CAPÍTULO 1

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AVIÃO DE PRÍNCIPE DONAL CAI DURANTE A PIOR TEMPESTADE DO SÉCULO
O mundo reza enquanto a supertempestade Allie descarrega sua fúria, obstruindo as buscas pelo
avião de Donal e Helene Ettenburl, príncipe e princesa de Kardana. O casal real deixara o
principado de Pasadônia em companhia de outros dignitários com destino aos Alpes franceses, para um fim de semana de esqui. Antes de o avião deixar Pasadônia não havia indícios de que as duas frentes frias despejando chuva e neve na maior parte da Europa iriam colidir e se transformar em
uma tempestade de gelo. O número de vítimas fatais chega à centena e continua a crescer, enquanto a falta de energia elétrica já atinge milhares de pessoas. Um sinal de socorro foi enviado do vôo real
no final da manhã de sábado, e desde então, não houve mais contato. As autoridades francesas
estão à postos para darem início às buscas assim que as condições climáticas permitirem. Príncipe
Julian Ettenburl juntou-se aos grupos de busca franceses a caminho de Pasadônia para ficar com seu sobrinho de quase 3 anos, filho do casal real, Samson Alexandrer Ettenburl, que permanecera em Pasadônia. No avião com Donal e Helene Ettenburl estavam...

JULIAN FECHOU a tela do site de notícias com um movimento rápido do polegar e deixou o celular cair dentro do bolso da calça. Ele sabia por que estava em Pasadônia. Sabia que os planos para o resgate
incluíam as melhores equipes de busca não só da França, mas também de Kardana.  Ele fornecera os veículos mais possantes, os equipamentos mais precisos e as pessoas mais bem-treinadas para encontrar
seu irmão e futuro rei de Kardana.
A notícia do acidente quase matou o pai dele, que já estava ruim há um ano, desde que sofrera um derrame leve.
  Julian precisava unir a família e voltar para casa o quanto antes. E isso incluía seu irmão,perdido na encosta de uma montanha. Por enquanto ele se contentava com o jovem sobrinho.

A viagem de trem, o único meio de transporte capaz de percorrer qualquer distância durante uma
tempestade daquelas, fora interminável ,mas lhe dera tempo suficiente para cuidar dos preparativos para as buscas. Embora o príncipe Jean Claude tivesse convidado Julian para esperar a tempestade passar no conforto de seu palácio, Julian preferira começar a viagem de volta. Ele esperava que os
funcionários do berçário já tivesse arrumado Samson para a viagem. Ele chegou ao berçário e foi recebido com cortesia pela matrona, uma mulher agradável e sorridente, cuja figura roliça lhe dava uma aparência serena e maternal.

– Sua Alteza. Posso expressar meu desejo de que seu irmão e todos os passageiros do avião sejam
encontrados sãos e salvos, e logo?

– Obrigado. Posso ver meu sobrinho?

– Claro. Mas o sr. Samson está dormindo – advertiu a matrona.

– Eu odiaria perturbá-lo, pois ele tem
estado muito inquieto com a ausência dos pais. O senhor pode vê-lo, mas eu recomendaria deixá-lo dormir.

– Obrigado, matrona. – Julian inclinou a cabeça em reconhecimentos aos comentários dela.

O sol que se punha inundava a sala imensa através das muitas janelas. Tapetes coloridos cobriam o piso de
mármore dourado, enquanto obras de arte maravilhosas agraciavam as paredes. A mobília branca dava
um tom de limpeza impecável ao berçário. Ele não tinha dúvidas de que Samson recebera o melhor
cuidado ali.

– Eu desejo voltar para Kardana o quanto antes – continuou. – Por favor, apronte as coisas do
príncipe para a viagem. E mande a babá dele falar comigo.

Ele ficou surpreso em não encontrar Tessa,
a babá de Samson, ali por perto.
Ela sempre parecia estar por perto, de olho nele, encorajada por sua cunhada. Tessa era uma grande
amiga de Helene, e sempre pareceu para Julian mais uma companhia do que uma cuidadora de criança.
Ele fazia questão de evitar as duas.
Agora ele torcia pela segurança de Helene.

– É melhor que ele volte para casa – aconselhou à mulher diante dele.

A matrona assentiu.

– É bom ele ficar próximo de pessoas que conheça. Entretanto, ele está muito exausto e
provavelmente vai ficar bem manhoso se você acordá-lo agora. Não quer esperar um pouco? O olhar
dela pulou para algo atrás dele, antes de ela continuar a súplica. – Não gostaria de jantar?

– Infelizmente, não posso me dar ao luxo de perder tempo. Por favor, me leve até meu sobrinho –exigiu ele, negando qualquer pedido de atraso.

– Claro. – Com um suspiro, ela gesticulou para a porta atrás dele, que levava a outro quarto.
Ali as cortinas estavam fechadas e as luzes apagadas. Samson dormia em uma cama baixa em forma
de carro de corrida, em um canto. Outra criança mais velha ocupava uma cama com dossel ali perto.

Quando Julian se aproximou, Samson agitou-se e seu rosto minúsculo retorceu-se, como se o estresse o afetasse mesmo durante o sono.
Tão jovem.
Tão inocente.
Tão importante.
Olhando para o menino, Julian sentiu-se totalmente inadequado para cuidar dele. Pensar que talvez
ele pudesse vir a ser responsável por criá-lo para ser rei o aterrorizou. Ele era um solteiro convicto por
opção. Gostava de sua vida tranquila nos bastidores. Ser ministro do Tesouro lhe caía bem, os números, as estratégias, o silêncio.
Outro motivo para rezar pelo retorno do irmão.

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