Capitulo 9

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Xxx Esse eu vou postar e sair correndo!! Agora é real e oficial, só volto amanhã! Tentem dormir bem kkkk Enjoy xxX

Ludmilla Pov

Os dias passavam muito mais rápidos e eu tinha certeza que era porque ao lado dela eu esquecia de tudo e evitava o relógio.
Renato tinha parado de ligar todos os dias, para felicidade de Luis, agora que eu já tinha assinado a documentação. Fomos ver o terreno com os arquitetos que já tinham me mostrado a maquete do prédio, eu tinha mais outras cinco opções de terreno, mas nenhuma delas me dava a vista para o rio de Miami.
- Senhorita Ludmilla, com licença... – Era Patrícia, ela estava com as bochechas vermelhas e mal conseguia olhar para o meu rosto.
- O que foi Patrícia? – ela era baixinha e um pouco acima do peso, loira e muito branca com os lábios gordinhos e um nariz que parecia uma bolinha, com essa cara vermelha ela estava parecendo um tomate cereja.
- Uma moça está lá embaixo... e... Bom... ela disse que só sai depois que a senhora devolver o sutiã dela.
Eu comecei a rir, Patrícia ficou sem entender, eu olhei para o relógio, já tinha dado o horário que havia combinado com Brunna para almoçarmos juntas.
- Obrigada Patrícia! – se Patrícia tivesse ido lá embaixo ela reconheceria Brunna, daquele primeiro dia, mas a recepção deve ter passado o recado pelo telefone. Eu sai do elevador rindo. Brunna estava na recepção e as recepcionistas olhavam incrédulas para ela, até que me viram e tentaram disfarçar.
- Vamos, no carro eu te entrego seu sutiã - passei a mão em sua cintura, ela se virou um pouco – Tchau meninas – eu continuei rindo.
- Você é incorrigível dona Brunna!
Fomos para aquele restaurante onde a vi com os moradores de rua, procurei por eles mas não encontrei. Brunna nunca me falou sobre eles e eu não podia perguntar, ela estranharia.
Eu estava conseguindo levar a situação bem melhor do que eu havia imaginado, estar perto dela bastava então eu não cobrava tanto de mim ou dela. Às vezes era complicado, ver outros olhando-a e por mais que ela não estivesse interessada em relacionamento, assim como eu me apaixonei por ela, ela poderia se apaixonar por alguém, Era complicado também estar tão perto sem poder toca-lá. Quando ela sorria eu tinha vontade de beijá-la, e como ela sempre estava sorrindo na maior parte do tempo eu ficava na vontade.
Nós pegamos uma mesa, ela já sabia o que ia querer e eu olhei o menu.
- Como anda a construção? – ela perguntou arrumando o guardanapo em seu colo.
- Já estão cavando, hoje pensei em levar você até lá, para ver a maquete, o que você acha?
- Eu topo, mas só se você devolver meu sutiã. – começamos a rir. – As recepcionistas não vão mais te olhar com os mesmo olhos Ludmilla.
- Eu não ligo.
Era mais fácil me divertir ao lado dela, isso era tão raro com outras pessoas, que ela provavelmente era comum, mas para mim.. tudo era novidade, desde que a vi aquele dia, e fazendo uma conta mentalmente, amanhã completaria vinte e um dias que nos conhecemos, quase um mês, vendo-a todos os dias.
- Como vai Brunna? – um garçom veio ate a mesa cumprimenta-lá, eu não gostei nada daquilo, fiquei olhando de um para o outro.
- Oi Romulo, como vai?
- Estou bem, faz tempo que não a vejo por aqui.
- É, eu sei, por isso vim aqui hoje, me deu uma saudade do molho do Joseph.
- É, esse molho do Joseph que mantém a clientela. – eles sorriam.
- Doug, essa é a Ludmilla Oliveira!
- Acenei com a cabeça uma única vez. Eu não consegui refrear meus sentimentos e creio ter sido mais fria do que o necessário.
- Bom espero que gostem da refeição, não suma hein Brunna, até mais ver senhorita – e o garçom se foi.
Ela se levantou dizendo que iria ao banheiro, mas vi que ela foi ate o balcão, conversou um pouco com alguém e pegou algo em sua bolsa, o ciúme começou a se manifestar de novo, que sentimento irritante. Será que era assim com todo mundo? Nós vemos pessoas todos os dias, pessoas vão e vem e de repente uma única pessoa se torna o centro de suas atenções, de um dia para o outro? Será que isso aconteceria com outras pessoas? Tudo era tão novo pra mim.
Ela estava voltando, meu coração já estava se acostumando a acelerar toda vez que ela vinha em minha direção, as vezes eu me sentia um pouco patética com isso.
-Vamos ver o terreno senhora autoritária.
- Eu vou pagar a conta e nós vamos. – comecei a me levantar, ela estava sorrindo, pegou minha mão e me puxou, ela já tinha pago a conta, lógico, revirei os olhos.
- Eu tenho tido vontade de dirigir ultimamente, estou pensando em alugar um carro, só não sei se vou me acostumar com a direção tão facilmente.
- Porque você não me disse antes? – eu joguei as chaves para ela – minha direção é americana, você já sabe, você só tem que se manter do outro lado – ela pegou as chaves e abriu um sorriso.
– Tem certeza? – eu não gostei da pergunta dela.
- Tenho certeza, você tem carteira de motorista certo? – perguntei agora parando.
- Sim eu tenho! – ela entrou no carro e eu comecei a andar em direção ao lado do passageiro.
- Comprada, mas tenho! – E ela ligou o carro.
- Me fale o caminho, certo? – ela deu uma piscada e eu olhei pasmo para ela, coloquei o cinto rapidamente.
- Siga por aqui e vire a esquerda no terceiro farol.
- E agora? – ela estava terminando de fazer a curva – Vire a direita e estacione.
- Tão rápido assim? – ela fez biquinho desligando o carro.
- Deixo você dirigir mais depois. – ela me entregou as chaves.
Atravessamos a rua, o terreno estava cercado. Bati algumas vezes e um dos operários abriu uma pequena portinha.
- Boa tarde senhorita Oliveira. – peguei a mão de Brunna e fui até a mesa que estava coberta no inicio das instalações, peguei dois capacetes e fomos andar.
- Puxa, o terreno é enorme mesmo!
- Sim, é bem grande. Quero fazer um pequeno parque em volta do prédio também, mas você vai ver isso na maquete. - Quando estávamos chegando, vi dois homens de costas para nós conversando e olhando a maquete.
Chegando mais perto, vi que um deles era Richard e o outro eu não fazia a menor idéia.
Puxei Brunna e subi os degraus, ela olhou para mim esperando que eu dissesse algo, mas minha raiva estava prestes a explodir, pensei em deixá-la do lado de fora, mas eu não consegui soltar sua mão.
Assim que coloquei meus pés para dentro, o homem que eu não conhecia olhou para mim e então depois para Richard, que se virou e me olhou como se nada tivesse acontecido.
- Como vai Ludmilla? – ele olhou para Brunna, a medindo dos pés a cabeça e deu um passo a frente erguendo sua mão em sua direção – Srta. Como vai? – Brunna tentou soltar minha mão para cumprimentá-lo mas eu não soltei.
- O que você esta fazendo aqui Richard?
- Nós já estávamos partindo, esse é Louis um dos meus sócios, eu o trouxe aqui para mostrar o que seria feito do meu terreno.
- Meu terreno. – Brunna percebeu a tensão no ar e se aproximou de mim, isso parece ter me acalmado um pouco.
- Claro, seu terreno. Bom vamos indo então Louis, com licença – Richard olhou para Brunna, parecendo comê-la com os olhos. – Srta. Mantenha sua namorada calma – ele deu um sorrisinho para ela.
Brunna não respondeu a ele e nem desmentiu sobre não sermos namoradas. Assim que vi que eles tinham saído tentei me acalmar, voltando minha atenção para a maquete.
- Se você soltasse laser pelos olhos teríamos dois cadáveres aqui.
- Provavelmente sim.
Depois de ter me acalmado mostrei a ela os detalhes na maquete, ela pareceu realmente ter gostado de tudo e disse.
- Vai ficar lindo Lud, e você ainda vai ter uma vista privilegiada.
- É, eu sei, só por isso comprei o terreno daquele cretino.
- Relaxa, já passou. – ela disse me dando uma ombrada de leve.
Na saída falei com os seguranças e pedi que a passagem fosse restrita para todos da obra, eu não queria pessoas desconhecidas aqui. Uma lista iria chegar amanhã para todos, com os nomes autorizados que poderiam entrar no terreno. Passamos boa parte da tarde andando pelo terreno até que começou a garoar novamente.
- Preciso passar no meu escritório para pegar meu carregador do celular, você vem comigo?
- Claro, mas só se eu dirigir! – joguei as chaves para ela.
Quando chegamos as recepcionistas estavam se arrumando para ir embora, Brunna deu tchau para elas enquanto íamos para o elevador.
Patrícia estava com o rosto muito próximo ao monitor, com uma pilha de papeis ao seu lado.
- Ainda aqui Patrícia? – ela se endireitou na cadeira, com um leve susto e olhou para nós duas.
- Sim senhorita Oliveira, deixando tudo organizado. Oi senhorita Gonçalves! – ela sorriu para nós.
- Me chame de Brunna, por favor Patrícia!
- Desculpa Brunna! – Patrícia disse um pouco envergonhada ainda,mas sorrindo sinceramente para Brunna.
Fui para minha sala, não era grande como meu escritório em Nova York, esse era temporário. Encontrei meu carregador, Brunna havia ficado na porta me observando.
- Pode ir embora Patrícia, divirta-se e aproveite o seu fim de semana! – eu disse enquanto entravamos no elevador, Patrícia ficou nos olhando com um sorriso no rosto e dando tchau para nós.
- Você quer fazer alguma coisa agora?
- Eu acho que podíamos ir no cinema, você sabe o que está passando?
- Não faço a menor idéia, mas nós podemos ver agora. – peguei meu celular e entrei no site, ela estava com as chaves, então fui para o banco do passageiro.
- Nenhum grande nome.
- Ah tudo bem, lá nós escolhemos algum! – ela disse mordendo o lábio, ela sabia o caminho para o cinema, dessa vez eu só me estiquei e relaxei.
Escolhemos uma comédia romântica, na falta de opção, porque era o horário mais próximo.
Subimos para a última fileira, os trailers já tinham começado e a sala estava razoavelmente cheia, ela ficou com os nachos no colo e eu com a pipoca. Eu passei mais tempo olhando para ela do que para o filme, ocasionalmente virava para a tela, ela poderia perguntar sobre o filme mais tarde.
Voltamos para o hotel, ela disse que não queria ir a nenhum Pub hoje, no fundo eu senti uma ponta de esperança, mas tratei de não alimenta-lá.
No quarto ela ligou as caixas de som ao seu Ipod, e deixou a lista de musicas rolar.
- Eu já volto! – como sempre ela não perguntou onde eu estava indo. Ela e sua falta de curiosidade. Fui para o bar do hotel.
- Eu gostaria de duas garrafas de champagne, alguns chocolates e frutas, para o quarto 802. Por favor. -
Quando subi, abri a porta, o som era conhecido, Maybe tomorrow da banda Stereophonics e ela estava de costas para a porta, cantando a musica e dando pequenas batidas com o pé.
Não fechei a porta, porque eu sabia que o pedido viria rápido e assim foi, ela só se virou quando eu já estava fechando a porta, e deu um sorriso voltando a cantoria.
Enchi nossas taças e entreguei uma a ela.
Ela sentou-se no chão puxando os joelhos para seu peito deixando a taça ao seu lado, eu tirei meus sapatos, e me sentei no chão também. Olhando para ela, que ainda olhava para a janela, a chuva começava a cair.
Ela engatinhou até a mesa que estava o Ipod e pausou a musica.
– Esse som não te fascina?
Fiz que sim com a cabeça, ela sabia que eu gostava da chuva. Ela ligou novamente o som.
- Bom, eu pedi as bebidas para comemorarmos. – ela piscou seus olhos para mim, tentando achar a lógica.
- Amanha, fazem três semanas que nos conhecemos – inesperadamente ela voltou a engatinhar e parou a minha frente, seus olhos estavam doces, e cheios de alegria, mas ao mesmo tempo havia algo em seus olhos que me tiravam a paz. Ela pulou nos meus braços, fazendo um pouco do liquido da taça cair no chão.
- Você, me agüenta a vinte e um dias? Como você consegue? Me vendo todos os dias ainda! – dessa vez eu larguei a taça de lado e abracei-a também. Sentindo seu corpo dar uma pequena enrijecida, mas continuei.
- Não é uma tortura como você diz, só as vezes! – o que era verdade, mas não da forma como ela achava que era, meus momentos de tortura geralmente aconteciam quando a vontade incontrolável de beijá-la surgia. Mesmo não vendo seu rosto eu sabia que ela estava sorrindo, então ela se afastou cedo demais e engatinhou novamente, eu não pude evitar de olhar seu corpo.
- Aqui , vamos fazer um brinde a você Lud, que me atura a vinte e um longos dias, e a mim que desfruto da sua amizade, agora tão importante! – ela tocou sua taça com a minha e bebeu.
- Eu me tornei importante para você? – perguntei tentando soar indiferente.
- Claro, ou você não estaria aqui comigo uma hora dessas. – e ela olhou no relógio, me mostrando com um sorriso nos lábios – Exatamente as 23h28... Lud, conhecer você me fez mais bem do que você pode imaginar, porque foi no momento certo, eu acredito que Deus em sua infinita sabedoria, coloca as pessoas na nossa vida no momento certo. Acredito que ele faça com que passemos por tudo por um motivo que nós desconhecemos. – ela deu um gole em sua bebida antes de continuar. – Quando eu cheguei em Miami eu cheguei fugindo do meu passado, da vida que tinha deixado, mas hoje revendo, eu vejo que eu não fugi, eu simplesmente segui a diante, e você me ajudou, porque hoje eu não converso mais com as minhas trevas, eu não me afasto mais de mim. -
Eu amava quando ela me falava sobre ela ao mesmo tempo em que me ensinava o que eu jamais tinha parado para pensar, porque sim eu era egoísta, e vivia minha vida sem olhar para os lados, ou mesmo sem olhar para mim de verdade.
- Talvez eu sozinha não consiga mostrar o que é essencial para você, o que vai te fazer crescer e dar o verdadeiro sentido a sua vida, como agora eu vejo na minha, mas eu gostaria de chegar perto disso, nem que fosse um pouco. - Ela continuou.
- E eu fico feliz por saber que alguém como você, me quer tão bem. Eu não creio que seja digno, mas eu sou grata.. grata por você ter entrado em minha vida e mesmo que você não perceba, as mudanças já estão aqui... eu agradeci a Deus, por você ter aparecido na minha vida, eu que há muitos anos não conversava com Deus, talvez esse seja o pequeno sinal de mudança.
- Eu fico tão feliz em ouvir isso Lud. -
Respirando fundo achei que essa era a hora de ir um pouco mais adiante.
- Eu sei que você não faz questão de saber sobre meu passado, não tudo pelo menos, mas eu preciso falar com você um pouco sobre mim, de como eu era antes. – ela estava atenta me olhado seriamente, talvez se perguntando se ela queria ou não ouvir, mas ela assentiu com a cabeça.
- Brunna, antes de conhecer você, eu era só uma empresaria comprometida com meu trabalho, alguém que aproveitava o que a vida podia oferecer, das formas mais sofisticadas que eu pudesse espremer do dinheiro entende? – não esperei uma resposta – Pessoas nunca foram uma preocupação para mim, eu lido com elas todos os dias, mas confesso que meu forte nunca foi relacionamentos, se eu estivesse interessada em alguém eu provavelmente teria esse alguém. Por sorte não só pelo meu dinheiro. Eu garanto a você, eu já me envolvi com todos os tipos de pessoas que você possa imaginar, nunca senti o interesse de me aproximar mais do que o necessário. – parei por um segundo, ela estava deixando eu falar, mas qual seria a reação dela depois que eu conseguisse falar tudo? Eu bebi mais um pouco - Há vinte dias eu era isso que descrevi a você e eu não me importava. Brunna, eu estava bem comigo mesma ou pelo menos era o que eu achava, tão segura de mim como sempre e pouco me importando com o resto. E quando eu queria sexo... Eu tinha, com quem eu quisesse, como eu quisesse e onde eu quisesse. Eu não precisava de um relacionamento e eu nunca senti falta de um – olhei para baixo, tomei mais um pouco da bebida, e voltei a olhá-la. – Mas algumas coisas mudaram Bru, e eu sinto que são coisas imutáveis, sentimentos que não posso controlar e sinceramente hoje eu não quero que mudem, porque hoje eu estou conseguindo enxergar que eu não era completa e muito menos feliz, meus olhos estavam fechados, fechados para dentro, para o meu eu e era isso que me bastava, por mais complicado que possa parecer, por estar sentindo esses novos sentimentos, eu sou agradecida. -
Ela se ajoelhou e foi de joelhos até a mesa onde a garrafa estava, completou sua taça, veio até mim e completou a minha, ela colocou a garrafa ao seu lado e se sentou novamente, em silencio. Eu respirei fundo.
- Brunna, você entrou no meu mundo da maneira mais inusitada, de uma forma que nem em meus melhores e mais estranhos sonhos eu poderia acreditar que aconteceria, você se tornou a pessoa que... – então ela me interrompeu levantando sua mão, e em seguida ela também se levantou.
- Antes que você cometa o erro de dizer o que está prestes a dizer, eu já digo não, você não. -
Assim curta e grossa ela virou a taça bebendo todo o liquido, em seguida ela pegou a garrafa e encheu novamente sua taça.
- Eu não? Por que eu não? – o que mais me incomodou foi o VOCÊ, e eu precisava saber porque.
- Droga Ludmilla, eu ainda tinha esperanças que talvez eu tivesse entendido errado, mas então você está dizendo que está interessada em mim? – ela estava triste, realmente triste, meu olhar foi para o chão.
- Eu não estou interessada em você. – ela olhou para mim e pareceu aliviada, o que me fez sentir uma pontada no peito, mas que não me impediu de completar a frase – Eu estou completamente e perdidamente apaixonada por você como nunca estive antes, por nenhuma outra pessoa! – pronto eu disse todas as palavras, todas as letras, ela deu um leve sorrido de lado, e bebeu toda a taça novamente.
- O que você quis dizer com você não? – eu perguntei, me sentindo uma garota perdida, ela passou por mim, foi ate a mesa e pegou um morango, voltou para perto da cama passando novamente por mim, senti que precisava me controlar para não agarrá-la. Ela despejou o restante do champagne na taça e bebeu um pouco.
- Ludmilla, não se ofenda, você é uma mulher incrivelmente linda, desde a primeira vez que a vi eu a achei realmente linda, inclusive eu teria saído com você no primeiro dia se as coisas não tivessem tomado um outro rumo. – ela mordeu o morango e bebeu mais um pouco. – O problema é que, você é minha amiga agora, você se tornou tão especial para mim Lud. – ela se levantou colocou o resto do morango na boca e em seguida virou o copo, deixando o mesmo na mesa próxima a cama, ela se aproximou de mim, eu não conseguia ler os seus olhos, mas meu peito encolheu, meu coração ficou do tamanho de uma ervilha, eu não queria aceitar o que estava por vir. – Eu não posso, me recuso a mudar o que eu sinto por você entendeu? – ela fechou os olhos como se estivesse obrigando seu cérebro a entende, como se aquilo fosse uma ordem para ela mesma, um raio clareou o céu e a tempestade tinha começado a cair. - Eu posso dizer para quem quiser ouvir, eu amo você e sempre vou amar por todas essas semanas incríveis que você tem me proporcionado. Você não se parece nada com o que acabou de descrever, você é boa, divertida, parece sempre interessada no que tenho a dizer, você é o tipo de mulher que qualquer homem ou mulher gostaria de ter, e não falo só porque você tem dinheiro e muito menos por você ser tão bonita a ponto de irritar – ela ainda estava muito próximo, meu cérebro estava tentando trabalhar, eu ainda estava tentando entender suas palavras, mas só me vinha a mente "você não".
- Eu sou isso tudo que você falou única e exclusivamente por sua causa Brunna, eu descobri que eu não era assim porque eu não tinha motivos, eu não precisava me sentir assim, porque meus olhos, ouvidos e coração estavam vendados para tudo. – eu disse olhando em seus olhos castanhos, senti que a tempestade não estava mais lá fora e sim nos olhos dela.
- Pior ainda Ludmilla, muito pior, porque uma hora ou outra o seu eu verdadeiro voltaria a dar as caras e isso me machucaria, eu me sentiria enganada e você também porque eu não poderia manter você assim para sempre, ou seja, o fim seria mais doloroso e certeiro. -
Ela saiu de perto, foi para a janela, colocando sua mão direita no vidro, com sua outra mão ela jogou seus cabelos para trás e depositou-a no bolso traseiro de sua calça.
- Brunna, você abriu meus olhos, você me fez acreditar que um tipo de felicidade que eu não imaginava existir.
- Felicidade é felicidade Ludmilla! – ela disse sem se virar.
- Não, existem vários tipos e níveis de felicidade e eu nunca tinha sentido a felicidade que eu sinto agora! – ou pelo menos sentia há uns dez minutos atrás.
- Você entendeu tudo errado, você foi tão burra, tão estúpida – ela disse me pegando de surpresa – Se você não tivesse falado, se você tivesse mantido essas palavras para você... nós poderíamos continuar nossa amizade e logo você perceberia que tudo não passou de um equivoco, algo momentâneo, algo passageiro. Ludmilla, eu te disse que você tinha muito o que aprender nessa vida – ela não se virou, o céu estava tão negro que não era possível ver a chuva cair, só quando relampeava. Eu vi seu rosto pelo reflexo, ela estava de olhos fechados. – As pessoas são volúveis senhorita Oliveira, nunca ninguém te disse isso? – ela passou a mão no rosto, e depois em seus cabelos – Se você não mudasse eu mudaria, ou pior uma hora você exigiria que eu mudasse.
- Não! – eu quase gritei, então peguei seu braço, virando-a, para minha surpresa ela estava chorando, me perturbou ver lagrimas em seus olhos. – Brunna, eu não mudaria nada em você, nem um fio sequer dos seus cabelos, eu não poderia ficar sem ouvir suas piadas, ou sem seu sorriso, sem sua mania absurda de querer pagar as coisas, sem suas broncas e ensinamentos sobre a vida, sem o seu espírito livre, você é tão única. – eu levantei seu queixo para que ela me olhasse nos olhos. – Brunna, foi como eu te disse, eu nunca senti isso por ninguém, eu conheci inúmeras mulheres, inúmeras pessoas, todas diferentes uma das outras, algumas boas e inteligentes, pessoas cativantes, outras nem tanto. Mas nunca em toda minha vida eu me senti como me sinto desde o dia em que eu te conheci, é como se eu tivesse que ter conhecido você, eu sinto que você se encaixa perfeitamente onde eu precisava que alguém se encaixasse. -
Agora escorriam lágrimas de seus olhos, eu puxei ela para o meu peito e a apertei, poder senti-la nos meus braços foi reconfortante.
- Brunna, eu não pergunto porque eu sei que você não gosta de falar do seu passado, mas eu sei que alguém a magoou, não pense que eu faria isso com você, por favor.
Ela se afastou do meu braço, secou seus olhos e me olhou seriamente.
- Eu preciso que você vá embora agora Ludmilla – eu não esperava que ela me mandasse embora, eu não senti meus pés e minha voz parecia ter evaporado junto com meu coração quebrado e cérebro fodido.
- Não adianta você me dizer nada disso Brunna, eu sei que você se sente atraída por mim, eu sei que você foi magoada e não confia nas pessoas, mas você, sem pretensões conseguiu encher o meu peito com um sentimento que eu nem sequer imaginava que poderia sentir, tente entender, as pessoas estão por ai, o mundo está cheio delas, eu não acreditava no amor, mas agora eu sei que você é a pessoa certa para mim. Eu sei que você se sente bem ao meu lado, eu posso sentir sua felicidade, eu sei que eu te faço bem, por favor, de uma chance para eu te mostrar que eu sou diferente da pessoa que te magoou. Você esta chorando Brunna, isso significa que você está triste e que você também não quer que eu vá embora, de essa chance a você também, por favor? -
Ela abaixou a cabeça, parte do seu cabelo cobriu seu rosto, eu coloquei minha mão em seu queixo e ergui um pouco meu rosto, aproximando ele do meu, passei o dedo no lábio inferior dela, tão macio que me fez salivar, eu virei meu rosto alguns centímetros e inalei o hálito quente que veio de sua boca, nossos rostos estavam próximos, muito próximos um do outro, a intensidade do seu olhar fazia com que minha pulsação acelerasse. Me aproximei mais, nossos lábios se tocaram muito levemente, ergui minhas mão e segurei a cabeça dela passando os dedos por sua nuca, e com um último suspiro ela fechou os olhos e eu pressionei meus lábios no dela. Eles estavam absurdamente macios, um pouco salgados devido as lágrimas, a língua dela estava com gosto do morango e a mistura desses sabores com o sabor dela eram inexplicáveis. Senti sua língua de encontro a minha, todos os pelos do meu corpo levantaram, a eletricidade estava ali, eu baixei uma das mãos e acariciei sua cintura puxando-a para mais perto.
O gosto da sua boca era viciante, o que me fez beijá-la com mais urgência, Eu nunca havia sentido isso beijando outra pessoa, o lábio inferior dela subiu um pouco ficando no meio da minha boca, eu puxei-os lentamente com meus, virei minha cabeça e continuei o movimento suave tocando seus lábios com os meus, sentindo sua língua com a minha.
Parecia que meu peito ia explodir, do inferno eu fui para o céu, eu não sei quanto tempo ficamos nesse beijo, até que ela parou abruptamente e saiu dos meus braços.
Encarando-a eu disse
- Isso não é momentâneo ou passageiro Brunna.
- Eu preciso que você vá agora, nesse exato momento, não diga mais nenhuma palavra. – e assim ela se virou me dando as costas, indo para o banheiro e trancando a porta. Eu não conseguia me mover ainda. Um raio caiu e iluminou tudo, seguido do estrondoso barulho do trovão me fazendo piscar e voltar a pensar, ela precisava pensar um pouco, precisava de espaço para que ela não se sentisse pressionada. Eu peguei meu sapato e fui para fora, no longo corredor, quando as portas do elevador se abriram, um casal me olhou dos pés a cabeça, mais nos pés porque eu estava descalça, me apoiei no elevador e calcei os sapatos.

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