Capitulo 4

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Xxx: Sim, os capítulos são bem longos. Sim, eu ia voltar só domingo, mas eu estou muito empolgada. Enjoy xxX.

Ludmilla Pov

As luzes da cidade deixavam Miami com um tom alaranjado, com um ar de romance, era sempre assim ou eu havia acabado de me dar conta disso?
Liguei o som do carro e sorri da coincidência, era Wish you were here do Pink Floyd. Eu só a vi uma vez, uma doida que gostava de sentir a chuva gelada, porque isso a fazia sentir-se viva. Provavelmente eu me senti atraída pela beleza exótica dela, me deixando intrigada com as atitudes. Mas então porque é que eu queira tanto que chegasse amanhã para vê-la novamente? A luz do visor do meu celular acendeu sobre o painel do carro, meu coração deu um salto e acelerou. Resolvi estacionar o carro e entrar no hotel antes de ver a mensagem. Alguns funcionários que costumava ver todos os dias estavam me olhando diferente, até os homens que costumavam me dar olhares de desejo, estavam me olhando diferente. Quando entrei no elevador e me vi no espelho, descobri o porque. Eu estava sorrindo sem parar, as portas se fecharam e eu vi a mensagem recebida no meu celular.
De: Número Desconhecido
Reportando a terrorista, sua bomba deve ter sido trocada por uma incrível torta de maça que eu acabei de devorar. Obrigada. PS: Torcendo para que seja só uma torta ;)
Pronto, agora eu já tinha o numero dela. Meu plano bobo parecendo ter vindo de um adolescente deu certo. Junto com a torta coloquei um bilhete com meu numero de telefone, pedindo que ela me ligasse ou mandasse uma mensagem falando o que tinha achado do doce, agora não tinha mais como ela escapar. Salvei o numero na minha agenda de contatos e comecei a digitar uma mensagem para ela.
Para: Garota da chuva
Que bom que gostou, como uma boa terrorista, sinto em informar que não poderei dar garantias sobre o doce, mas de qualquer forma eu entrarei em contato amanhã para saber se você está viva. Uma ótima noite para você.
Eu ainda estava sorrindo, me sentindo como uma adolescente de dezessete anos, ansiosa para o dia de amanha. Fui para a cama. Resolvi deixar a cortina aberta para poder olhar para a vista, senti que a tal leveza no meu estomago não me deixaria dormir facilmente. Eu coloquei meu celular no móvel ao lado da cama, dei play na lista de musicas e tentei relaxar.
Abri meus olhos, dei uma olhada no celular, ela não tinha mandado mais nenhuma mensagem de texto, fiquei instigado a mandar uma, mas ainda era cedo e ela devia estar dormindo ainda. Assim que cheguei ao escritório, vi meus e-mails, Luis havia me passado as informações sobre possíveis terrenos a venda e bem localizados em Miami. Mandei um e-mail de resposta a Luis solicitando uma reunião com os proprietários e pedi que ele entrasse em contato com Romulo, avisando que eu ainda não tinha decidido a respeito da localização e assim que eu estivesse certa ele seria o primeiro a saber.
Olhei pela janela, o dia estava cinza, mas nada comparado com o dia de ontem, não havia nuvens carregadas. Fiquei olhando para os lugares que Brunna passou ontem, hoje cheio de pessoas. Queria achar um motivo para chamá-la para almoçar comigo, mas não estávamos muito perto no momento, e logo após o almoço eu tinha uma reunião com o proprietário de um dos terrenos, resolvi mandar uma mensagem de texto.
Para: Garota da Chuva
Boa Tarde. Viva?
Resolvi comer um lanche na lanchonete do escritório. O celular vibrou no meu bolso, paguei o sanduíche e fui me sentar em um banco perto do rio, onde nos conhecemos ontem.
De: Garota da chuva
Viva? Sim e com muita fome, começando a almoçar.
Tomei um gole de Coca-Cola e respondi sua mensagem.
Para: Garota da chuva
Estou almoçando agora, exatamente onde a conheci ontem, mas hoje a paisagem não está tão interessante.
Meu celular vibrou novamente, eu sorri antes mesmo de ler.
De: Garota da chuva
Ainda bem que a paisagem está diferente, ou seu almoço estaria um pouco mais úmido. Bom Almoço.
Um garoto se sentou ao meu lado, mas eu não me importei não me dei ao trabalho de olhá-lo, só reparei que os sapatos eram masculinos. Eu estava absorta no celular.
Para: Garota da chuva
Obrigada, e bom almoço para você também.
Continuei comendo meu lanche e sorrindo sozinha.
- Piadas na internet? – Era o garoto do meu lado, olhei rapidamente para ele. Ele parecia tão comum, muito branco, cabelos claros, olhos azuis, bonito na verdade, mas nada que chamasse atenção. Eu provavelmente não lembraria seu rosto amanha.
- Não! Sem piadas de internet! - respondi.
- Então você só está feliz? – ele perguntou sorrindo, apesar do sotaque e seus dentes entregarem que ele definitivamente era britânico, eu sorri de novo porque meu celular vibrou.
Antes de ler a mensagem, respondi o garoto, ele deve ter achado que eu tinha achado seu comentário engraçado.
- Sim, pode se dizer que é só felicidade.
De: Garota da chuva
Hoje vou comer uma torta também, me certificando que seja somente uma torta mesmo.
Para: Garota da chuva
Dentes britânicos muito próximos, o que faço?
- Pelo visto sua felicidade vem do celular e não são piadas. – o garoto continuava. Eu queira sentir a alegria daquele momento sozinha, mas eu ainda estava comendo e não queria ser indelicada com o garoto.
De: Garota da chuva
Olhe a sua volta... Esses dentes estão em todos os lados XD, mas se forem dentes masculinos talvez um beijo resolva e você não precise ficar olhando para eles.
Ela provavelmente não estava tendo o mesmo tipo de alegria que eu estava ao conversar com ela. Fiquei desanimada por saber que ela não se importava que eu beijasse alguém. Eu não gostaria que alguém estivesse com ela agora, eu gostaria que o garoto ao meu lado fosse a Brunna.
Pensei em uma reposta...
Para: Garota da chuva
E eu não tenho interesse algum em dentes britânicos, o garoto está admirado com meu sorriso para o celular.
- Pelo visto a ultima coisa que você leu não te agradou certo? – que garoto estranho, muito curioso. Eu não gostava de pessoas assim, se bem que eu gostaria que a Brunna fosse um pouco mais curiosa sobre mim.
- Bom, nem tudo é como nós queremos, certo? – dei uma piscada pra ele e isso fez com que ele sorrisse mais. Tomei mais um gole de Cola-Cola e amassei o papel do lanche, meu celular vibrou, e antes que eu pudesse responder ela me viu pegando o celular e parou sem que eu precisasse mostrar.
De: Garota da chuva
Não tem interesse no pobre garoto que deve estar deslumbrado ao seu lado? Mmm e você ainda está sorrindo para o celular? Talvez ele seja um psiquiatra e deve estar achando que você enlouqueceu rindo para um aparelho telefônico, talvez ele só queira te ajudar, não conte a ele que você está conversando com uma louca, ele pode querer meu telefone.
Senti-me mais confortável com essa resposta, olhei a hora, eu tinha que voltar para o escritório, me levantei enquanto o garoto ao lado ficou me observando, dei um pequeno aceno de cabeça. Eu já estava chegando ao sinal para atravessar a rua quando o garoto parou ao meu lado.
- Esqueci de me apresentar, sou Keaton Stromberg. – ele esticou a mão.
- Prazer, Ludmilla Oliveira, mas eu preciso ir agora... Reunião na empresa... Com licença! – Vi os olhos de desanimo do garoto. Mas eu não conseguiria pensar muito sobre isso. Rob, meu motorista, estava em frente ao prédio me aguardando. Enquanto ele me levava para a reunião digitei uma resposta para Brunna.
Para: Garota da Chuva
Não sei se o garoto britânico ficou deslumbrado, mas ele ficou um pouco chateado quando sai sem demonstrar muito interesse. Eu não vou passar seu telefone a ninguém, eu acho que loucura é contagiosa.
Quando olhei para a rua, percebi que estávamos muito próximos ao hotel que ela estava hospedada, uma quadra praticamente. Peter estacionou, eu sabia que seria em um restaurante, mas não sabia qual, Luisa havia passado as informações para Patrícia , que então passou para Rob.
- Rob, volte ao hotel e venha com alguém para trazer o meu carro sim? Quero sair depois da reunião.
- Sim senhora! – Quando entrei Luis e o dono de um dos terrenos estavam sentados em uma mesa próxima ao bar do restaurante. Uma mesa redonda de madeira escura, tínhamos uma visão do local todo.
- Como vai? – dei minha mão para ambos. Richard era o nome dele, aparentando ter uns trinta e oito anos, muito comunicativo, olhos muito fundos, algo nele me deixava um pouco desconfortável.
Meu celular vibrou novamente.
- Só um momento. Eles se entre olharam e sinalizaram com a cabeça.
De: Garota da chuva
Pobre garoto, mas se ele soubesse como você é autoritária talvez ele ficasse feliz por você não ter dado bola. Você não sabia? Só os loucos conseguem lidar com os mandões ;)
Eu tentei, mas não consegui segurar meu sorriso, Luis ficou me olhando intrigado, baixei meus olhos novamente e mandei uma reposta.
Para: Garota da chuva
Estou em uma reunião no momento, sorrindo de novo para o aparelho telefônico, você pode explicar isso? Por falar nisso, estou em um restaurante que fica a uma quadra do hotel, assim que acabar aqui podemos fazer algo?
Fiquei meio insegura mandando essa mensagem, eu poderia ter um não como resposta, mas mesmo assim achei que deveria perguntar.
- Podemos continuar. – eu disse, Luis pegou alguns papeis e Richard estava me explicando sobre as obras que o governo espera para o local. Esse era o terreno que eu mais tinha interesse, Luis sabia disso por isso marcou nossa primeira reunião com ele. Olhei para o relógio e nada dela responder, Luis estava me mostrando um outro projeto de um novo arquiteto chinês e Richard estava comentando sobre alguns que ele conhecia no Reino Unido, quando parou de falar e ficou olhando para sua frente, como eu estava de frente para ele, fiquei de costas para o que lhe chamou atenção.
- Wow! – Ele disse, e então senti um perfume, um cheiro bom de peônia e sândalo, eu sabia por que minha mãe cultivava flores em uma enorme estufa e eu e meu irmão conhecíamos muitas flores. Muitas pessoas achavam isso estranho, até explicarmos o hobby da nossa mãe.
Vi os longos cabelos castanhos dela balançando em sua cintura, ela estava com uma calça jeans surrada mas bem colada ao seu corpo, um sapato preto de salto simples não muito alto, e uma blusa de linho cinza claro. Ela tinha acabado de me dar a resposta positiva, eu sorri por dentro.
- Que garota é aquela? – Richard perguntou olhando descaradamente para ela, que tinha ido se sentar no bar. Vi que ela estava um pouco curvada e um garçom, a esperava ao lado. Luis resolveu voltar sua atenção aos negócios, relutantemente, Richard também e eu só queria que a reunião acabasse.
O garçom veio até nós, Luis disse que não tínhamos pedido nada além de bebidas.
- Com licença, aquela senhorita pediu que eu entregasse a você... – com um guardanapo dobrado ele direcionou- o a mim.
Richard ergueu suas sobrancelhas e Luis ficou olhando de mim para o guardanapo. Eu olhei para ela que estava de costas, tomando algo que não consegui identificar o que era.
- Obrigada! – Eu disse ao garçom, abri o guardanapo. Eu soltei uma risada que fez com que os dois ficassem me olhando intrigados. Ela havia desenhado perfeitamente uma boca com um sorriso cheio de dentes tortos, com a frase "um sorriso britânico para você". Eu não consegui responder aos dois, Luis queria ver o papel, eu respirei fundo, e me levantei.
- Senhores acho que vi o suficiente, amanha entrarei em contato com uma resposta sim?
- Luis – dei a mão a ele e fiz o mesmo com Richard.
- Se me derem licença – Luis sorriu para mim, parecia meio incomodado, levantou os ombros, sabendo que não adiantaria argumentar.
Fui em direção a ela.
Peguei uma nota em meu bolso, vi que ela era alta o suficiente e deixei no bar, o garçom viu então peguei a mão dela e a conduzi para fora do restaurante, passamos pelos dois que ainda estavam arrumando a papelada na mesa, eles ficaram de boca aberta quando saímos, vi pelo vidro da porta.
Como esperado meu carro estava estacionado, Peter veio e me entregou as chaves.
- Para onde vamos? – ela perguntou, na verdade eu não me importava muito mais com isso, o importante era que ela estava aqui comigo.
- Não sei ainda, mas veremos. Eu não virei para saber qual tinha sido sua reação, mas pelo menos ela não se negou.
Liguei o carro, e comecei a dirigir.
- Se importa? – ela apontou para o radio, e eu fiz que não com a cabeça, ela ligou o som, estava na mesma estação que eu vi ontem.
Ela começou a cantarolar a musica que estava tocando, essa eu conhecia. Ainda estava claro, o céu estava cinza, e ventava pouco.
Eu arrisquei cantando um pouco com ela, que olhou pra mim e não disse nada, continuou a cantar Somertimes salvation da banda Black Crowes, ela cantava com a alma isso fazia com que eu me sentisse a vontade para cantar junto. Estava rodando um pouco sem direção e de ultima hora resolvi ir para o rio, lembrei dos passeios de barcos, esperando que ela não tenha ido ainda. Sai do carro, estava dando a volta para abrir a porta para ela, mas ela saiu antes que eu chegasse, mas não perdi a oportunidade de pegar em sua mão.
- Mmm conheço bem esse lugar – ela disse colocando o dedo indicador sobre os lábios.
- É, eu também, e provavelmente não vou esquecer ele tão cedo. – ela não fez comentários.
Haviam vários tipos de barco de passeio, agora já passava das cinco da tarde e ela poderia ficar com fome, comprei ingressos para um barco com restaurante a bordo. Ela estava olhado para o rio, com as mãos nos bolsos traseiro, eu revirei os olhos odiando profundamente bolsos traseiros.
- Aqui! – Mostrei os ingressos a ela.
- Para um passeio de barco? – eu fiz que sim com a cabeça.
-Hey! Isso é muito legal, você é uma amiga incrível, acho que dei sorte, fiz uma amiga em Miami, americana e que está me agüentando a quase quarenta e oito horas e ainda vai me levar para um passeio de barco, sério mesmo isso?
- Claro que sim! – comecei a caminhar com ela ao meu lado, o barco estava prestes a sair e quando subimos na plataforma, olhei para o lado, ela estava com um grande sorriso no rosto.
Estava começando a vendar muito, os cabelos dela batiam em seu rosto e ela estava com uma blusa que não iria esquentá-la, tirei meu casaco e coloquei em suas contas.
- Ah! Não precisa Lud, eu não estou com frio, eu gosto desse vento. – ela me devolveu o casaco, não pareceu ser proposital, mas era ruim ouvir um não vindo dela.
O Barco deu partida, e resolvemos dar uma volta, assim fui mostrando a ela a paisagem. O guia turístico começou a falar e eu parei, para que ela ouvisse o que ele tinha a dizer.
- Prefiro que você continue me mostrando Miami! – ela cochichou perto do meu ouvido.
A viagem estava tranqüila, haviam muitos casais, eu devia ter deduzido que em um barco com restaurante no final da tarde seria mais visitado por casais.
- Essa cidade realmente é linda! – ela disse enquanto se apoiava em um banco no meio do barco, ficando de costas para o assento, fui para o seu lado.
- Sim, esta cidade é muito bonita mesmo. – ficamos observando a cidade passar, as vezes o vento batia, trazendo o cheiro dela.
Ela não tinha me perguntado de onde eu era, bom na verdade ela não me perguntava muita coisa. Eu queria conversar um pouco e arrisquei começar uma conversa.
- Eu acho que não cheguei a dizer de onde eu sou... Eu nasci em Salt Lake City, mas moro em Nova York, e apesar de gostar muito das duas cidades... sempre me identifiquei com Miami.
- Assim como eu! - ela disse, mas só isso, nada a mais.
- Vamos comer alguma coisa? - ela concordou com a cabeça. Ela pareceu ter ficado um pouco pensativa, menos risonha.
Estávamos na mesa esperando nossos pedidos, seu olhar estava um pouco distante!
- Posso saber o que você está pensando? - eu perguntei a ela, tomando um pouco de vinho.
- Estou pensando no amor.
- Eu acho que não penso muito sobre o amor, talvez eu devesse... - e ela me interrompeu.
- Você está certa, não se deve pensar sobre o amor, e sim senti-lo. Deixa-lo tomar conta do seu ser... talvez eu tenha falado da forma errada, eu na verdade estou pensando em como eu gostaria que as pessoas deveriam sentir o amor de verdade.
- Como assim?
Ela suspirou, e começou a falar.
- Bom pessoas são mais complicadas que o necessário, eu também sou um pouco, confesso, mas estou tentando mudar isso, estou tentando ver o outro lado - ela fez uma pausa, bebeu um pouco de vinho. Ela continuou. - Quando eu era pequena eu ouvia sobre o amor, eu acreditava que era um sentimento que existia por um homem e uma mulher, e que era tudo lindo e perfeito quando se encontrava a pessoa certa, então quando eu cresci e me apaixonei algumas vezes, eu simplesmente deixei de acreditar nesse amor, porque as pessoas nos magoam, e nós mesmo nos magoamos. Eu descobri que esse negócio de pessoa certa não acontece com todos, e por um bom tempo sofri pensando sobre isso, porque eu me sentia excluída. Mas hoje eu sou grata por todas as dores que passei. Hoje sim eu acredito no amor de verdade, não naquele da minha infância, eu me encontrei e me conheci melhor na dor, descobri todas as formas de amor que existem, o que eu posso dar e o que eu quero ou posso receber. É um pouco complicado explicar, mas se as pessoas abrirem os olhos da alma, todas vão entender o que eu estou falando. E hoje eu desejo que as pessoas encontrem essa tal pessoa. Pois as vezes as coisas não são como todos dizem. As opções... Não me sento mais excluída, aprendi a aceitar. - ela bebeu um pouco de vinho, nossos pratos chegaram.

- Posso fazer uma pergunta?
- Pode, você pode fazer todas e quantas perguntas quiser, e eu posso respondê-las ou não.
- Quando você fala que não existe a tal da pessoa certa, em que sentido diz isso? - ela parou de comer, a cor pareceu ter sumido um pouco de seu rosto, ela bebeu um gole de vinho.
- Eu acho que entendo perfeitamente que, meus pais me deram a melhor educação que uma menina jamais merecerá, e sinto muito orgulho disso, eu os amos, de verdade, por isso compreendo perfeitamente que, eles desejam que eu seja uma filha muito melhor do que eu jamais poderei ser e, mesmo sendo tão nova, garanto que vivi muito pouco, talvez, sem a experiência necessária e até mesmo influenciada pela atual cultura, que é diferente da que eles viveram na sua adolescência, mas já estou decidida quanto a minha orientação sexual... enfim, eu sinto atração por mulheres.
Uma mulher começou a cantar no microfone, por ter tantos casais, eu sabia que só poderia ser algo romântico, era No ordinary love, ela me deu um pequeno sorriso, era visível que ela não estava mais a vontade.
- Você está triste com alguma coisa que eu disse? - perguntei já me sentindo arrependida, eu não à queria triste.
- Não, eu não estou triste, eu estou imensamente feliz, acredite.
- Mas não é o que parece.
- Pessoas! - Ela piscou pra mim, e foi o que ela me disse.
- Não perca seu tempo pensando nisso, eu estou feliz.
Resolvi mudar de assunto.
- Quando eu era pequena, vim com minha família para Miami, foi quando andei pela primeira vez de barco, lembro de ter ficado de boca aberta vendo a cidade. - ela sorriu de novo, isso me deixou mais aliviada.
- Então seu amor por Miami começou na sua infância? - fiz que sim com a cabeça, mas pelo visto ela não queria conversar muito e me pegando totalmente de surpresa, ela colocou o garfo próximo da minha boca.
- Mmm esse ravióli está uma delicia, experimenta! - normalmente eu diria não, mas me deixei levar.
- Melhor que o meu filé de pescada.
Eu estava com receio de fazer outra pergunta que a deixasse triste, mas resolvi fazer uma que não fosse tão profunda, ou assim eu imaginei.
- Como foi sua infância na sua cidade? - ela olhou pra mim, respirou profundamente de novo, e pelo seus olhos eu percebi que não deveria ter feito essa pergunta também.
- O passado? Bom, tive uma infância divertida. Não em todos os momentos, claro. Mas Lud, eu me importo com o hoje e com o amanhã , mais com o hoje pra falar a verdade.
- Posso saber o porquê? - ela olhou para o copo, e depois para mim.
- Porque eu não posso fazer nada em relação ao passado, e prefiro que o passado fique onde está.
- Me desculpe, não quis ser intrometida.
- Você não foi, você fez o que qualquer pessoa faria, tentou manter uma conversa inocente, só não sabia que eu sou o tipo de pessoa que não fala sobe o passado, ou que queira saber do passado, pelo menos não mais.
- Não mais?
- Sim, eu já fui uma pessoa que falava muito no passado, que sentia falta dele e hoje prefiro as coisas como elas estão, prefiro que o passado fique onde está.
Eu não queria mais prolongar aquele assunto, a viagem já estava acabando todos estavam se levantando. Olhei no relógio, por sorte ainda era cedo e eu estava torcendo por dentro para que ela não pedisse pra ir embora.
Descemos no barco, comecei a ir em direção ao meu carro, ouvi sua voz um pouco atrás de mim, não tinha percebido que ela tinha parado.
- Vamos ficar um pouco aqui? - ela perguntou.
Eu guardei a chave do carro, e fui até aonde ela tinha parado. Ela estava olhando para o céu e continuou andando até chegar em um banco, que foi o mesmo onde eu almocei hoje mais cedo. Comecei a sorrir, ela me olhou e sorriu também, ela não quis saber o motivo, mas eu quis falar mesmo assim.
- Foi aqui que eu almocei hoje, enquanto falávamos pelo celular.
- E foi aqui que o sorriso britânico ficou também? - eu fiz sim com a cabeça, ela deu risada.
Pedidos podem ser realizados, eu desejei que ela sentasse nesse banco ao meu lado hoje mais cedo, aconteceu, com um pouco de atraso, mais aconteceu.

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