CAPÍTULO 2

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- Julian, ami. - Princesa Bernadette, uma loura régia, adentrou o quarto. Ela deslizou pelo salão até
ele e o abraçou com suavidade, beijando o ar sobre as bochechas dele.

- Sinto muito. Diga que você
tem boas notícias sobre Donal e Helene.

- Ele balançou a cabeça, seu olhar recaindo na mulher esguia
com cabelo curto platinado que seguira a princesa. Tessa. Bom.
- Não há nada novo para reportar. O tempo está impedindo uma busca completa. Os Estados Unidos
enviaram um grupo especializado de resgate extremo, mas que está indo bem devagar, e a comunicação
é esparsa.

- Já é alguma coisa. - Ela apertou as mãos dele. - Saiba que estamos rezando pelo retorno seguro deles.

Ele assentiu.

- Acho que você entende que estou ansioso para retornar à França, para supervisionar as operações
de resgate.

- Entendo. - Ela olhou para Samson. - O pobre bebê sabe que algo está errado. Ele tem estado
inquieto, mas ficará feliz em vê-lo. Ele precisa de alguém familiar.

Julian não conseguia se lembrar da última vez que segurara uma criança.

- Obrigado por cuidar de Samson. Foi um alívio saber que durante essas horas ele esteve em boas mãos. Agora, entretanto, precisamos pegar o trem.

Ele apontou com a cabeça para o veículo.
Tessa Com um tremelicar dos pálidos olhos azuis, a babá se aproximou do berço e pegou o infante. Samson acordou, esperneando. O bebê piscou para Tessa, depois olhou para Julian e começou a chorar.

UM GRITO estridente acordou Katrina Vicente. Ela levantou-se da pequena cama, sua mente enevoada voltando-se imediatamente para Sammy. A criança não estava lidando bem com o desaparecimento dos
pais. Ele rejeitava totalmente a babá. A palerma, e Katrina não usava a palavra levianamente, contara ao menino que os pais não iam mais voltar. Claro que ele ficou histérico.
Tessa rapidamente percebera o erro e tentara consertar a situação, dizendo que os pais estavam perdidos e que todos estavam procurando por eles, mas o menino de quase 3 anos não compreendia os nuances da situação. Tudo que ele sabia era que ele queria a mamãe e o papai, e que eles não estavam
lá.
Dali em diante ele não quis mais saber da babá. Era esperto o suficiente para saber que a presença dela significava que sua mãe não havia voltado.

Ao ouvir os gritos, ela correu até o berçário.

- Mon Dieu. - Ela apressou-se em direção ao homem de cabelo negro que ousara acordá-lo. - É
melhor você ter um bom motivo para acordar a criança. Do contrário, sua cabeça estará em jogo. - Ela
lançou um olhar punitivo para a matrona, que se encontrava atrás da grande figura do homem.

- Katina - Sammy virou na direção da voz dela e estendeu os bracinhos.

- Quem é você? - O homem afastou-se, virando-se para tirar a criança do alcance dela, apontando-lhe o nariz autocrático. O timbre firme da voz dele soou mais alto que os novos berros de Sammy, que
se contorcia nervosamente nos braços dele. - Samson, sossegue.

- Eu sou a pessoa que conseguiu colocá-lo para dormir. - Ela dera duro para acalmá-lo.

Em total desespero, ele não conseguia comer ou dormir. O pobre bebê estava totalmente perdido.
Ele se encontrava em meio a um ataque de choro quando Katrina terminara mais cedo seu turno, no dia anterior. Como babá dos filhos do príncipe Jean Claude e da princesa Bernadette, ela pegara muito bem o jeito de aplacar tais cenas. Ela segurou o menino e cantou uma canção de ninar para ele. Ele aprontou o maior berreiro, mas ela o conteve e o ninou mesmo assim. Por fim, ele dormiu, trazendo a
santa paz necessária de volta ao berçário. Desde então ele se apegara a Katrina, e ela aceitou com alegria cuidar dele. Ela conseguira acalmá-lo
um pouco e fazê-lo comer, mas ele ainda não dormia mais do que alguns minutos. Pesadelos,
diagnosticara o dr. Lambert.
E agora aquele homem o acordara de sua primeira noite de sono decente.

Ele está indo para casa - afirmou o homem.

- Dê ele para mim. - Não se intimidando com a pose do homem, ela invadiu o espaço dele para
pegar a criança chorosa, mas logo ela descobriu que não era páreo para a força dele.

- Tudo bem, criança. - Ela fez carinho no cabelo louro do pequeno, para acalmá-lo. - Está tudo bem.
Katrina está aqui.

- Mamãe! - gritou Sammy, ao mesmo tempo em que se jogou para frente e para trás nos braços do estranho.

Pega desprevenida pelo movimento súbito, Katrina foi incapaz de esquivar-se, e a cabeça dele bateu
com força contra a dela. A dor explodiu pela sua têmpora, lançando pontinhos pretos que cresceram até
a escuridão ameaçar tomar conta da sua vista. Ela perdeu o equilíbrio, mas sentiu um braço potente
circundar sua cintura. Lentamente a tontura passou; ela descobriu que Sammy estava em seus braços, e
que ela estava nos braços do homem. Sentiu as pernas fraquejarem, mas sem o medo de cair.
- Katrina!
- Minha nossa.
- Chame um médico.
Sammy segurava-se a ela, sua cabecinha descansando sobre seu peito, o choro mais forte do que
nunca. Desorientada, ela encontrou olhos ricos, cor de âmbar.

- Eu te peguei. - Ela sentiu a respiração quente dele em seu pescoço. Ele a levou até o sofá em que ela estivera dormindo.

- Sente-se. Precisamos verificar sua cabeça.

- Primeiro Sammy - insistiu ela, grata por não precisar estar de pé, mas curiosamente desapontada por perder a segurança daqueles braços.
A batida na cabeça obviamente a deixara desorientada.
O dr. Lambert chegou em minutos. A luz reluzia em sua cabeça, e sobrancelhas brancas grossas
adornavam olhos expressivos. Ele sorriu educadamente e falou em inglês, a língua oficial de Kardana.

- Como vai o nosso homenzinho hoje? Ouvi que ele conseguiu dormir um pouco, antes de te
nocautear. Também vou dar uma olhada em você.

- Eu estou bem, mas Sammy ficou com um galo considerável na parte de trás da cabeça. - Ela lançou um olhar bravo ao príncipe Julian. Ah, sim, ela finalmente reconhecia aquele homem lindo. - Mas, oui,
ele dormiu por algumas horas antes de ser perturbado.

- Bem, vamos ver os danos.
O médico viera checar Sammy todos os dias, e assim nem tentara tirar a criança do colo dela. Ao invés disso, ele falou gentilmente com o menino, dizendo o que estava fazendo e o porquê. Ele sentiu a
cabeça do bebê, examinou dentro dos olhos dele e ouviu o coração. Depois, deu uma olhada em Katrina.

- Você perdeu a consciência? - Ele lançou uma luz no olho esquerdo dela.

- Não. - Katrina manteve a atenção no médico e tentou não olhar para o homem alto e forte, parado
de braços cruzados sobre o peito largo na periferia da visão dela.

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