CAPÍTULO 31

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AQUELA CONVERSA era uma perda de tempo. Ele não ia ser pressionado por ninguém para se casar.
Caramba, depois do acidente de avião, havia dias em que ele praticamente precisava marcar hora para respirar.
Ele só tinha paz nos esparsos momentos em que estava nos braços dela. Nesses preciosos minutos ele não sentia pressão alguma, nenhum dever, nada de negativo.

Ele não tinha intenção alguma de feri-la. Muito menos de substituí-la.

Ao ver a foto no jornal daquela manhã, ele sabia que a situação ia ser ruim. Sabia que Katrina ia
surtar e que seu pai o desaprovaria. A última coisa que ele poderia prever era a exigência do rei para que ele se casasse e tivesse uma família.
Ele deveria ter uma. O pai dele vinha mostrando medo da própria mortalidade
ultimamente.
Murmurando comentários fatalistas e se retirando de compromissos. A morte de Donal só piorara as coisas.

Julian se recusava a ser a próxima vítima.

- Pois eu prefiro não testar os limites da amizade de Jean Claude. - A agitação trouxe um pouco de cor para as expressões do rei ao duvidar da boa vontade de Jean Claude. Ele parecia mais robusto que nas últimas semanas.

- Se não pretende ter nada sério com a garota, mande-a de volta para casa.

-Não! -Os músculos das costas de Julian se retesaram. Em total revolta, ele informou ao pai:
- Por respeito ao senhor, como meu pai e rei, eu deixei que ditasse muitas coisas em minha vida. Com quem e quando eu me casarei não vão ser mais duas delas.

- Julian, a vida raramente é justa. Sei que há muito peso sobre seus ombros nesse momento, então
não insistirei mais, por hora. - O rei reclinou-se na cadeira, indiferente ao pedido de
liberdade do filho.
- Não tenho dúvidas de que você cumprirá seus deveres para com a Coroa. O povo e a imprensa serão meus arautos até que você o faça.

- Tire essa ideia da cabeça, pai. Sou campeão em ignorar a imprensa. E já que o senhor está bem para discutir esta manhã, pode ficar com a reunião para a reforma na Educação. E por falar em dever, já passou da hora de o senhor me ajudar um pouco por aqui.

Deixando o pai espumando de raiva, Julian deixou o escritório do pai. Ele estava atrasado para o café da manhã com Katrina e Sammy. Ao chegar ao terraço, ele encontrou a mesa vazia. Apenas seu lugar permanecia posto, com exceção do jornal.

Grimes então se aproximou com outro exemplar do jornal em uma bandeja.

- Sinto muito, senhor. A srta. Vicente meio que destruiu a outra edição.

Droga. Ele queria estar com ela quando Katrina visse a foto.

- Ela parecia preocupada? - exigiu saber Julian.

- Sim, ela parecia bem atônita quando foi embora com o sr. Samson, cerca de vinte minutos atrás.

- Obrigado - Julian foi para a porta.

- Meu senhor, o seu café.
Julian não estava com fome, mas descobrira que dias longos exigiam um tanque cheio de
combustível. Ele então deu meia-volta, pegou um croissant, partiu-o ao meio e o recheou com ovos e linguiça. Ao passar por Grimes, ele instruiu:

- Pode tirar a mesa.
A caminho do berçário, ele ligou para Neil.

- Onde está Katrina?

- Na academia.

- Obrigado. - E mudou de direção. Claro que ela estava na academia. Ela malhava todo dia.

- Meu senhor... - Neil chamou Julian antes dele desligar. - ...a segurança a captou na passagem
próxima ao escritório do rei há dez minutos.

A Arte Da Paixão (Arlequin ) Onde histórias criam vida. Descubra agora