Capitulo 7

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Xxx Era pra ser só mais um role de boa, mas dai né, vocês me inspiram, obrigado a todos os comentários!! O próximo em seguida :) Enjoy xxX

Ludmilla Pov

Deixei o celular em cima da pia enquanto enchia a banheira, coloquei meu notebook sobre uma cadeira e selecionei algumas musicas, Disquei o numero de Patrícia no celular.
- Patrícia, reserve uma mesa para dois naquele restaurante próximo ao teatro, hoje as 18h30min.. Sim.. Obrigada.
Antes de entrar no banho mandei uma mensagem para Brunna.
Para: Garota da chuva:
Temos um compromisso as 20h00,passarei ai as 18h00 para jantarmos antes. PS: o compromisso exige um figurino mais sofisticado, espero que goste.
Apertei o enviar e entrei na banheira, tentei relaxar, as imagens do dia passaram na minha mente, a cara de Richard enquanto se referia a Vanessa, depois ela na rua com os moradores, onde eu estava me metendo.
Olhei para o celular e havia uma mensagem dela, não devo ter ouvido vibrar por causa do sim vindo do notebook.
De: Garota da Chuva
Ok. Também espero gostar, até mais tarde.
As cinco comecei a me trocar, arrumei meu cabelo, eu gostava dele meio bagunçado, mas hoje resolvi deixar jogado para o lado e penteei até ficar completamente liso. Vesti minha roupa e desliguei o notebook e coloquei a toalha no banheiro, borrifei um pouco de perfume, pronto. Peguei minhas chaves, o celular e minha carteiro junto a bolsa, dei uma olhada no espelho, eu estava me sentindo bonita.
Quando sai do elevador senti os olhares sobre mim, de certa forma eu estava acostumada. Mas hoje eu não estava me sentindo nada disso, mesmo com todos esses olhares, acenei com a cabeça para algumas pessoas que passaram por mim enquanto me dirigia até a porta, ainda estava garoando, o porteiro me levou até meu carro. Fui o mais rápido possível para o hotel de Brunna, onde decidi esperar ela no lobby.
Sentei em uma das cadeiras com estofado vermelho e aguardei. Os elevadores estavam na minha lateral, então ela me veria assim que a porta abrisse.
Alguns homens resolveram se sentar no sofá próximo a mim, alguns dias atrás eu teria olhado para eles, se algum fosse bonito o suficiente eu passaria uma noite com ele, mas essa noite eu não me dei ao trabalho de olha-los.
Liguei o visor do celular, 18h05, na mesma hora ouvi o ping do elevador e a porta se abriu. Eu queria filmar aquele momento, eu ainda estava com a mão ligeiramente levantada após ter visto a hora.
Brunna estava usando um vestido de seda azul marinho, que se encaixava perfeitamente em seu corpo, com alças finas, ela não usava nenhuma jóia e não era necessário, seu cabalo estava solto, mas não todo ele, ela havia feito duas trancinha nas laterais e puxando –as para traz deixando dois punhados de fios para frente, ela estava perfeitamente maquiada, nada exagerado, havia uma encharpe em sua mão junto com a carteira dourada, e com movimento de seu andar vi que suas sandálias eram douradas também.
Os homens ao meu lado tinham se silenciado, quando voltei a mim, vi que os homens e outras mulheres olhavam pra ela enquanto passavam, resolvi me levantar e assim mostrar a todos que ela estava comigo.
- Oi! – eu disse.
- E então.. Sofisticada o suficiente para esta noite? – ela deu uma volta me mostrando a roupa, as alças finas caiam em varias outras alças que ficavam soltas na parte de trás do vestido até a sua cintura, o cabelo dela não estava tão liso como de costume, eu gostei.
- Você está linda! – eu disse olhando ainda boba para ela.
- Pessoa de péssimo gosto você – ela deu risada.
- Claro! Eu e o resto do hotel. – então ela deu uma olhada e viu a reação das pessoas, ela deu uma pequena corada.
- Você está chamando atenção, posso ver alguns homens quando lambendo a cadeira que você estava. – Ela disse apontando com a cabeça para o lugar que eu estava antes, não olhei para trás.
- Melhor irmos jantar. – eu disse dando meu braço para que ela se apoiasse, com um sorriso ela fez, e assim fomos para o carro.
O porteiro a levou para o lado do passageiro com o guarda-chuva, ela agradeceu e entrou.
- Com fome? – perguntei
- Um pouco
- Não é longe de onde estamos, logo estaremos lá. – em dez minutos chegamos, o maitre me reconheceu e nos recepcionou.
- Ludmilla! – Acenei uma vez com a cabeça e um sorriso, eu não era freqüentadora assídua, mas eles me conheciam por eu ser uma empresaria conhecida, geralmente eles sabem quem é quem nesses lugars.
Um garçom nos levou até a mesa que ficava perto da janela.
Brunna viu o menu e soube o que pedir de entrada, salada verde com coquilles, e de prato principal magret de cannard a Provence – gostei da escolha.
- O mesmo para mim.
- Traga a carta de vinhos, por favor – eu pedi ao garçom.
- Essa parece ser uma noite mais a sua cara – o garçom trouxe a carta de vinhos, não demorei a escolher.
-Pode trazer Folgone Rosso – O garçom pegou a carta de vinhos – Sim senhorita – e saiu nos deixando a sós.
-Minha cara? Eu estou acostumada com jantares assim, mas não diria que é mais a minha cara, eu gosto de lugares mais caseiros, na verdade te trouxe aqui por ser conveniente para o resto da programação.
Nossa salada chegou, eu estava comendo quando ela me chamou, ela estava com a mão em frente a boca então falou baixo.
-Ludmilla, disfarçadamente veja se tem algo verde no meu dente? – e ela tirou a mão da frente, eu quase cuspi o vinho no rosto dela, havia uma folha de rúcula cobrindo quase todos os dentes da frente, então ela começou a rir muito e eu também, após perceber que era uma brincadeira, comecei a rir mais ainda, algumas pessoas se viraram para nos olhar, mas mal conseguíamos falar, depois que nos acalmamos e finalizamos nossa salada, o prato principal chegou.
- Você viu seus amigos hoje? – perguntei a ela.
- Sim eu os vi. – ela continuou comendo, ela devia ter visto depois do almoço, como ela me disse que tinha alguns compromissos.
- E vocês se divertiram? – bebi um pouco mais de vinho.
- Claro! Eles são legais! – ela não colaborava mesmo.
- Fizeram alguma coisa de especial hoje? – ela tomou um pouco de vinho também.
- Não, nada demais. – eu sabia que essa conversa não chegaria a lugar algum, achei melhor só terminarmos o jantar.
Olhei para o relógio - Você quer sobremesa?
- Não! – eu pedi a conta, e olhei seriamente para que ela largasse a carteira, ela revirou os olhos.
- Então vamos! – me levantei e fui para o seu lado, assim fomos para fora. A garoa tinha parado, vi que muitas pessoas já estavam entrando no teatro, entramos no carro, ela ficou me olhando, eu sorri sem olhar para ela, dei a volta no quarteirão e entrei no estacionamento do teatro, ela continuou me olhando, me aproximei do porto luvas, e esbarrei na sua perna, senti um arrepio crescente, peguei os ingressos que estavam em um envelope branco e mostrei a ela.
Quando chegamos ao Hall ela viu do que se tratava.
- Nós vamos a ópera! – ela estava sorrindo, olhando o prédio.
- Você gosta de opera?
- Bom eu nunca fui a uma, mas eu amo, e sempre quis ir, eu tenho minhas preferidas, eu as via pela internet.
- Tosca de Giacamo Puccini – ela leu o cartaz – A minha preferida é La Traviata de Verdi! – ela disse.
- Eu também gosto de La Traviata, mas minha preferência é Carmen de Bizet, um dia levo você para ver os dois, certo? – ela fez que sim com a cabeça, mas não a senti muito confiante.
O teatro estava começando a ficar cheio, fomos em direção aos camarotes, passamos pelo bar do teatro onde haviam alguns homens, percebi que eles ficaram olhando para Brunna, tomei sua mão então eles disfarçaram e olharam para outro lado. Ela parecia estar encantada com tudo, achamos nosso camarote, um para nós duas somente, o garçom entrou.
- Algo para beber?
- Champagne.
As luzes começaram a pagar, o garçom encheu nossas taças e deixou a garrafa no balde, saindo e fechando a porta.
A música começou suavemente, eu sabia que agora não teria mais a sua atenção, ela estava vidrada no palco.
As vozes entraram, e eu vi que ela suspirou, eu acho que poderia ficar a noite toda só olhando para suas reações, ela estava tão linda. Antes eu saia com mulheres justamente por sua beleza, mas com a intenção de me divertir e mostrá-las aos outros, nunca senti ciúmes. Eu só tive uma namorada, Isabella, na época da faculdade, um ano de namoro, depois disso eu só tive tempo para a carreira. Pelo que soube Isabella estava casada, mas diferente dela, eu nunca senti ciúmes. Ela achava que todas as garotas da faculdade iriam cair em cima de mim a qualquer momento, é claro que tive oportunidades de trair, porque realmente as garotas se jogavam, mas nunca a trai, geralmente eu estava sempre estudando, quando sobrava um tempo eu ficava com ela, ouvi batidas, vinham do palco, voltei minha atenção a ópera.
Depois de dois atos, fizeram um intervalo.
- Gostando?
- Muito, é exatamente como eu imaginei. Eu preciso ir ao banheiro! – ela disse.
- Tudo bem, eu também vou.
Quando sai vi que ela estava olhando um quadro pendurado no corredor, fui até ela.
- Eu sempre gostei desse quadro. Você aprecia arte também?
- Gosto desde pequena e tenho meus pintores prediletos.
- E quais são?
- Monet, Childe Hassam, Dali, Rembrandt, Botticelli, esses são alguns.
- Bom gosto, nós podemos ir a Oxford um dia desses, para visitar os museus – eu disse – ela abriu um grande sorriso, esse era o tipo de sim que ela me dava que eu mais amava.
- Vamos voltar para os dois últimos atos?
- Vamos! – ela foi a frente, dessa vez me puxando pela mão.
***
Então acabou, todos estávamos aplaudindo, ela olhou pra mim e deu um sorriso que fez minha perna amolecer, eu jamais pensei que eu sentiria esse tipo de sensação. Fomos para fora de mãos dadas.
- O carro está no estacionamento! – eu havia me esquecido.
- É verdade, vá buscar, eu espero aqui! – eu não gostei muito da idéia, mas ela estava com aquela cara, de que preciso sentir isso aqui, o vento a garoa, eu sorri e fui.
O hall estava cheio ainda, e o transito no elevador estava impossível, decidi ir pela escada. Vi que havia uma fila para sair, achei meu carro e encarei a fila.
- O que há de errado com essas pessoas? Qual a dificuldade afinal? – depois de vários minutos, na tal fila eu consegui sair, parei do outro lado da rua, e fui buscar Brunna, vi que ela estava conversando com alguém. Mas de repente eu a vi se afastando do homem e tirando seu braço fora do alcance dele. Era um homem com mais de cinqüenta anos, não chegava a ser gordo, mas fora de forma e com um bigode horrível, ele tentou novamente se aproximar de Brunna, então eu corri.
- Brunna? – eu chamei e passei minha mão em sua cintura, puxando-a para perto do meu corpo – Algo errado?
- Peço desculpas, ela não me disse que tinha... companhia. – torcendo para que Brunna não negasse, eu respondi ao homem.
- Sim, nós somos, faça o favor de se manter longe e mesmo que ela não tivesse uma namorada ou namorado, não é assim que se aborda uma mulher. – Aparentemente o homem ficou constrangido, e eu puxei Brunna para irmos em direção ao carro, agora ela tinha passado a mão na minha cintura, eu podia sentir o calor do seu corpo. Abri a porta para que ela entrasse e dei a volta para entrar também.
- Aquele homem foi rude com você?
- Não, só insistente. – ela disse.
- Brunna, ser insistente quando a mulher visivelmente não quer nada com ele é ser rude.
- Deixa isso para lá, já passou. – e ela ligou o radio, resolvi não forçar.
Eu não queria me despedir ainda, então parei no hotel que eu estava, ela não reclamou, talvez ela também não quisesse se despedir.
- Topa tomar alguma coisa no bar do hotel?
- Claro.
Sentamos próximo ao vitral com flores, Brunna estava ajeitando o vestido na cadeira, e não pude me conter, tirei uma foto dela, não sei se ela percebeu, resolvi não falar nada.
- Já volto. – eu disse.
Fui ao bar pegar as bebidas, o bar não estava muito cheio, talvez pelo horário.
- Aqui. – entreguei a taça para ela, - Você se divertiu hoje? – eu perguntei.
- Muito, de verdade, obrigada.
- Não agradeça, eu fico feliz que você tenha gostado! – assim que as nossas taças esvaziaram o garçom veio e encheu-as novamente.
- Seus namorados costumavam te levar a Ópera? - ela perguntou.
- Não, e na verdade eu só tive uma pessoa que realmente ficou comigo, e era uma garota, uma namorada. Geralmente eu saio com mulheres e dependendo, alguns homens também, os encontros em alguns eventos, mas não mantenho nenhum relacionamento – ela tornou a beber mais um pouco, e continuou olhando para o copo.
- Uma namorada? Seria o seu grande amor?
- Longe disso. – ela desviou o olhar.
- E depois que você sai com elas, digo as pessoas, elas não tentam te encontrar novamente?
- Algumas sim, mas a Patrícia sabe com lidar com elas.
- E você não tem vontade de se encontrar com elas novamente?
- Não, nenhuma delas me fez querer isso, todas eram mulheres muito bonitas, algumas interessantes, outras nem tanto. Os homens, bom, me proporcionaram prazer, e eu imagino que dei o mesmo a eles. – ela virou a taça, e olhou nos meus olhos por alguns segundos, depois fechou os olhos por um momento muito rápido, eu queria saber o que estava se passando na cabeça dela agora.
- Mas nem amizade você mantêm com as mulheres que você dorme?
- Eu não acho necessário, isso só atrapalha as coisas, eu sou muito ocupada, não teria como dar atenção a elas.
- Mas você tem tempo pra mim. – será que ela não via como ela era diferente?
- Você é diferente, e eu não te conheci em um evento e depois formos transar, não é?
- É, não é o nosso caso, mas você teria tempo para elas.
- Não, porque todo o tempo que eu tenho quando não estou na empresa, eu passo com você, então definitivamente eu não teria tempo para nenhuma delas. – o garçom encheu nossas taças novamente.
- Eu não entendo, se você... - Não deixei que ela continuasse.
- Brunna, eu não quero e nunca quis me envolver emocionalmente com nenhuma delas, sim eu poderia, eu teria tempo para isso, para sair, passar as tardes juntas, a noite, o que fosse, e mesmo que não pudesse durante a semana, eu poderia aos finais de semana. Mas eu nunca fiz questão, eu passo meu tempo com você porque eu gosto, porque eu quero. E sinceramente hoje... Eu acho que não conseguiria mais não passar meu tempo com você, as vezes acho que o tempo que passamos juntas ainda é pouco, porque com você eu me divirto, eu aprendo, eu fico bem, me sinto leve, sem pressão nenhuma, não é como com elas, que desde a primeira palavra eu já sei qual será o final da conversa. Seria um simples tchau, depois do sexo em alguma cama de algum hotel por ai, eu pagaria a conta do hotel e o que mais a mulher quisesse e depois iria para o meu hotel, sem me preocupar em pensar na noite que tive. Mas com você eu não sei quais serão as próximas palavras, os próximos assuntos, e muito menos como será o final do nosso dia e eu gosto de chegar no hotel e lembrar do dia que tivemos.
- Você ainda não se cansou de me ver todos os dias?
- Não, e receio que não cansarei. Como eu disse... Você é diferente Brunna. – ela bebeu um pouco e olhou para baixo.
- O que foi? Eu disso algo errado?
- Não, você só não disse nenhuma novidade, desculpe a minha reação – eu não esperava esse tipo de resposta.
- O que não é novidade Brunna? – ela bebeu mais um pouco.
- Todo homem, ou mesmo quando eu era mais nova, os garotos, todos eles sempre disseram isso, "você é diferente".
- Talvez porque você realmente seja. – eu coloquei minha mão sobre a sua, ela tirou.
- Eu sei que eu sou diferente, porque eu nunca aceitei o que a maioria aceita, eu não falo o que a maioria fala, não faço o que a maioria faz. Geralmente eu faço o que a maioria não espera talvez você seja parte dessa maioria, assim como todos que disseram que eu sou diferente – ela brindou.
- Eu não sei se me encaixo nessa maioria que você citou, eu nunca me dou ao luxo de me aproximar de alguém o suficiente.
- Então você deve fazer parte da minoria que nunca me notou, porque estava ocupada demais olhando para o próprio umbigo.
- Provavelmente você está certa.
- Não, não estou, eu fui rude, me desculpe.
- Você não foi rude, não se preocupe.
- Acho melhor eu ir embora. – ela se levantou, mas se sentou de novo.
- Você bebeu demais Brunna.
- Não, acho que eu consigo. – ela levantou de novo, mas ficou alguns segundos parada segurando a mesa, como se estivesse se equilibrando.
- Venha, vamos subir. – ela olhou pra mim com olhos alarmados.
- Eu não acho boa idéia eu subir para o seu quarto, eu acho melhor eu ir para o meu hotel.
- Brunna, você fica deitada até melhorar um pouco, assim que você estiver melhor eu levo você para o seu hotel. – ela me olhou seriamente. – Acredite em mim. – passei minha mão em sua cintura, ela se apoiou no meu ombro com os dois braços. No elevador apertei o numero e ela levantou a cabeça.
- Você não enjoou ainda, mas vai enjoar e você vai querer me mudar, como todas elas! – então ela abaixou sua cabeça novamente.
Abri a porta do quarto e coloquei-a na cama, tirei suas sandálias, ela se ajeitou. Eu sabia qual era a sensação, tudo girando, e só o que a gente quer é fechar os olhos. Eu tirei minha roupa, sabia que ela não acordaria, tomei uma ducha, coloquei minha calça de pijama e fui para o quarto, ela estava na mesma posição, seus cabelos estavam cobrindo seu rosto e ombro e outra parte estava toda espalhada pelo travesseiro. Eu me sentei na poltrona de frente a cama, e fiquei ali olhando-a.
Ela deve ter encontrado só idiotas na sua vida. Como alguém poderia se enjoar dela? Eu não entendia. Eu nunca pedi nada em uma mulher, só que agora olhando para ela e lembrando-me desses últimos dias, ela era tudo que eu poderia querer. Dei-me conta do pensamento que eu estava tendo, eu realmente estava apaixonada por ela, desde o primeiro momento, quando ela já estava fazendo o que era o oposto da maioria, enquanto todos se escondiam da chuva e saiam as pressas da rua, lá estava ela, entregue, sentindo o frio e a chuva. Vai ver eu estava cansada do mesmo, ela era o que me faltava.
Será que as pessoas conseguiam identificar o exato momento em que elas descobriam estar apaixonadas? Eu queria dar o mundo a ela agora, apagar tudo de ruim que fizeram a ela, mesmo que hoje ela fosse grata a essas dores.
Ela se mexeu, seu vestido ficou preso em seu pé, ela tentou puxar mas não conseguiu, então se virou e se encolheu.
Me levantei, peguei um edredom e a cobri, fui até a cozinha e me servi com um pouco de vinho, voltei para a poltrona, e continuei olhando-a.
Mas e se eu enjoasse? Eu nem me conhecia mais, como podia ter certeza de alguma coisa? Há alguns dias atrás eu não teria feito um terço do que fiz com ela em todos esses dias, vir para Miami me deixava em paz e era só isso, agora minha vida estava virando de ponta cabeça.
Poucas coisas agora faziam sentido, mas o pior é que só faziam quando ela estava por perto. Desde o dia da tempestade que nada mais parecia ser o mesmo, incluído a mim mesma desde que me olhei no espelho do banheiro do bar... droga!
Achei melhor eu ir dormir, ela não iria acordar e amanhã eu a levaria para o hotel antes de trabalhar, talvez fosse melhor não vê-la mais, mas só a idéia de não vê-la doeu amargamente.
Eu estava completamente apaixonada e com medo, muito medo. Perdida por não fazer idéia de onde estava me metendo, fui para a cama, apaguei o abajur e fechei os olhos. O cheiro que vinha dela tomou conta de toda a cama. Ela era linda, em todos os sentidos. Eu resolvi arriscar, eu não queria me aproveitar daquele momento dela, não queria me aproveitar de sua bebedeira, mas eu sentia todas as células do meu corpo exigirem que eu encostasse nela. Eu passei meu braço em sua cintura, e a puxei um pouco para perto, automaticamente ela se ajustou a mim. Ouvi um suspiro seu, que me fez suspirar também e assim eu adormeci, provavelmente sorrindo.

In Your Eyes - Brumilla Onde histórias criam vida. Descubra agora