Capítulo 5 - Visita Anônima ❀

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Tentativa 2  - Rascunho

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Tentativa 2  - Rascunho

Eu amo os fins de tarde, limonada e o verão. Usar chinelos confortáveis que mostrem meus dedos, eu sei, parece uma pura bobagem. Mas na vida real, mulheres importantes não podem usar chinelas que mostrem seus dedinhos "Que deselegante", diria papai. Somente no verão posso ser a pessoa ensolarada que sou, longe de toda a reprovação e a tempestade chamada Gerald Hoffman. Mudando de assunto, gostaria de dizer que sempre gostei de receber cartinhas de ex-namorados e amigas, as guardo até hoje. E na verdade, a escrita é o meu refúgio e meus pais odiariam descobrir que quero seguir carreira em uma área que escrever faça parte da minha rotina de trabalho. Medicina, Administração, Advocacia, essas são as únicas carreiras possíveis na visão do meu pai. Algo que não iria envergonhar o magnata grandioso que ele é. Todo o nosso legado no ramo imobiliário é herança de família que foi advindo de muito trabalho do meu avó. Dom Hoffman. E desde então, meu pai tem como missão não deixar esse império ruir. E para quem será dada essa missão futuramente?!

[...]

Após o término da aula, bebemos água e a professora veio até nós, pedindo para que todas formassem um círculo.

— Bem, meninas. Irei precisar sair e meu filho ficará no meu lugar por uns dias. — Dito isso, ouviu-se um burburinho. — Ei, ei. Não tenham segundas intenções, meu filho é lindo mas ainda é o meu garotinho.

— E quando você vai voltar? — Uma das mulheres questionou, enquanto as outras aguardavam pela resposta.

— Em breve. Três dias no máximo, nada mais que isso. — Notei uma apreensão por parte dela ao tocar nesse assunto, ou talvez tenha sido somente uma impressão, preciso parar de tentar analisar as pessoas. — Então, nos vemos em breve. Beijinhos doce.

Nos despedimos e notei pela primeira vez o suor descer por minhas costas. Por quanto tempo dancei? Acho que já venci toda a minha cota de determinação para vencer o sedentarismo.

Saímos de lá e fomos para casa, permaneci em silêncio durante todo o caminho. Minha mãe não disse nada, apenas ouviu suas divas pop dos anos 90.

Chegamos no nosso castelo de vidro e desço do carro sem esperar por ela, quase correndo em direção ao meu quarto. Preciso de um banho.

Após me renovar com uma água quente e sais de banho, desço as escadas até a cozinha e agradeço por não ter ninguém transitando pela casa uma hora dessas. Aparentemente todo mundo sumiu, o que me dá alguns minutos sozinha para comer uma maçã diretamente retirada da geladeira, sem ninguém me enchendo a paciência.

Pego a maçã e caminho um pouco mais, indo em direção ao jardim das flores silvestres da minha mãe. Suspiro fundo e lembro de quando brincava com areia e o meu balanço era o mais ápice de felicidade do meu dia.

— Oi, Stelly. — Uma voz masculina sopra no meu ouvido, fazendo-me derrubar a maçã com o susto.

— Ah, oi. — Viro-me instantaneamente, observando Keller com seus lindos olhos castanhos e dreads. — O que está fazendo aqui?

— Desculpe se te assustei, só vim beber água. — Ele sorri brevemente — Estamos jogando, acabei trazendo um amigo também, há muito tempo não nos falamos. Bryan gostou bastante dele. Não quer vir jogar conosco?

— Não sou muito boa com jogos e ficaria desconfortável na frente de um desconhecido. Me desculpe, não estou tão no clima ultimamente. — Admito, fazendo ele assentir, nós ficamos em silêncio por alguns segundos.

— É o seu período? Minha irmã fica insuportável quando passa por ele. — Acabo franzindo o cenho e Keller fica nervoso. — Me desculpe! Nem percebi que havia dito isso em voz alta.

— Você me acha insuportável, Keller? — Cruzo os braços e um sorriso brincalhão surge em meus lábios, enquanto o observo desconcertado.

— Claro que não! Você é a garota mais doce que já conheci. E eu ficaria aqui a tarde toda, de boa em observar o seu sorriso bonito. — Ele se aproxima e nos aproximamos quase que automaticamente. Sua mão desliza suavemente em minha bochecha e eu só fico enfeitiçada por seus olhos.

— Stelly? Keller? Estou atrapalhando vocês? — A voz do meu pai preenche todo o ambiente, nos fazendo aumentar o espaço que parecia nulo.

— Senhor Hoffman, como está? Não estávamos fazendo nada. Só vim buscar um pouco de água. — Keller fica nervoso e meu pai não parece acreditar no que ele diz, mas não há fúria em seu semblante.

— Tudo ótimo, meu rapaz. Saí mais cedo do trabalho, pensei que encontraria a Emma na cozinha hoje. Dia de torta. Você ficará para o jantar ou veio apenas ver a Stelly? — Meu pai conversa como se eu não estivesse ali, ele sempre faz isso quando há outro homem no ambiente.

— Na verdade, estou jogando videogame com os garotos. Nos encontramos por acaso, já estou subindo. Gostaria de jogar conosco? — Permaneço ali, não quero parecer mal educada e sair de repente.

— Obrigado, meu rapaz. Porém, vou deixar para outro dia. Estou cansado e tenho que fazer algumas coisas do escritório. Quando tiver a minha idade, saberá do peso exercido sob nossas costas. — Eles sorriem e pela primeira vez papai olha para mim. — Com certeza ficará muito feliz em chegar em casa e ver a minha doce menina esperando por você.

Eles me olham, Keller não esboça emoção, parece estar me avaliando. Cerro os punhos, sentindo a mesma raiva de sempre por ser tratada como um mero objeto. Um brinquedinho masculino. Mordo a parte interna da minha bochecha, sei que papai fez isso de propósito, está me punindo por causa da nossa conversa.

— Por que estão todos parados na cozinha? Vocês fazem parte da nova decoração da mamãe? — Bryan aparece sorridente, fico feliz por ele ser o meu alívio nessa situação.

— Aproveitando a situação, irei para o meu quarto, tomar uma boa ducha. Nos vemos no jantar, Keller. Até mais querida. — Ele se despede de mim com um beijo estalado na testa. Sinto nojo, nada mais, o grande magnata sabe a ira que causa em mim.

— Vamos, deixei o seu amigo no meu quarto. Ele é bom pra caralho nesse jogo! Vamos, vamos, achei que estava bebendo água direto da fonte. — Eles sorriem e começam a subir as escadas, subo logo atrás, sendo tomada pela curiosidade.

— Quem é esse amigo misterioso do Keller? — Os dois param e olham na minha direção, ainda estavam rindo de um assunto aleatório deles.

— Você irá conhecê-lo no jantar, irmãzinha. — Subo até o meu quarto com a curiosidade me deixando inquieta, pela primeira vez, estou animada com um jantar.

Stelly | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora