Xxx Eu só queria dizer Bom dia! E não briguem comigo, prometo que melhora kkkkk!! Sério, até mais tarde, Enjoy xxX
Ludmilla Pov
Deixei o porteiro para trás, não dando importância ao guarda-chuva, porque agora eu precisava sentir a chuva. Eu a tinha feito chorar, havia feito com que ela não quisesse mais me ver. Ódio misturado a dor foram os sentimentos que me consumiram. A chuva caia insistentemente e muito fria, em poucos passos eu já estava encharcada. Virei a esquina e continuei vagarosamente até chegar ao carro, apertei o botão do alarme e abri a porta, eram movimentos mecânicos, eu mal podia sentir, tranquei a porta, mas não liguei o carro.
Eu apoiei meus braços no volante e fiquei olhando a chuva cair no pára-brisa, gotas pingavam do meu cabelo, tudo estava embaçado, confuso, como eu.
Eu não sei quantas vezes eu pensei em sair do carro e voltar ao quarto, agarra - lá e não deixar que saísse dos meus braços. Mas se eu fizesse isso as coisas poderiam piorar, no fundo eu sabia que ela precisava de um tempo, que ela precisava pensar e enxergar a situação toda.
Parecia que eu tinha acabado de entrar no carro, mas quando olhei no relógio no painel já passava da uma da madrugada. Liguei o carro, percebi que eu estava tremendo.
No hotel eu resolvi subir pelas escadas, eu não queria olhar para ninguém. Eu só conseguia pensar que ela não queria me ter por perto. A angustia que eu estava sentindo não estava me deixando raciocinar, eu não queria pensar no dia de amanhã, eu tinha plena consciência que não iria me concentrar em mais nada a não ser ela.
As palavras dela não saiam da minha mente.
Você entendeu tudo errado, eu não estava sendo apaixonada para você, e sim para mim mesmo, como há muito tempo eu não era.
Algo vibrou e vibrou de novo, lembrei que meu celular estava na minha bolsa, só podia ser ela, eu peguei para ver, meu desanimo quase me fez jogar o celular longe, era Luis, resolvi não atender.
Fechei os olhos e toquei minha boca, o gosto dela ainda estava ali. Foi o beijo mais intoxicante de toda a minha vida, como eu queria tê-la agora, eu a jogaria na cama ou no chão e faria dela minha, só minha.
O que raios poderia ter acontecido com ela? Quem a teria magoado? Ou ela teria magoado alguém e estava tentando me privar de algo?
- Que PORRA!! – esbravejei me levantando.
Porque ela não se abriu comigo? Porque tantos segredos? Fui para o banheiro tomar um banho, fechei os olhos deitada na banheira e só podia confirmar o que eu já sabia desde o inicio, eu estava ferrada, ferrada de verdade.
Acordar foi desesperador, porque toda a dor e angustia de ontem voltaram. Olhei para o meu celular, nem sinal dela. Fui para o escritório de carro, a chuva continuava, só para piorar a situação, qualquer movimento me fazia olhar para fora, na esperança de que ela estivesse na chuva de novo.
A hora estava custando a passar, ouvi baterem na porta, era Patrícia, acenei com a cabeça para que ela entrasse.
- Senhora, eu não gosto de me intrometer, eu já perguntei uma outra vez, mas dessa vez a senhorita está me preocupando, você está bem? Precisa de algo?
- Não Patrícia, eu agradeço sua preocupação.
- Entendo! – ela disse ruborizada, parecia ser difícil para ela dizer aquelas palavras.
- Ludmilla? Eu.. eu me preocupo com você, e ... bem eu sei que sou só sua funcionária, mas por favor se precisar de algo, eu estou aqui. Com licença – Patrícia já estava comigo a tempo suficiente para me conhecer, nem que fosse um pouco, eu sabia que podia contar com ela.
Ficar ali estava me sufocando, peguei minhas coisas e sai.
- Patrícia, vou para a construção e depois volto para o hotel, trabalharei de lá o resto da semana, qualquer coisa me ligue e caso queira, pode trabalhar do hotel também.
Assim que cheguei na construção um dos funcionários disse que Richard havia tentando entrar novamente. Agradeci e logo em seguida liguei para Luis.
- Luis, ligue para Richard e deixe claro que não temos mais negócios com ele, por favor, faça isso hoje, não quero ele vindo a construção mais... Sim eu estou bem.. Eu sei.. Hoje? Não estou com cabeça Luis... Mulher? Sim você acertou, é ela..quem diria não é mesmo? Pois bem, faça o que eu pedi, até mais Luis... sim tenho certeza, ok - não tinha como enganar Luis, ele ainda era um dos poucos se não o único amigo mais próximo que eu tinha, voltei para o carro, liguei o som na mesma rádio de sempre e o radialista estava falando alguma coisa.
O céu estava com um tom escuro por causa da chuva. Segui meio sem direção, mas eu sabia para onde eu estava indo e quando dei por mim, lá estava eu em frente ao hotel dela.
Na recepção o atendente me reconheceu.
- Boa noite senhorita!
- Boa noite! Você pode me deixar subir sem que a senhorita Gonçalves saiba? Eu gostaria de fazer uma surpresa – isso é o máximo que seu cérebro consegue inventar Ludmilla? Pensei comigo.
O atendente me olhou como se eu tivesse dito algo de errado. Depois de alguns segundos parecendo meio inseguro ele continuou.
- Senhora, a Srta Gonçalves fez seu check out hoje mais cedo. -
A notícia ainda estava sendo absorvida pelo meu cérebro, quando uma recepcionista surgiu por de trás de uma porta e sorriu para mim.
- Senhorita Ludmilla boa noite! A Srta Gonçalves me pediu que entregasse isso a senhora – estendeu sua mão com um envelope branco, olhei para os dois que também me olhavam e peguei o envelope.
- Obrigada! – o envelope na mão parecia pesar cem quilos. Assim que entrei no carro, percebi que não tinha desligado o radio. Olhei para o envelope e respirando fundo o abri, havia uma carta dentro, meu coração disparou assim que comecei a ler.
Carta On:
Ludmilla
Eu passei a noite toda acordada e perdida... Completamente perdida, se você soubesse o quanto me faz mal sentir assim.. você não teria pronunciado aquelas palavras. Eu estava em paz comigo mesma pela primeira vez em muito tempo, uma paz que eu necessitava como se fosse ar. Eu sei que você não sabe meus motivos, mas acredite, eu tenho motivos e contar a você não mudaria nada.
Você interpretou isso como paixão, mas entenda Ludmilla, eu abri seus olhos sim, mas para a vida e não para um amor, uma paixão. Agora que você consegue enxergar as pequenas coisas, você tem tudo, tudo mesmo para ser feliz e fazer uma mulher feliz. Você sabe o efeito que tem sobre as mulheres, todas acham você extremamente linda, mas elas não podiam ver além disso não é? Porque você não deixava ninguém te conhecer. Eu vi além e gostei do que vi, você além de bonita por fora é bonita por dentro, você faz coisas boas sim, só que sem perceber, você é culta, interessante, engraçada e quando se deixa levar parece uma menina, livre e leve. Seja mais assim, senhora autoritária, deixe mais pessoas verem quem você realmente é, certo?
Agora, é claro, se você está lendo isso já sabe que eu não estou mais hospedada no hotel. Eu resolvi dar um tempo de Miami, na verdade eu acabei ficando mais tempo do que eu havia planejado, então dei continuidade a minha viagem. Talvez você esteja certa em alguns pontos, mas acredite em mim, é melhor não nos envolvermos, nós acabaríamos machucadas, de uma chance para o tempo, ele vai te ajudar a ver com clareza e você ficará agradecida. Existe alguém nesse mundo para você sim, mas não sou eu.
Obrigada de verdade pelas semanas incríveis.
PS: Miami fica melhor com você. Brunna.
Carta off:
Eu li e reli a carta, eu não podia acreditar que ela havia ido embora, ela não podia estar falando serio. Peguei o celular e liguei para Luis. Passei os dados de Brunna, conversamos sobre os possíveis lugares onde ela poderia estar e expliquei por cima para ele o que tinha acontecido, assim que ele tivesse uma posição do que faria primeiro me avisaria.
Eu queria tentar ajudá-la com o que quer que ela tenha passado, assim que eu a encontrasse daria um jeito de afastar esses demônios e fantasmas dela.
No quarto de hotel, deixei as luzes apagadas, a chuva caia muito forte agora, deixei que toda dor viesse à tona. Apenas me deitei na cama e me permiti chorar.
No dia seguinte, liguei meu notebook, mandei alguns e-mails e liguei para Luis por volta das onze da manhã, para saber se ele tinha alguma novidade, mas ele disse que estava aguardando um posicionamento de um contato dele.
Pedi meu almoço no quarto. Eu dificilmente tirava Brunna dos meus pensamentos, mas com ela longe eu só conseguia pensar nas coisas erradas, e se ela estivesse em algum outro lugar do mundo onde estivesse chovendo também? E ela resolvesse sair para andar na chuva, mais alguém iria até ela? E se esse alguém fosse diferente de mim em todos os aspectos, aspectos que chamariam a atenção dela? Droga perdi o apetite, larguei o garfo e tomei uma decisão, eu não a deixaria, ela não precisava saber, pelo menos não agora que eu estava a sua procura, mas eu não ia me distanciar dela, eu sabia que se eu ligasse ela não atenderia, então peguei meu celular na mesa e comecei a digitar uma mensagem.
Para: Garota da chuva
É apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos...
Antoine De Saint Exupéry
Eu não esperei respostas, mas eu me senti um pouco menos pior, com essa pequena conexão entre nós.
Na manhã seguinte, peguei meu celular e como era de se esperar não havia nada dela. Mas mesmo assim mandei mais uma mensagem.
Para: Garota da chuva
Bom dia, se estiver chovendo por ai,leve um guarda-chuva, já que não estou por perto...
Na hora do almoço, eu sai um pouco de carro e parei em frente a um mercado, ele não era muito grande. Peguei um carrinho e fui as compras, na verdade me deu vontade de comer todas as porcarias possíveis, eu queria me sentir melhor, então eu peguei coisas que me lembravam a minha infância, biscoitos, refrigerantes, chocolate e balas, resolvi mandar uma mensagem para ela.
Para: Garota da chuva
Tentando suprir a falta que você me faz... e você não tem idéia do quanto você me faz falta.
PS: acho que minha TPM está próxima.
Comer aquelas coisas que me fizeram relembrar de uma época mais simples da minha vida me deram vontade de ligar para a minha mãe em Nova York.
Ligação On:
- Mãe? ...Oi é a Ludmilla... Sim estou bem mãe... não! Não, eu liguei porque fiquei com saudades mesmo... como estão as coisas por ai? ...Por aqui estão bem também, as obras já começaram, e estão em um ótimo ritmo.. acho que sim.. eu também.. você acha que estou diferente? ... (risos) sim mãe, talvez tenha algo a ver com uma garota ai.. ok!... bom, ela se chama Brunna, ela é a garota mais diferente que eu já conheci em toda a minha vida, como posso explicar? Ela é livre mãe, alegre, engraçada, uma pessoa boa – eu pensei mais um pouco e me veio na mente – ela gosta de água.. como? Bom pra ter uma idéia eu a conheci enquanto ela tomava um banho de chuva.. sim ela não é como as outras... ela é simplesmente linda, vou mandar uma foto para você.. eu também acho que era de alguém assim que eu precisava ...claro, um dia eu a levo para conhecer você mãe.. agora preciso desligar.. sim também foi bom para mim, eu te amo mãe. -
Eu não acho que menti para minha mãe, eu realmente queria levar Brunna para conhecer minha família, mas eu não podia dizer que eu não fazia idéia de onde ela estaria agora. Abri a foto que tirei aquela noite e enviei para o celular da minha mãe, alguns minutos depois ela me mandou uma resposta.
De: Mãe
Ela é linda filha, e deve ser encantadora, mas com certeza sortuda por ter conseguido seu bom coração, quero conhecê-la.
Eu sorri por dentro, será que só eu não achava tudo isso de mim mesmo? Bom, mãe é mãe, não conta. Passei para o notebook a foto que eu tinha dela no celular e fiquei um tempo olhando.
Guardei o monte de comida que estava jogada em minha cama, tomei um banho de banheira, e resolvi não pedir o jantar hoje, eu havia comido muito doce. Liguei a TV para me distrair um pouco, mas não estava conseguindo prestar atenção. Peguei o celular e mandei mais uma mensagem antes de dormir para Brunna.
Para: Garota da chuva
Minha mãe quer conhecer você... bom, espero que esteja bem, boa noite, garota da chuva.
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In Your Eyes - Brumilla
FanfictionLudmilla é uma mulher bem sucedida no mundo dos negócios e bem resolvida quando o assunto são as mulheres, apesar de ser muito atraente, ela não gosta de romances, não se interessa por declarações e namoros e não gosta de perder tempo com pessoas, s...