Capítulo 39 - Laços Paternos ❀

185 40 24
                                    

— O quê? — minha voz sai esganiçada, como se não me pertencesse mais, enquanto a dor parece dilacerar meu peito

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— O quê? — minha voz sai esganiçada, como se não me pertencesse mais, enquanto a dor parece dilacerar meu peito. Incrédula, ouso questionar: — Do que você está falando, Bryan?

— Calma, Stelly. Sente-se um pouco. — James segura-me pelo braço e conduz meu corpo trêmulo até a minha cadeira. Há um clima denso no ar, Jessica não diz uma palavra sequer.

— Estava por acaso conferindo alguns pagamentos pessoais do papai e por alguma razão encontrei o nome de Jessica e da mãe dela numa lista. O.K, até aí tudo bem, mas eu resolvi bancar o detetive e puxar uma ficha completa. Descobri endereço e tudo que há de bom, inclusive, essa parte é interessante, veja bem. — Bryan parece sombrio e transtornado, por alguns segundos, sinto falta da amizade e inocência que tínhamos antes. — Ela é uma Hoffman, Stelly. Mas o papai não deixou que a imprensa soubesse. Ela é seis meses mais velha do que eu, mamãe demorou meses para engravidar, achou que não iria conseguir um herdeiro para o império do papai, então ele se envolveu com a primeira vagabunda que apareceu. Jessica é uma filha bastarda.

— Seu mentiroso desgraçado! — Jessy desfere um tapa tão forte no rosto de Bryan que sua pele branca e rosada se mesclam num tom avermelhado intenso. — Minha mãe não é uma vagabunda! O pai é louco por ela, só está com a sua mãe para manter um casamento de fachada. — Jessica está chorando e James abraça o corpo dela, impedindo-a de agredir meu irmão novamente.

— Você sabia? Esse tempo todo, agiu como se fosse a minha amiga, foi legal comigo, mentiu na minha cara de forma tão descarada? Como você pôde? — vocifero, observando o clima de tensão que se forma no ambiente.

— Eu ainda sou a mesma Jessica de sempre, Stelly. Somos amigas, colegas de trabalho e acima de tudo, somos irmãs. Você precisa me ouvir, eu... — ela inicia mas sou incapaz de ouvir qualquer coisa.

— Bryan, vamos embora por favor. Não aguento respirar mais segundo do ar nessa sala. — junto as minhas coisas e o abraço com força, pela primeira vez na vida partilhamos da mesma emoção.

— Não se preocupe, tudo será resolvido, Stelly. Eu sou seu irmão de verdade, nunca precisei mentir sobre isso, vamos, já chamei um carro para nos levar para casa. — saio da sala ainda em choque e dou uma última olhada, vendo Jessica chorando nos braços de James.

Eu estava perdendo tudo de uma vez, a empresa, meu amor e a minha família. E isso não era justo, de forma alguma a vida estava sendo justa comigo. O carro já estava nos esperando, apenas adentramos e ficamos em silêncio. Bryan põe a mão onde Jessy o acertou e suspira fundo, completamente diferente em seu terno social.

— Nossa vida é uma mentira, B. — meus olhos ficam úmidos novamente e meu irmão oferece aconchego em seu abraço, choro um pouco mais, embalada no cheiro da colônia dele.

— Nós sempre vivemos em uma mentira, Stellynha. Mas, éramos crianças e bobos demais para perceber qualquer coisa antes. — O silêncio se instala novamente, apenas suspiro fundo e fecho os olhos, esperando que isso seja um sonho ou uma brincadeira de mau gosto.

[...]

     Mamãe parece surpresa com a nossa volta repentina para casa, a confusão em seus olhos fica nítida quando percebe que nós dois estávamos chorando. Ela abre os braços, para que eu e Bryan possamos chorar e buscar conforto em seu colo. Provavelmente Emma Hoffman está ciente da traição, arrisco dizer que com os super poderes maternais já compreendeu nossas lágrimas.

— O papai, ele... Tem outra família. — choro um pouco mais, sentindo em meu peito uma dor indescritível.

Parece bobagem, mas apesar do meu pai ser tão rigoroso, isso não passou pela minha cabeça. O fato de outra família estar em seu coração, apesar dos defeitos da nossa, achei que fosse a única.

— Eu sempre soube. — Mamãe suspira fundo, secando as lágrimas do meu rosto. — Casar para honrar a sua família, depois de um tempo passa a ser mais valioso do que ter o amor leal de um marido.

— Como você pode viver assim, mãe? Aceitar isso, pelo o quê? É esse tipo de vida que querem para nós? — Bryan questiona e nos afastamos dela.

— É o melhor estilo de vida que conhecemos, mais comum do que imaginam, meus filhos. Seu pai ama vocês, do jeito dele, mas é só isso que importa. 

— Ele mente para nós, vivemos uma mentira nojenta de família feliz. Aposto que esse maldito casamento é uma mentira também. — seco uma lágrima solitária e observo o semblante dela mudar.

— Sobre isso... — Emma suspira fundo, põe uma mecha atrás de sua orelha e parece cautelosa no que vai dizer. — Eu acho que devo isso a vocês, não consigo mais suportar a dor de seus lindos olhos quando seus amados passam por aquela porta. É tortura, casar com alguém que não se ama. — Ela passa a mão macia em nossa bochecha e sorri. — Stelly, seu avô enxergava uma líder em você, meu bem. Dom sempre disse para o seu pai jamais perder os brilhos nos olhos que você tinha cada vez que entrava naquela empresa.

— Mamãe, do que está falando? — Bryan questiona enciumado, pois ambos crescemos no império Hoffman. — Éramos crianças.

— Sim, eu sei, William.  — Mordo o lábio sentindo a ansiedade tomar conta de mim. — Eu vou direto ao assunto, não consigo enrolar. Bem, seu avô deixou 40% das ações da empresa para você, Stelly e o restante para o seu irmão, os acionistas e o seu pai.

O quê? — Bryan parece transtornado, mas algo me diz que isso ainda não acabou.

— Seu avó nunca te obrigaria a casar por alguém com dinheiro, eu sei que ele era um homem difícil, talvez pela idade ou experiências. Mas, ele acreditava na sua capacidade. A única exigência é que você esteja casada para que o seu pai não tenha direito algum em suas ações,está no testamento do seu avô. 

— Não estou entendendo, mamãe. O que isso significa? — meu coração acelerou forte e parece que vai sair do meu peito a qualquer momento.

— Isso significa que você pode casar com quem quiser, por amor. Seu pai só está forçando o casamento com o Keller para não perder o poder que tem. Gerald planejou isso desde quando descobriu que na empresa, você tem mais poder do que qualquer outro acionista.

Stelly | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora