CAPÍTULO 7

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JULIAN CONTEMPLOU os dois dormindo no sofá. Era a primeira vez que ele via Samson, aninhado nos braços de Katrina, em paz desde que chegara ao palácio.
Graças a Deus. Ele não iria aguentar mais o desconforto da criança.
Que péssimo Tessa ter desertado. Ele estava contando com a ajuda dela na viagem para casa.
Esperava que Tessa estivesse melhor pela manhã. Se ele precisava de provas de que não estava preparado para lidar com o sobrinho, as tinha visto naquela noite. Samson não queria de jeito nenhum
ficar perto dele.
Julian queria estrangular Katrina quando ela começou a falar de Donal e Helene com o menino.
Ainda assim, quando foi confrontado por uma pergunta direta de Samson, ele não conseguiu mentir.
Dar esperanças falsas à criança só aumentaria a dor dela. Era melhor estar preparado para o pior e ser surpreendido por um milagre.
Julian olhou para a mulher responsável por parte do sofrimento do sobrinho. O colo dela oferecia um local de descanso confortável, mas Katrina se encontrava esparramada para a direita com a cabeça pendendo em um ângulo que com certeza lhe causaria um torcicolo pela manhã.
Deveria ele se atrever a movê-los? Eles obviamente ficariam mais confortáveis em uma cama. Porém, ao considerar a logística, ele duvidou que conseguisse levá-los para o destino desejado sem acordá-los, o que era de suma importância.
Se ele fosse o cretino frio que todos achavam que era,
simplesmente deixaria a mulher e a criança como estavam. Quando ela sentisse o desconforto, acordaria e o levaria para o berço. Problema
resolvido. Mas Julian não era assim. Com suspiro, ele aproximou-se do sofá. Apoiando-se em um dos cantos,
ele envolveu com os braços a mulher e a criança adormecidas, dando apoio a elas.

– Humm – ela o surpreendeu ao abrir os olhos violeta sonolentos e encará-lo. – Eu vou para a cama –afirmou ela com a voz rouca de sono. Ele esperou. Mas, ao invés de Katrina se afastar, aninhou-se contra o peito dele com um murmúrio de satisfação,
segurando Samson com mais força. – Seu cheiro é gostoso – sussurrou ela.

O dele? Era ela que tinha um perfume de dar água na boca, fazendo-o desejar ter aproveitado melhor o jantar. Talvez assim ele ficasse menos tentado por ela.
Ele fechou os olhos e tentou fingir que estava em casa, na cama. Puxou na mente um problema com o qual estava lidando antes do fatídico avião cair e mudar sua vida. Nenhuma solução funcionou. O aroma sutil de flores de macieira e a sensação suave daquelas curvas femininas despertaram o corpo
dele. Julian ignorou a reação inapropriada.

– Você é tão quente.
Ele balançou a cabeça, um meio sorriso erguendo o canto de sua boca. – Durma – disse ele, passando a mão pelo cabelo sedoso dela.
E, fechando os olhos, ele seguiu o próprio conselho.

DURANTE A madrugada, algo perturbou Katrina. Ela aninhou-se e ronronou baixinho. Fazia muito tempo desde a última vez em que ela acordara nos braços de Rodrigo. Ela sentia muita falta dessa conexão, da sensação dos braços dele ao redor do seu corpo, do calor da presença masculina.

Ela abriu os olhos e viu que o quarto estava na escuridão, exceto pelas brasas que morriam na lareira. Suspirando, ela o abraçou antes de voltar a dormir. Ele tinha um perfume tão bom, o cheiro de um homem. Ela franziu o cenho quando uma
inquietação veio à sua mente semi-inconsciente, mas doía pensar. Ele mexeu-se sob ela, e a inquietação desapareceu. Ela percebeu que foi o movimento dele que a acordou.
Sim. Melhor do que dormir nos braços dele era acordar nos braços dele. Uma dor na cabeça dela veio logo após esse pensamento, mas felizmente não durou muito. Era melhor focar no homem. Sem abrir os olhos, ela inclinou a cabeça e o beijou.
Ele se manteve completamente imóvel, e seu corpo profundamente adormecido ficou tenso.
Geralmente ele continuava a ação que ela começava. Mas não naquela noite.
Provocação. Ela sorriu e, abrindo a boca, tocou os lábios dele com a língua, em busca de algo mais.
Os lábios dele se separaram e ela sentiu o gosto deles. E soube imediatamente que aquele não era Rodrigo.
E enquanto a mente dela lutava para entender por que isso era uma coisa boa, o homem cedeu ao convite dela, mergulhando naquele abraço com uma dança agressiva de línguas.
Não, aquele não era Rodrigo. O calor a inundou e, com um suspiro, ela se rendeu a ele, abraçando-o e mergulhando em uma paixão que nunca havia conhecido. Desejando mais e mais, ela o puxou para
mais perto.
Ele aprofundou o beijo, segurando o cabelo dela com os dedos enquanto seu polegar acariciava
suavemente a têmpora dela.
Katrina mordiscou o lábio inferior dele. Ela queria aquelas mãos dele mais embaixo, traçando suas curvas, dando vida ao fogo entre os dois. Ela pressionou o corpo contra o dele para tentar mostrar o que
queria, mas então um grito soou entre eles.

– Minha nossa. – Em um instante, tudo voltou à mente dela.
A queda do avião.
A criança.
O homem.

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