Você está achando que pode falar comigo dessa forma? Se rebelar e ir contra a vontade de seus pais? Está enganada, garota. Esse seu rostinho bonito não vai te levar a nada. Não importa o que esteja acontecendo entre você e Dante, mas isso está fracassando antes mesmo de começar. Então, eu vou dar um conselho: é melhor pegar a melhor roupa da droga do seu closet, colocar um sorriso no rosto e festejar com todos. Ou, não iremos mais frequentar o Dance Glow.

— Isso não é justo. — Ignoro todas as frases ditas pela minha mãe, focando apenas no final. Lágrimas molham meu rosto e sinto minhas bochechas arderem. — Não é justo, mãe. Não podem fazer isso comigo!

— A escolha é sua, Stelly. Pode recusar-se ou fingir plenitude e felicidade para os outros. Gente poderosa e influente como nós, não encontra felicidade em casamento. Vivemos de máscaras sociais, jóias brilhantes e caras. Essa é a nossa vida, filha. E não seria revolucionário tentar argumentar contra seu pai, seria burrice. Ponha sua melhor máscara. Nós vivemos de aparências. Você tem trinta minutos.

Dito isso, mamãe sai do meu quarto, batendo a porta com força enquanto chora um pouco mais no meu travesseiro. Não posso ficar longe do único lugar no mundo que me faz feliz. Não posso me afastar do único lugar que me proporciona sonhos e gente alegre de verdade.

Então, faço a minha maldita escolha.

Ponho um vestido simples e uma maquiagem para disfarçar as lágrimas e a cara de choro. Suspiro fundo e prendo o meu cabelo e saio. Exatamente, trinta minutos. Desço as escadas e percebo que todos já estavam esperando-me. Fito apenas a minha mãe, descendo cada degrau, eu a observo, exibindo toda a minha dor. Porém, ao chegar no último degrau e receber elogios, percebo Dante também na sala, há algo em seu olhar. Algo que não consigo identificar, mas mesmo assim, ainda traz uma dor para mim. Sinto vontade de chorar, mas não posso. Afinal, o que Dante veio fazer aqui? Machucar a própria filha era algum tipo de divertimento sádico?

Procuro Bryan mas não o encontro, gostaria de buscar algum apoio no meu irmão. Porém, antes que pudesse afogar-me nos mares de elogios e hipocrisia, Bryan adentra na sala, completamente embriagado.

— É aqui que está rolando uma festa? — sua voz embriagada preenche o ambiente, enquanto amigos e convidados do meu pai o observam com curiosidade. Estão ansiosos pela reação dele.

Stelly | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora