Stelly Hoffman costuma internalizar seus pensamentos, ocultando suas emoções para satisfazer os desejos de outras pessoas. Nascida em uma família rica, tradicional e influente, a garota está decidindo qual faculdade irá escolher, mas para seu pai, o...
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Fingir, é algo que sempre esteve presente em minha vida. Neste caso, como mamãe havia dito, usar uma máscara social poderia mudar tudo. Após o ano novo, senti que algo iria mudar; não apenas o clichê de coisas novas. Mas, havia algo diferente na casa, como se fôssemos apenas atuantes de nossas vidas, num cartaz principal.
Bryan havia se distanciado ainda mais, com o papai, ele traçava objetivos e metas na empresa. Não nos conversávamos, tampouco, eu demonstrava quaisquer interesse nos assuntos de minha mãe. Realmente não me interessava por assuntos tão tolos sobre maquiagens e roupas caras de gente rica.
Que piada, eu também sou...
O Dance Glow estava num tipo de recesso, o que não foi fácil para a minha vida tediosa. Dante frequentava a minha casa, mas também parecia distante. Será que estou com alguma doença contagiosa? Todos se afastam de mim, sem motivo algum para isso.
No entanto, Keller nos chamou para uma festa na casa do Brandon, pela primeira vez, isso pareceu ser algo interessante a se fazer. Não demorei para ficar pronta, mas desta vez, Jasmine também estava conosco.
— Oi, Stelly. — Ela sorriu quando adentrei no carro, a cumprimentei, mas não deixei espaço para qualquer conversa.
— Oi, Stelly. — Dante saudou, ficando ao meu lado no banco de trás, Bryan estava na janela, completamente distante.
— Oi. — Demonstrei meu total interesse, observando as luzes de Ocean Bay. E o silêncio, se instalou, sobrando apenas espaço para uma música qualquer.
Mas que piada, não era uma música qualquer... Era exatamente a mesma música que tocou quando eu e Dante nos beijamos. Parece que ele estava lendo meus pensamentos, pois, olhei-me com curiosidade. Suspirei fundo e permaneci em silêncio até que chegássemos.
[...]
Não tinha nada de novo na casa do Brandon, nem as pessoas, nem a comida. Tampouco, a decoração. Eram as mesmas pessoas de sempre, fazendo o de sempre. Mas, pelo menos havia música e bebida, isso era tudo.
Jasmine e Bryan dançavam como melhores amigos, num ambiente que todos sabiam que eles eram noivos. Keller bebia e dançava, Dante conversava com Yala, porém, mantendo sua atenção em mim.
Ela era tão diferente, tão cheia de atitude. O cabelo estava roxo dessa vez, seu novo piercing no lábio era sexy. Yala sabia que era linda, nem precisava fazer esforço para isso. Sua pele levemente bronzeada e lábios fartos era super atraente e eu...
— Você não parece estar se divertindo na minha festa. — Uma voz rouca anuncia, fazendo-me olhar com curiosidade para seus músculos chamativos. — Eu não gosto de quando não se diverte, acho que estraga minha reputação.
— Não é bem isso, só não estou num dia bom. Todos parecem me ignorar o tempo todo. — Confesso, fazendo Brandon apenas morder o lábio.
— Não se preocupe, eles são chatos demais. Não merecem você. Venha comigo, vamos beber alguma coisa. Preciso me refrescar. Vamos tornar essa festa melhor para você. — Brandon me conduz até a cozinha, e antes de ir, observo Dante tentar se levantar, mas Yala o segura.
Continuo nosso trajeto e observo as pessoas envolvidas demais com a música, com o momento, alheios ao que se passava.
— Eu tenho cervejas, ou algo mais forte. Você decide. Eu vou querer algo mais forte. Estou frustrado por ter sido descartado hoje. Acho que somos iguais. — Brandon sorri e pega uma bebida de líquido verde.
— Se isso fizer com que se sinta melhor, vou querer o mesmo. — Falo determinada, fazendo-o sorrir e concordar.
Apenas o primeiro gole, percebo que a bebida realmente é forte. Porém, há um resquício frutal em seu sabor. Sinto o meu corpo relaxar, assim como a conversa de Brandon. Ele tinha razão, essa bebida faz milagres. Conversamos sobre muitas coisas, pela primeira vez em meses, alguém parecia se importar com mais de duas palavras que saíssem da minha boca.
Até que por um momento, o senti perto demais, dançando lentamente ao redor do meu corpo. Seus lábios entreabertos eram tão convidativos. Seus olhos verdes, instigantes.
— Todo mundo sabe que o casamento de vocês é fachada. — Seus lábios tocam no meu pescoço, fazendo um arrepio percorrer minha espinha. — O Keller não é o tipo de homem para você, se é que ele realmente gosta... — Sua risadinha é interrompida, quando puxo seu cabelo com força, pegando-o de surpresa.
Seus olhos detém toda a curiosidade que alguém poderia trazer em uma íris. Ele está me testando, porém, meu ato de puxá-lo, tornou tudo mais interessante.
— Você não me trouxe até a cozinha para falar sobre o meu noivado. Eu sei que todos sabem, não é como se eu demonstrasse alguma intenção de transar com o Keller. — Dou de ombros, ainda segurando em seu cabelo.
— Sim, eu realmente não trouxe você aqui para isso. Mas, não se preocupe. Eu não fico brincando com as coisas que quero, isso não é algo que faz o meu tipo. — Suas mãos seguram minha cintura com firmeza, prensando nossos corpos na bancada da pia. Então, nossos lábios se tocam. Mas não cabia romantismo, seu beijo era intenso e intencionado.
A bebida, o suor e a música tornavam tudo diferente. Não era do mesmo jeito que Dante me beijava.
— O Dante foi um babaca por não ter fodido você quando teve oportunidade. — Brandon sussurra em meu ouvido, fazendo com que no mesmo instante, eu me afastasse. — O que foi? Não era esse tipo de atenção que pretendia ter?
Neste momento, num ataque súbito de raiva, acerto uma tapa no rosto do moreno. Sinto meu corpo tremer de raiva, a bebida teve um efeito negativo agora. Pois, só quero chorar, por ser tão idiota. Será que nunca vou aprender que todos querem apenas me usar?
— O que você está fazendo com ela? — Dante surge na cozinha, notando Brandon com a mão na bochecha esquerda.
— Não é da sua conta, vai procurar aquela vagabunda que você apenas usa pra transar. — Brandon sibilou, fazendo Dante acertar um soco em seu queixo.
— Stelly, procure o seu irmão, é melhor você ir embora daqui. — Dante anuncia, cerrando os punhos, posso ver pela primeira vez a raiva tomar conta dele.
— Não. Estou cansada de receber ordens. Não irei embora. Você não parece bem. — Cruzo os braços, mas quando ele olha na minha direção pela primeira vez durante meses, sinto o efeito da bebida. — Você me ignorou, sou apenas uma diversão. Para todo mundo.
— Stelly... — Dante suspira fundo, deixando que Brandon saía. — O que você quer de mim?
— Eu quero você. O seu sorriso, seus passos de dança, seus beijos. Isso é tão difícil de entender? — Começo a chorar covardemente, incapaz de dizer mais alguma coisa.
— Nós não podemos ficar juntos. — Dante anuncia, ignorando minhas lágrimas. — Desculpe, não podemos.
